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Cancelei a vida social: “Master of None” volta hoje à Netflix

Quase 2 anos depois da estreia, 2ª temporada de MON, série fundamental sobre os dilemas de quem tem 30 e poucos anos, é finalmente lançada

Série "Master of None", da Netflix (Master of None/Divulgação)
Série "Master of None", da Netflix (Master of None/Divulgação)
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Sobre Filmes e Séries

Publicado em 12 de maio de 2017 às, 06h00.

Última atualização em 12 de maio de 2017 às, 14h27.

Passei anos assistindo séries sobre os dilemas de pessoas com 30 e poucos anos e toda aquela coisa que é lidar com a vida adulta. Ria, chorava, pensava. Mas fato é que não havia me identificado plenamente com nenhuma delas.

Isso nunca foi necessariamente um problema/questão na minha vida até 2015, quando cheguei aos 30 anos e que estreava na Netflix o maravilhoso “Master of None”. “Nossa”, pensei já no primeiro episódio da primeira temporada, "é totalmente isso! ”

Sem saber, era o seriado que esperava. Tudo fez sentido: nenhum antes conversava de verdade comigo, simplesmente porque as questões não eram minhas, eram de outras gerações, outros contextos. Mas esse não. Esse falou olhando para os meus olhos.

“Master of None” foi criado por Aziz Ansari, que fez história como o engraçadíssimo Tom em “Parks and Recreation” (P&R), e Alan Yang, um dos produtores de P&R. Vale dizer: ambos na casa dos 30.

A série trata da vida de Dev Shah (Ansari), ator de Nova York que ganhou relativa fama depois uma propaganda de iogurte, e seus amigos. “Master of None” tem a perspectiva de quem cresceu na década de 90 e fala sobre problemas amorosos, sobre o emprego perfeito, sobre amadurecer, sobre não ter respostas, porém, ter de seguir em frente.

Também lida as questões raciais e culturais que Dev, filho de imigrantes indianos, enfrenta e o faz com delicadeza e bom humor, mas nunca sem ser provocativo. Se na vida profissional ele se depara com a falta de diversidade na sua indústria, na pessoal tenta se conectar com seus pais, embora não se identifique com eles.

A trilha sonora é outro ponto alto. É criativa e diversificada: mistura nomes lendários, como Lou Reed e Johnny Cash, a queridinhos da cena independente de hoje, como Father John Misty. Cada música parece ter sido escolhida a dedo na composição da atmosfera dos episódios*.

E aqui está a playlist com a trilha, no Spotify, pra você ouvir enquanto termina o texto.

Bom, em resumo: a primeira temporada foi um sucesso, com pontuação de 100% no Rotten Tomatoes e 8,2 no Internet Movie Database (IMDb). Ainda levou o Emmy de melhor roteiro para série de comédia. Agora, a segunda temporada chega hoje na Netflix, quase dois anos depois da estreia da série.

A partir desse trecho, o ALERTA DE SPOILERS se faz pertinente.

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Depois de terminar o relacionamento com Rachel no finale da primeira temporada, Dev parte para sua jornada pessoal e decide se mudar para a Itália para estudar culinária.

E é tudo o que eu queria dividir sobre a segunda temporada nesse momento, já que evitei ler a fundo críticas para evitar contaminar a minha opinião para um próximo texto sobre a série.

Sei que a recepção da nova fase tem sido calorosa na crítica gringa. No site Vulture, é classificada ainda melhor que a primeira, enquanto o IndieWire a chamou de “divina”. A partir de hoje, poderemos dar o nosso próprio diagnóstico.

Então, cancele os compromissos para essa noite, prepare um espaguete à carbonara e abra uma garrafa de vinho, é hora de maratona. Ah! Mas não esqueça de deixar o smartphone em mãos para repercutir os episódios nas redes sociais.

https://giphy.com/gifs/master-of-none-VJ8Xdu3jIQLYY

* Quem quiser saber mais sobre o desenvolvimento da trilha, vale muito ler essa entrevista que o Pitchfork fez com Ansari e Zach Cowie, o supervisor musical da série. Nela, eles explicam um pouco o processo de produção e o desafio de combinar as vibes dos sons com o clima que desejavam expressar aos espectadores.