Exame Logo

Este é um passo essencial para sua jornada de aprendizado

Na corrida para adquirir novas habilidades, é comum esquecer de um elemento crucial para o aprendizado

Estudar: o prazer de aprender faz com que as pessoas mudem de lugar (AntonioGuillem/Thinkstock)
LG

Luísa Granato

Publicado em 26 de abril de 2021 às 13h11.

Eu me lembro de quando os meus filhos aprenderam a andar. Cada um com uma idade diferente, usando uma “técnica” diferente, com um número diferente de tentativas e erros, mas os dois tiveram algo em comum: a reação. Depois de se apoiarem nos móveis algumas vezes para ficarem em pé, depois de cambalearem um pouco até pararem firmes no chão, eles foram lá e deram o primeiro passo. Aí, veio o segundo, o terceiro e, a cada novo passo, a confiança aumentava.

Tanto com o filho mais velho quanto com o mais novo, cumpri com todos os requisitos de “mãe coruja”. Como todos os pais, acompanhei, maravilhada, aquele pequeno passo para a humanidade, mas um salto para um bebê — o inverso do que aconteceu com Neil Armstrong porque o que é pisar na lua quando você tem seu filho, ali, na sua frente desbravando o chão da sua sala? Meu sorriso ia de orelha a orelha, eu vibrava a cada novo passo, chamando o pequeno com as mãos para que ele viesse até mim. Do outro lado, a criança que aprendia a andar também parecia em êxtase com a conquista. E é essa a reação que meus filhos — e, na verdade, todas as crianças — compartilharam: a alegria de ter aprendido algo. Uma alegria que, talvez, você e eu vamos nos esquecendo ao longo da jornada.

Quando mergulhamos no mundo do trabalho, é comum o aprendizado ganhar novos significados. Entramos em uma empresa e precisamos aprender a cultura daquele lugar para nos adaptarmos. Queremos mudar de área de atuação, então buscamos cursos que vão preencher as lacunas de conhecimento para realizar essa transição. Somos promovidos e precisamos adquirir novas competências para estar à altura daquele cargo. Aprender se torna algo prático. Existe uma necessidade e precisamos supri-la. Ponto!

Só que, com isso, vamos nos esquecendo que o aprendizado não deveria ser apenas utilitarista. O diploma não deveria se resumir a um passaporte para o mundo do trabalho, para uma promoção, para um título. Aprender é, antes de tudo, uma fonte de prazer. Ou, pelo menos, deveria ser.

Isso porque, quando o aprendizado se limita a esses fins práticos, não ampliamos o nosso horizonte. Escolhemos cursos, aulas, palestras, livros que apenas vão dar aquilo que nós mesmos julgamos que precisamos. Mas e o resto? Como vamos ampliar o nosso repertório e sermos profissionais de fato inovadores se adquirimos conhecimento apenas por obrigação, nos pautando pelo que os outros fazem e pelo que o mercado diz que precisamos saber? Se nos movemos apenas pela obrigação de preencher um currículo, deixamos de lado aquele sentimento de prazer de explorar o novo, de ser curioso, de se aventurar em coisas que, à primeira vista, podem parecer totalmente inúteis, mas que, na verdade, são fundamentais para a formação de mentes inquietas e complexas.

O prazer de aprender faz com que as pessoas mudem de lugar, assim como uma criança ali, levantando e caindo, até conseguir se equilibrar nos próprios pés e andar. O prazer de aprender nos desloca de uma única realidade para outras possibilidades e isso levanta questionamentos, promove senso crítico e gera empatia.

Aprender porque precisamos adquirir novas competências tem o seu lugar, mas é uma pena quando esse é o único objetivo de se adquirir um conhecimento. Podemos ser melhores como profissionais e como cidadãos quando lembrarmos que a semelhança entre saber e sabor não são só as três primeiras letras. As duas palavras, em algum grau, compartilham seu sentido: "saber" vem do latim "sapere", que significa "ter gosto, ter sabor, ter bom paladar". Não à toa, aprender é tão delicioso!

Quais são as grandes tendências do mercado de trabalho? Invista na sua carreira. Assine a EXAME.

Veja também

Eu me lembro de quando os meus filhos aprenderam a andar. Cada um com uma idade diferente, usando uma “técnica” diferente, com um número diferente de tentativas e erros, mas os dois tiveram algo em comum: a reação. Depois de se apoiarem nos móveis algumas vezes para ficarem em pé, depois de cambalearem um pouco até pararem firmes no chão, eles foram lá e deram o primeiro passo. Aí, veio o segundo, o terceiro e, a cada novo passo, a confiança aumentava.

Tanto com o filho mais velho quanto com o mais novo, cumpri com todos os requisitos de “mãe coruja”. Como todos os pais, acompanhei, maravilhada, aquele pequeno passo para a humanidade, mas um salto para um bebê — o inverso do que aconteceu com Neil Armstrong porque o que é pisar na lua quando você tem seu filho, ali, na sua frente desbravando o chão da sua sala? Meu sorriso ia de orelha a orelha, eu vibrava a cada novo passo, chamando o pequeno com as mãos para que ele viesse até mim. Do outro lado, a criança que aprendia a andar também parecia em êxtase com a conquista. E é essa a reação que meus filhos — e, na verdade, todas as crianças — compartilharam: a alegria de ter aprendido algo. Uma alegria que, talvez, você e eu vamos nos esquecendo ao longo da jornada.

Quando mergulhamos no mundo do trabalho, é comum o aprendizado ganhar novos significados. Entramos em uma empresa e precisamos aprender a cultura daquele lugar para nos adaptarmos. Queremos mudar de área de atuação, então buscamos cursos que vão preencher as lacunas de conhecimento para realizar essa transição. Somos promovidos e precisamos adquirir novas competências para estar à altura daquele cargo. Aprender se torna algo prático. Existe uma necessidade e precisamos supri-la. Ponto!

Só que, com isso, vamos nos esquecendo que o aprendizado não deveria ser apenas utilitarista. O diploma não deveria se resumir a um passaporte para o mundo do trabalho, para uma promoção, para um título. Aprender é, antes de tudo, uma fonte de prazer. Ou, pelo menos, deveria ser.

Isso porque, quando o aprendizado se limita a esses fins práticos, não ampliamos o nosso horizonte. Escolhemos cursos, aulas, palestras, livros que apenas vão dar aquilo que nós mesmos julgamos que precisamos. Mas e o resto? Como vamos ampliar o nosso repertório e sermos profissionais de fato inovadores se adquirimos conhecimento apenas por obrigação, nos pautando pelo que os outros fazem e pelo que o mercado diz que precisamos saber? Se nos movemos apenas pela obrigação de preencher um currículo, deixamos de lado aquele sentimento de prazer de explorar o novo, de ser curioso, de se aventurar em coisas que, à primeira vista, podem parecer totalmente inúteis, mas que, na verdade, são fundamentais para a formação de mentes inquietas e complexas.

O prazer de aprender faz com que as pessoas mudem de lugar, assim como uma criança ali, levantando e caindo, até conseguir se equilibrar nos próprios pés e andar. O prazer de aprender nos desloca de uma única realidade para outras possibilidades e isso levanta questionamentos, promove senso crítico e gera empatia.

Aprender porque precisamos adquirir novas competências tem o seu lugar, mas é uma pena quando esse é o único objetivo de se adquirir um conhecimento. Podemos ser melhores como profissionais e como cidadãos quando lembrarmos que a semelhança entre saber e sabor não são só as três primeiras letras. As duas palavras, em algum grau, compartilham seu sentido: "saber" vem do latim "sapere", que significa "ter gosto, ter sabor, ter bom paladar". Não à toa, aprender é tão delicioso!

Quais são as grandes tendências do mercado de trabalho? Invista na sua carreira. Assine a EXAME.

Acompanhe tudo sobre:Dicas de carreiraEducação

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se