Sem Maia como articulador, Previdência subiu no telhado
Esta é a notícia mais importante da política brasileira desta semana, acima da prisão de Michel Temer (MDB) e Moreira Franco (MDB)
Publicado em 22 de março de 2019 às, 15h21.
Última atualização em 22 de março de 2019 às, 16h43.
A notícia mais importante da política brasileira desta semana não é a prisão de Michel Temer (MDB) e Moreira Franco (MDB), líderes inequívocos de esquemas de corrupção nos últimos trinta anos. É a recusa de Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados, de continuar sendo o articulador isolado da Reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Seu colega de partido, Onyx Lorenzoni, não tem sido suficientemente respeitado para isso pelos deputados federais, apesar de ser chefe da Casa Civil.
Maia tem toda razão em desistir. Conforme notou o cientista político Manoel Galdino em seu perfil no twitter, Bolsonaro estava pegando carona no esforço (desgastante) do presidente da Câmara. Assim, conseguia fazer avançar a negociação da Reforma da Previdência ao mesmo tempo em que mantinha o ingênuo discurso de cruzadista contra a “velha política” corrupta.
Provavelmente por conta de sua repentina diminuição de popularidade, Bolsonaro resolveu apostar no confronto com políticos para se travestir de bom moço contra corruptos – que, no entanto, têm a prerrogativa exclusiva de votar o novo sistema de previdência. Por natureza, não é algo fácil de ser aprovado em tempos normais. Sem bons articuladores políticos no Executivo, as chances diminuem. Com Rodrigo Maia fora do jogo, a Reforma da Previdência sobe no telhado. Resta saber por quanto tempo ela senta nas telhas antes de se suicidar.