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A palavra do ano oculta na lista da Oxford — ou a importância do engajamento

Sofia Esteves escreve sobre como o processo de escolha da palavra do ano do dicionário Oxford é uma aula sobre liderança e engajamento

Trabalho em equipe: engajamento pode ser contagiante (monkeybusinessimages/Getty Images)
LL

Luciana Lima

Publicado em 16 de fevereiro de 2023 às 15h25.

A essa altura, você já deve saber quais foram as palavras do ano de 2022: “goblin mode” pelo dicionário Oxford, “permacrise” pelo Dicionário Collins, “gaslighting” pelo Merriam-Webster e “homer” pelo Cambridge.

Mas faltou uma que, talvez, poucas pessoas tenham percebido. Uma palavra que não foi exatamente citada, mas estava lá, presente de alguma forma.

Trata-se de “engajamento” — ou “engagement”, já que todas as outras que citei estavam em inglês.

Se você não sabe muito bem do que estou falando, vou dar um breve contexto. É que, anualmente, alguns dicionários do idioma inglês fazem uma análise dos termos e vocábulos que melhor traduzem o espírito da época. No ano passado e no anterior, publiquei artigos comentando os resultados.

Porém, em 2023, o que eu quero fazer é analisar, digamos, o “subtexto”. Uma palavra que, na minha opinião, se destacou no processo de escolha do dicionário Oxford, mas que não apareceu na lista que foi publicada no site.

Se, por um lado, “goblin mode” — no final, explico o que significa isso — foi o termo escolhido para resumir 2022, por outro, essa decisão só aconteceu por conta de outra palavra. Sim, o engajamento.

Palavra do ano do dicionário de Oxford foi escolhida com a ajuda de votação

É que, nesta edição, a palavra do ano deste dicionário não foi definida apenas com base na análise de dados e levando em consideração a opinião de linguistas e outros especialistas.

Pela primeira vez na história do dicionário Oxford, falantes do inglês puderam votar em vocábulos pré-selecionados pela equipe de especialistas.

Ou seja, “goblin mode” não traduz o ano de 2022 só na opinião de uma equipe técnica e de acordo com uma série de cruzamento de dados, é uma palavra que representa o sentimento das pessoas em relação ao ciclo que se foi.

E por “pessoas” eu me refiro a mais de 300.000 respondentes da pesquisa — um número que, segundo Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages, foi muito além do esperado. Nas palavras do próprio executivo:

“Esperávamos que o público gostasse de participar do processo, mas esse nível de engajamento com a campanha nos pegou totalmente de surpresa. O volume de respondentes mostra a importância do nosso vocabulário para entender quem somos e processar o que está acontecendo no mundo ao nosso redor.”

Está aqui, nesta fala, a síntese do que eu acredito que deve direcionar a liderança em 2023. Na verdade, não só este ano, mas em todos os outros.

Liderar, planejar, comunicar e executar sem incluir verdadeiramente as pessoas ao redor, traz uma frieza e um distanciamento para a gestão. Por consequência, impacta (negativamente) o senso de pertencimento e as entregas.

O time aceita a decisão e os direcionamentos porque, afinal, ninguém pediu a sua opinião. Da mesma forma que, quando uma palavra é simplesmente anunciada como “A” palavra do ano, as pessoas podem ou concordar, ou só observar o resultado de longe, sem necessariamente se sentirem representadas por aquilo.

Agora, quando convidamos as pessoas para a roda e pedimos para elas opinarem sobre qual termo traduz melhor seu sentimento em relação ao ano que se foi, o resultado é outro. Temos um engajamento mobilizador!

Um engajamento que é contagiante, que vai mostrando para quem está ao redor que sua opinião, de fato, importa. Essa mensagem se multiplica e, quando menos se espera, todos estão envolvidos ao redor disso.

Por que isso acontece? Pelo mesmo motivo que Grathwohl apontou: porque as pessoas se importam.

As pessoas se importam em como o sentimento delas vai ser traduzido, as pessoas se importam em como a rotina delas será afetada pelas novas metas, as pessoas se importam em como podem se desenvolver e crescer junto com a empresa, as pessoas se importam em como a liderança irá conduzir o novo ciclo.

Diante disso, fica uma pergunta para quem está em uma posição de gestão: e você, se importa em engajar o seu time? Tenho certeza que os talentos estão prontos para participar do processo, o que pode estar faltando, talvez, é o convite.

O que é "Goblin mode", palavra do ano de 2022 escolhida pelo dicionário Oxford?

E, para quem ficou curioso sobre a expressão “goblin mode”, a explicação do dicionário Oxford para essa gíria é: "um tipo de comportamento assumidamente autoindulgente, preguiçoso, desleixado ou ganancioso, geralmente de uma forma que rejeita as normas ou expectativas sociais”. Interessante, mas, para falar a verdade, eu ainda prefiro a palavra oculta que encontrei nas entrelinhas.

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A essa altura, você já deve saber quais foram as palavras do ano de 2022: “goblin mode” pelo dicionário Oxford, “permacrise” pelo Dicionário Collins, “gaslighting” pelo Merriam-Webster e “homer” pelo Cambridge.

Mas faltou uma que, talvez, poucas pessoas tenham percebido. Uma palavra que não foi exatamente citada, mas estava lá, presente de alguma forma.

Trata-se de “engajamento” — ou “engagement”, já que todas as outras que citei estavam em inglês.

Se você não sabe muito bem do que estou falando, vou dar um breve contexto. É que, anualmente, alguns dicionários do idioma inglês fazem uma análise dos termos e vocábulos que melhor traduzem o espírito da época. No ano passado e no anterior, publiquei artigos comentando os resultados.

Porém, em 2023, o que eu quero fazer é analisar, digamos, o “subtexto”. Uma palavra que, na minha opinião, se destacou no processo de escolha do dicionário Oxford, mas que não apareceu na lista que foi publicada no site.

Se, por um lado, “goblin mode” — no final, explico o que significa isso — foi o termo escolhido para resumir 2022, por outro, essa decisão só aconteceu por conta de outra palavra. Sim, o engajamento.

Palavra do ano do dicionário de Oxford foi escolhida com a ajuda de votação

É que, nesta edição, a palavra do ano deste dicionário não foi definida apenas com base na análise de dados e levando em consideração a opinião de linguistas e outros especialistas.

Pela primeira vez na história do dicionário Oxford, falantes do inglês puderam votar em vocábulos pré-selecionados pela equipe de especialistas.

Ou seja, “goblin mode” não traduz o ano de 2022 só na opinião de uma equipe técnica e de acordo com uma série de cruzamento de dados, é uma palavra que representa o sentimento das pessoas em relação ao ciclo que se foi.

E por “pessoas” eu me refiro a mais de 300.000 respondentes da pesquisa — um número que, segundo Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages, foi muito além do esperado. Nas palavras do próprio executivo:

“Esperávamos que o público gostasse de participar do processo, mas esse nível de engajamento com a campanha nos pegou totalmente de surpresa. O volume de respondentes mostra a importância do nosso vocabulário para entender quem somos e processar o que está acontecendo no mundo ao nosso redor.”

Está aqui, nesta fala, a síntese do que eu acredito que deve direcionar a liderança em 2023. Na verdade, não só este ano, mas em todos os outros.

Liderar, planejar, comunicar e executar sem incluir verdadeiramente as pessoas ao redor, traz uma frieza e um distanciamento para a gestão. Por consequência, impacta (negativamente) o senso de pertencimento e as entregas.

O time aceita a decisão e os direcionamentos porque, afinal, ninguém pediu a sua opinião. Da mesma forma que, quando uma palavra é simplesmente anunciada como “A” palavra do ano, as pessoas podem ou concordar, ou só observar o resultado de longe, sem necessariamente se sentirem representadas por aquilo.

Agora, quando convidamos as pessoas para a roda e pedimos para elas opinarem sobre qual termo traduz melhor seu sentimento em relação ao ano que se foi, o resultado é outro. Temos um engajamento mobilizador!

Um engajamento que é contagiante, que vai mostrando para quem está ao redor que sua opinião, de fato, importa. Essa mensagem se multiplica e, quando menos se espera, todos estão envolvidos ao redor disso.

Por que isso acontece? Pelo mesmo motivo que Grathwohl apontou: porque as pessoas se importam.

As pessoas se importam em como o sentimento delas vai ser traduzido, as pessoas se importam em como a rotina delas será afetada pelas novas metas, as pessoas se importam em como podem se desenvolver e crescer junto com a empresa, as pessoas se importam em como a liderança irá conduzir o novo ciclo.

Diante disso, fica uma pergunta para quem está em uma posição de gestão: e você, se importa em engajar o seu time? Tenho certeza que os talentos estão prontos para participar do processo, o que pode estar faltando, talvez, é o convite.

O que é "Goblin mode", palavra do ano de 2022 escolhida pelo dicionário Oxford?

E, para quem ficou curioso sobre a expressão “goblin mode”, a explicação do dicionário Oxford para essa gíria é: "um tipo de comportamento assumidamente autoindulgente, preguiçoso, desleixado ou ganancioso, geralmente de uma forma que rejeita as normas ou expectativas sociais”. Interessante, mas, para falar a verdade, eu ainda prefiro a palavra oculta que encontrei nas entrelinhas.

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