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Tabata: habilidosa ou corporativista?

Aos 25 anos, a deputada do PDT que votou a favor da reforma da Previdência lembra Bill Clinton em seus melhores momentos

TABATA AMARAL: para a deputada, professores são diferentes de faxineiras, pedreiros, economistas, advogados / Luis Macedo/Câmara dos Deputados do Brasil/Wikimedia Commons
TABATA AMARAL: para a deputada, professores são diferentes de faxineiras, pedreiros, economistas, advogados / Luis Macedo/Câmara dos Deputados do Brasil/Wikimedia Commons
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Sérgio Praça

Publicado em 11 de julho de 2019 às, 17h38.

Tabata Amaral (PDT) é única na política brasileira. Aos 25 anos, peitou dois fraquíssimos ministros da Educação (Ricardo Vélez Rodríguez e Abraham Weintraub) em discussões na Câmara dos Deputados. Sua diferença de expertise sobre educação em relação aos ministros é abissal. Ela leva a sério os possíveis efeitos de decisões legislativas. Preocupa-se com as consequências de suas ações na Câmara. Lembra Bill Clinton em seus melhores momentos. Ex-assessor de Clinton e Barack Obama, o economista Larry Summers conta que Clinton presidente lia edições regionais da revista The Economist para ter mais informações sobre, por exemplo, países asiáticos. Discutia detalhes de política econômica com destreza.

É fácil imaginar Tabata Amaral fazendo o mesmo com seus assessores no que se refere às políticas públicas de educação. Esta é sua verdadeira novidade. Mas a deputada demonstrou outra rara habilidade ontem.

Venceu um duelo de esperteza contra Ciro Gomes (PDT). O ex-governador leu errado o clima político. Segundo o Datafolha, mais brasileiros apoiam a reforma previdenciária do que a rejeitam. Tabata se posiciona a favor da reforma desde as eleições. E foi acompanhada por mais sete deputados do PDT em seu voto favorável à reforma construída por Paulo Guedes e Rodrigo Maia. Ciro Gomes e Carlos Lupi, o presidente formal do PDT, terão que engolir a derrota sob pena de perder quase 30% da bancada – 8 dos 27 deputados federais. Não entenderam que o Brasil quer mais Pedro Fernando Nery e menos Eduardo Moreira.

Prova da habilidade de Tabata é a reação a seu voto favorável à reforma. Muito mais elogios, ao menos entre as pessoas com quem eu converso, do que críticas. Mas não podemos esquecer que a deputada defende privilégios para a aposentadoria de professores. Para a deputada, professores são diferentes de faxineiras, pedreiros, economistas, advogados. Merecem se aposentar mais cedo. Mais corporativista do que isso, nem mesmo o Partido Democrático Trabalhista.