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Copa do Mundo: o que a 'dança do pombo' do Tite ensina sobre liderança?

Para avançar na partida e na relação de confiança, vale até entrar na dança (literalmente) do time

Tite comemora com a seleção após gol de Richarlison no jogo entre Brasil x Coreia (Lucas Figueiredo/CBF Flickr/Divulgação)
Tite comemora com a seleção após gol de Richarlison no jogo entre Brasil x Coreia (Lucas Figueiredo/CBF Flickr/Divulgação)
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Sofia Esteves

Publicado em 9 de dezembro de 2022 às, 11h23.

Esse não era o título que eu ia dar ao artigo. Em tempos de Copa e de partidas emocionantes da seleção brasileira, o verbo que estava na minha cabeça era outro: comemorar.

Uma boa liderança comemora com o seu time. A cada gol, a cada vitória, a cada fase, assistimos aos jogadores, ao técnico e à comissão celebrando unidos. Da mesma forma, acontece — ou deveria acontecer — dentro de uma organização: líderes e equipes comemorando em conjunto.

Porém, o que tenho observado nas transmissões dos jogos é algo maior do que uma comemoração. Mais do que festejar — que, sim, é muito importante —, há uma disposição de se envolver. Uma postura de ir lá, aproximar-se e viver o momento com o grupo.

E o que vimos na última partida do dia 5 de dezembro foi que, mesmo de terno e gravata, sem a amarelinha no peito ou a chuteira no pé, Tite se envolveu com os craques em campo a ponto de entrar na dança (literalmente).

Apesar de alguns comentários críticos sobre o passo, eu quero focar não na repercussão posterior, mas na atitude do técnico ir para o campo, se juntar aos jogadores e se envolver em um “ritual” deles.

Por que isso importa? Porque quando uma liderança é capaz de se envolver genuinamente com o seu time, ela sai de uma posição de superioridade e se coloca ao lado das pessoas. Ela passa a olhar não de cima para baixo, mas para os lados e, portanto, passa a conhecer melhor a realidade daqueles com quem ela trabalha — algo fundamental para avançar em campo.

É uma liderança que orienta, que dá comando e toma decisões — por vezes contestadas e criticadas, faz parte —, mas que também busca escutar e aprender com o outro. É como Tite disse sobre a tão comentada “Dança do Pombo” que fez em campo para comemorar mais um gol: "tentamos nos adaptar às características do grupo e dos atletas, eu me adapto à linguagem deles, que têm uma linguagem de dança, de brincadeira”.

Não significa, claro, que você precisa começar a ensaiar os seus passos em frente ao espelho. Brincadeiras à parte, a reflexão aqui é sobre o quanto nós, como líderes, estamos dispostos a nos envolver mesmo.

Pedimos o comprometimento do time, que cada um dos integrantes vista a camisa e jogue junto, mas “esquecemos” que nós mesmos precisamos fazer isso.

Só a liderança que é próxima, que joga junto (mesmo que não literalmente), consegue avançar. E, veja bem, avançar não significa vencer todas, mas trilhar a jornada na mesma direção, no mesmo ritmo, passando tanto por dificuldades quanto por conquistas, juntos. É um processo de troca que visa o crescimento de todos.

Quando isso acontece, não é o vínculo de poder que une líder e time, mas o de confiança, o do respeito e o da admiração.

Quando um líder se envolve e entra na dança, mesmo que sem muito gingado, o time reconhece o esforço. É como Richarlison comentou na coletiva sobre os passos tímidos de Tite: é a primeira dança que ele faz, aos poucos vai se adaptando. Importante é que ele está com o grupo e todo mundo unido.

Reforço: o que importa é estar com o grupo!