Melhor ganhar experiência ou só experimentar já basta?
Vivemos um tempo de superficialidades. Como aparentemente nada mais é definitivo, surgiu a cultura da obsolescência instantânea de tudo.
sidneioliveirablog
Publicado em 4 de abril de 2017 às 17h20.
Última atualização em 8 de junho de 2017 às 15h39.
Vivemos um tempo de superficialidades. Como aparentemente nada mais é definitivo, surgiu a cultura da obsolescência instantânea de tudo. Esse movimento começou com os equipamentos eletrônicos de uso pessoal, mas rapidamente se ampliou para equipamentos domésticos que, em outras épocas, duravam “a vida toda”. Como aquela geladeira antiga na casa da vovó.
Hoje, parece que as coisas são feitas para “desmanchar” no máximo em 5 anos. Quando isso não acontece, normalmente surge uma versão mais avançada e melhorada, que torna um equipamento seminovo em antigo, mesmo que tenha pouco uso. Dependendo do tipo de equipamento - por exemplo um celular – usá-lo publicamente pode ser até constrangedor.
Claro que há aqueles que têm argumentos que defendem esse processo. Eles gostam de ressaltar que os avanços tecnológicos trazem muitos benefícios para toda sociedade e isso é verdade, contudo não se pode desprezar o fato de que as pessoas estão utilizando esse processo de descarte das coisas, não apenas para equipamentos, mas também para relacionamentos e vivências.
Há hoje, uma busca incrível pelo inédito. Atribui-se um valor desproporcional a tudo que é diferente do estabelecido. É como se o conhecido não tivesse valor e o legado de todo nosso conhecimento precisasse ser esquecido para dar lugar ao novo. Assim, não é difícil observar que as pessoas estão trocando facilmente a construção de experiência - que exige uma repetição sistemática do processo – pela experimentação, onde basta apenas passar pelo processo uma única vez.
É evidente que quando se trata de conhecimento, buscar o novo é uma condição fundamental, afinal, grande parte dos aprendizados que recebemos durante nossa formação básica, perde a capacidade de aplicação prática durante nossa vida, uma vez que será atualizada ou substituída por novos aprendizados. Entretanto, essa condição não se aplica aos conhecimentos tácitos e que somente são alcançados com a vivência contínua. Aquele tipo de vivência que gera um conhecimento singular, pois agrega expectativas, posicionamentos pessoais, propostas e resultados, sejam eles formados por conquistas ou derrotas, acertos ou falhas.
Desprezar esse conhecimento em nome da mera experimentação é assumir uma postura superficial diante do conhecimento, tornando o indivíduo absolutamente frágil e facilmente manipulável. Afinal, essa situação afeta diretamente a capacidade crítica do indivíduo, destruindo a construção da autonomia necessária para o desenvolvimento de novas ideias. Ou seja, caso se perpetue essa realidade, estaremos preparando gerações cada vez mais imaturas e despreparadas para desenvolver inovações disruptivas e absolutamente dependentes de controle feitos por equipamentos ou pessoas manipuladoras.
E você ganha experiência ou só experimenta?
Vivemos um tempo de superficialidades. Como aparentemente nada mais é definitivo, surgiu a cultura da obsolescência instantânea de tudo. Esse movimento começou com os equipamentos eletrônicos de uso pessoal, mas rapidamente se ampliou para equipamentos domésticos que, em outras épocas, duravam “a vida toda”. Como aquela geladeira antiga na casa da vovó.
Hoje, parece que as coisas são feitas para “desmanchar” no máximo em 5 anos. Quando isso não acontece, normalmente surge uma versão mais avançada e melhorada, que torna um equipamento seminovo em antigo, mesmo que tenha pouco uso. Dependendo do tipo de equipamento - por exemplo um celular – usá-lo publicamente pode ser até constrangedor.
Claro que há aqueles que têm argumentos que defendem esse processo. Eles gostam de ressaltar que os avanços tecnológicos trazem muitos benefícios para toda sociedade e isso é verdade, contudo não se pode desprezar o fato de que as pessoas estão utilizando esse processo de descarte das coisas, não apenas para equipamentos, mas também para relacionamentos e vivências.
Há hoje, uma busca incrível pelo inédito. Atribui-se um valor desproporcional a tudo que é diferente do estabelecido. É como se o conhecido não tivesse valor e o legado de todo nosso conhecimento precisasse ser esquecido para dar lugar ao novo. Assim, não é difícil observar que as pessoas estão trocando facilmente a construção de experiência - que exige uma repetição sistemática do processo – pela experimentação, onde basta apenas passar pelo processo uma única vez.
É evidente que quando se trata de conhecimento, buscar o novo é uma condição fundamental, afinal, grande parte dos aprendizados que recebemos durante nossa formação básica, perde a capacidade de aplicação prática durante nossa vida, uma vez que será atualizada ou substituída por novos aprendizados. Entretanto, essa condição não se aplica aos conhecimentos tácitos e que somente são alcançados com a vivência contínua. Aquele tipo de vivência que gera um conhecimento singular, pois agrega expectativas, posicionamentos pessoais, propostas e resultados, sejam eles formados por conquistas ou derrotas, acertos ou falhas.
Desprezar esse conhecimento em nome da mera experimentação é assumir uma postura superficial diante do conhecimento, tornando o indivíduo absolutamente frágil e facilmente manipulável. Afinal, essa situação afeta diretamente a capacidade crítica do indivíduo, destruindo a construção da autonomia necessária para o desenvolvimento de novas ideias. Ou seja, caso se perpetue essa realidade, estaremos preparando gerações cada vez mais imaturas e despreparadas para desenvolver inovações disruptivas e absolutamente dependentes de controle feitos por equipamentos ou pessoas manipuladoras.
E você ganha experiência ou só experimenta?