A comunicação na sua empresa é um privilégio de alguns?
Há uma oportunidade de melhoria na comunicação relacionada aos mais jovens e aos que ocupam cargos de média liderança nas empresas brasileiras
Leo Branco
Publicado em 19 de julho de 2021 às 08h00.
WhatsApp, Slack, Teams, Zoom, e-mail, Google Meet, intranet, newsletter, blog corporativo, Discord, Twist.
Eu poderia continuar listando uma série de ferramentas e de formatos possíveis para viabilizar a comunicação interna das empresas hoje em dia — fora as opções "analógicas", como os conhecidos murais —, mas acho que já deu para entender que as opções são muitas.
Ouso dizer que, talvez, tenhamos mais variedades do que nunca para realizar essa importante tarefa de transmitir mensagens e de criar pontes por meio do diálogo.
Dispomos de recursos de texto, de voz e de vídeo. Podemos fazer comunicados "ao vivo" ou assíncronos. Mesmo assim, parece que a comunicação ainda é um dos grandes desafios de uma empresa. Na verdade, não só parece, como é!
Isso porque na edição deste ano da pesquisa Carreira dos Sonhos, do Grupo Cia de Talentos, notamos que existe uma grande oportunidade de melhoria na comunicação, principalmente relacionada aos mais jovens e àqueles que ocupam cargos de média liderança .
Por exemplo, com relação a afirmativa "há uma comunicação aberta e honesta nesta empresa", a concordância foi de 40% dos profissionais novos e 30% entre a média gestão. E na alta liderança? Metade dos entrevistados desse grupo concordaram totalmente com essa afirmação.
Uma distribuição similar foi percebida em outras duas questões: apenas 33% dos jovens e 24% da média gestão concordam que suas ideias são ouvidas e valorizadas na empresa, versus 47% da alta liderança. E diante da afirmativa "posso ser quem sou, expressar minha identidade e opiniões sem receio", a dinâmica se repetiu: 31%, 27% e 45% respectivamente.
Acredito que esses dados são um convite para pararmos um momento e refletirmos sobre como estamos praticando a comunicação nas nossas organizações. Mais do que isso, se sobra quantidade — de formatos, de ferramentas e, inclusive, de conteúdos —, mas falta qualidade.
Em um mundo de excesso de informação — falamos sobre infoxicação, infodemia e fadiga do Zoom em outro artigo — e, por vezes, falta de conhecimento, precisamos entender que nem sempre mais é igual a melhor. Sim, a comunicação precisa se dar de diferentes formas.
Sei que não basta mandar um e-mail e esperar que todas estejam a par de determinada informação , novidade ou mudança. Contudo, será que não estamos errando quando tornamos a comunicação uma linha de montagem?
Pegamos a mesma mensagem e disparamos freneticamente por todos os meios: mensagens nos mil e um grupos da empresa no WhatsApp, recados no canal de comunicação interno da empresa, reforços por e-mail e nas reuniões de equipe e por aí vai.
Às vezes, fica a sensação de que a comunicação é apenas uma “batata-quente” que queremos passar rapidamente para o outro e, ufa, nos livrar disso. Quase como se disséssemos: agora essa informação está com você, lide com ela. Só que nem preciso dizer que não funciona — ou, na verdade, talvez eu precise.
A comunicação não deve ser encarada como uma obrigação corporativa, uma tarefa chata que temos que cumprir. Ela é essencial para uma organização sustentável, na qual as pessoas não só sabem qual é o rumo do negócio, mas a missão, os valores e a cultura.
Elas entendem as decisões — o que não necessariamente significa que concordem e, veja, tudo bem existir algum grau de divergência saudável —, elas conhecem o posicionamento da empresa sobre determinados assuntos, elas sabem o que a companhia e seus líderes esperam delas.
A comunicação coloca todos na mesma página e os une em torno de um objetivo comum. Ou seja, uma comunicação bem-feita beneficia tanto o emissor quanto o receptor.
Por isso, ela requer estratégia, o que, por sua vez, passa por algo que comentei no último artigo: conhecer verdadeiramente os colaboradores.
Saber o como, o quando e onde de uma comunicação é fundamental para que ela seja bem-sucedida. Você substitui o método pasteurizado — e nem sempre eficiente — pelo customizado — com maiores chances de sucesso.
Diante disso, você deve estar pensando que, puxa, tudo isso dá muito trabalho. Além de precisar escutar as pessoas com mais atenção, você precisa analisar qual é a abordagem mais adequada para cada conteúdo!
E, realmente, uma comunicação estratégica é mais demandante, porém, na minha opinião, essa é uma questão de “quando”. Quando você vai investir mais tempo, energia e dedicação para a comunicação? Antes dela ser feita ou depois que estiver rodando à toque de caixa e sem entregar os resultados esperados?
Porque a verdade é que, se queremos prosperar como líderes e como empresa, mais cedo ou mais tarde precisaremos repensar essa questão. O que a pesquisa Carreira dos Sonhos nos mostra é que a alta liderança, sim, está em dia com a comunicação.
Ela acredita que suas ideias são levadas em consideração, sente que pode ser ela mesma, expressa seus pensamentos livremente. Mas isso tudo não pode ser privilégio de alguns: jovens e média gestão precisam ser incluídos na roda.
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WhatsApp, Slack, Teams, Zoom, e-mail, Google Meet, intranet, newsletter, blog corporativo, Discord, Twist.
Eu poderia continuar listando uma série de ferramentas e de formatos possíveis para viabilizar a comunicação interna das empresas hoje em dia — fora as opções "analógicas", como os conhecidos murais —, mas acho que já deu para entender que as opções são muitas.
Ouso dizer que, talvez, tenhamos mais variedades do que nunca para realizar essa importante tarefa de transmitir mensagens e de criar pontes por meio do diálogo.
Dispomos de recursos de texto, de voz e de vídeo. Podemos fazer comunicados "ao vivo" ou assíncronos. Mesmo assim, parece que a comunicação ainda é um dos grandes desafios de uma empresa. Na verdade, não só parece, como é!
Isso porque na edição deste ano da pesquisa Carreira dos Sonhos, do Grupo Cia de Talentos, notamos que existe uma grande oportunidade de melhoria na comunicação, principalmente relacionada aos mais jovens e àqueles que ocupam cargos de média liderança .
Por exemplo, com relação a afirmativa "há uma comunicação aberta e honesta nesta empresa", a concordância foi de 40% dos profissionais novos e 30% entre a média gestão. E na alta liderança? Metade dos entrevistados desse grupo concordaram totalmente com essa afirmação.
Uma distribuição similar foi percebida em outras duas questões: apenas 33% dos jovens e 24% da média gestão concordam que suas ideias são ouvidas e valorizadas na empresa, versus 47% da alta liderança. E diante da afirmativa "posso ser quem sou, expressar minha identidade e opiniões sem receio", a dinâmica se repetiu: 31%, 27% e 45% respectivamente.
Acredito que esses dados são um convite para pararmos um momento e refletirmos sobre como estamos praticando a comunicação nas nossas organizações. Mais do que isso, se sobra quantidade — de formatos, de ferramentas e, inclusive, de conteúdos —, mas falta qualidade.
Em um mundo de excesso de informação — falamos sobre infoxicação, infodemia e fadiga do Zoom em outro artigo — e, por vezes, falta de conhecimento, precisamos entender que nem sempre mais é igual a melhor. Sim, a comunicação precisa se dar de diferentes formas.
Sei que não basta mandar um e-mail e esperar que todas estejam a par de determinada informação , novidade ou mudança. Contudo, será que não estamos errando quando tornamos a comunicação uma linha de montagem?
Pegamos a mesma mensagem e disparamos freneticamente por todos os meios: mensagens nos mil e um grupos da empresa no WhatsApp, recados no canal de comunicação interno da empresa, reforços por e-mail e nas reuniões de equipe e por aí vai.
Às vezes, fica a sensação de que a comunicação é apenas uma “batata-quente” que queremos passar rapidamente para o outro e, ufa, nos livrar disso. Quase como se disséssemos: agora essa informação está com você, lide com ela. Só que nem preciso dizer que não funciona — ou, na verdade, talvez eu precise.
A comunicação não deve ser encarada como uma obrigação corporativa, uma tarefa chata que temos que cumprir. Ela é essencial para uma organização sustentável, na qual as pessoas não só sabem qual é o rumo do negócio, mas a missão, os valores e a cultura.
Elas entendem as decisões — o que não necessariamente significa que concordem e, veja, tudo bem existir algum grau de divergência saudável —, elas conhecem o posicionamento da empresa sobre determinados assuntos, elas sabem o que a companhia e seus líderes esperam delas.
A comunicação coloca todos na mesma página e os une em torno de um objetivo comum. Ou seja, uma comunicação bem-feita beneficia tanto o emissor quanto o receptor.
Por isso, ela requer estratégia, o que, por sua vez, passa por algo que comentei no último artigo: conhecer verdadeiramente os colaboradores.
Saber o como, o quando e onde de uma comunicação é fundamental para que ela seja bem-sucedida. Você substitui o método pasteurizado — e nem sempre eficiente — pelo customizado — com maiores chances de sucesso.
Diante disso, você deve estar pensando que, puxa, tudo isso dá muito trabalho. Além de precisar escutar as pessoas com mais atenção, você precisa analisar qual é a abordagem mais adequada para cada conteúdo!
E, realmente, uma comunicação estratégica é mais demandante, porém, na minha opinião, essa é uma questão de “quando”. Quando você vai investir mais tempo, energia e dedicação para a comunicação? Antes dela ser feita ou depois que estiver rodando à toque de caixa e sem entregar os resultados esperados?
Porque a verdade é que, se queremos prosperar como líderes e como empresa, mais cedo ou mais tarde precisaremos repensar essa questão. O que a pesquisa Carreira dos Sonhos nos mostra é que a alta liderança, sim, está em dia com a comunicação.
Ela acredita que suas ideias são levadas em consideração, sente que pode ser ela mesma, expressa seus pensamentos livremente. Mas isso tudo não pode ser privilégio de alguns: jovens e média gestão precisam ser incluídos na roda.
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