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Trump tentará usar a Suprema Corte para ficar no poder

Com uma vaga aberta no Judiciário, o presidente republicano usará sua maioria no Senado para uma estratégia evidentemente eleitoral

A morte de Ruth Bader Ginsburg (RBG), juíza da Suprema Corte norte-americana, terá consequências para a posse do próximo presidente do país (Jonathan Ernst/Reuters)
A morte de Ruth Bader Ginsburg (RBG), juíza da Suprema Corte norte-americana, terá consequências para a posse do próximo presidente do país (Jonathan Ernst/Reuters)
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Sérgio Praça

Publicado em 21 de setembro de 2020 às, 18h49.

Última atualização em 21 de setembro de 2020 às, 18h52.

A morte de Ruth Bader Ginsburg (RBG), juíza da Suprema Corte norte-americana, terá consequências para a posse do próximo presidente do país. Donald Trump (Partido Republicano) falou em um comício ontem que “assinará um decreto” para evitar que Joe Biden (Partido Democrata) assuma caso vença a eleição. O tom era de brincadeira, mas nem tanto.

Há fortes sinais de que Trump não respeitará os resultados das urnas caso sua derrota no Colégio Eleitoral seja por uma pequena margem – o que, até agora, é o mais provável. A Suprema Corte poderá ser chamada para decidir o resultado, como aconteceu em 2000 após imensa confusão na Flórida. (O filme “Recount” com Kevin Spacey, é uma excelente fonte.)

Ginsburg deixa um legado – muito bem analisado  por Nathalia Foditsch e Paula Tavares – que não deixa dúvida. Ela seria um voto anti-Trump caso a Suprema Corte fosse chamada a definir o resultado. Provavelmente será substituída antes do dia da eleição, 3 de novembro. É provável que Trump indique a juíza Barbara Lagoa para a Corte, pois ela poderá ajuda-lo a obter votos da comunidade latina na Flórida – estado onde Joe Biden não pontua bem nas pesquisas.

Para que isso aconteça, os senadores terão que aprovar a indicação. Há 53 senadores republicanos e 47 democratas. Em caso de empate, quem decide é o vice-presidente, Mike Pence (Partido Republicano). Caso Trump force a barra na indicação com a anuência dos republicanos, os democratas prometem colocar diversas mudanças institucionais em jogo em 2021, caso mantenham a maioria na Câmara dos Deputados.

Uma eleição que já estava confusa se torna, agora, mais vulnerável a uma decisão ideológica da Suprema Corte.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)