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Janot merece juízes, não balas

Procuradores do Ministério Público foram chefiados por um quase-homicida que odeia sistemas políticos

RODRIGO JANOT: o ex-procurador afirmou que planejou matar um ministro do STF / / Reuters (Ueslei Marcelino/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 18h46.

Última atualização em 27 de setembro de 2019 às 19h43.

Não vejo a hora de ler o livro de Rodrigo Janot , ex-procurador geral da República, que está sendo impresso enquanto escrevo este texto. Com a colaboração dos jornalistas Guilherme Evelin e Jailton de Carvalho, “Nada menos que tudo: Bastidores da operação que colocou o sistema político em xeque” (Editora Planeta) promete ser leitura bem mais interessante do que o titulo que Deltan Dallagnol lançou em 2017, “A luta contra a corrupção: A Lava Jato e o futuro de um país marcado pela impunidade” (Ed. Primeira Pessoa). Dallagnol foi messiânico e um reformista ingênuo. Seu pendor pela ilegalidade ainda não era conhecido. Janot já disse, a “O Estado de S. Paulo”, que chegou perto de assassinar Gilmar Mendes dentro do STF.

O motivo? Mendes colocou em suspeita a atividade jurídica da filha do procurador. Janot nunca deve ter jogado bola na rua. Zinedine Zidane perdeu uma Copa do Mundo porque o zagueiro Materazzi insultou sua irmã. Calma, Janot. Ele se complicou ainda mais, em nova entrevista, afirmando que Michel Temer (MDB) e Aécio Neves (PSDB) lhe pediram leniência em investigações. Janot ignorou, mas não contou a ninguém. Preferiu deixar para o livro. Cometeu, assim, o crime de prevaricação. É dever do agente público informar se um crime – como o de Aécio e Temer – é cometido. Responderá à Justiça.

Dallagnol e Janot têm em comum o profundo desprezo por instituições políticas. Enxergaram-nas corroídas por partidos políticos corruptos e juízes suspeitos – fora o amigo Luís Roberto Barroso, que compartilha o reformismo desastrado do procurador zapeiro. Se os outros não seguem as regras, por que os membros do Ministério Público não podem burlá-las? Enquanto Janot confessava o ímpeto assassino, o Intercept revelou que Dallagnol trouxe, da Suíça, provas que deveriam ter sido intermediadas pelo Ministério da Justiça com as autoridades daquele país.

Assim como muitos dos homens que mandaram prender (vários deles, é claro, com provas ilegais), Janot e Dallagnol não têm vergonha de se colocar acima de instituições. Que paguem por isso – na Justiça, não na bala.

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O motivo? Mendes colocou em suspeita a atividade jurídica da filha do procurador. Janot nunca deve ter jogado bola na rua. Zinedine Zidane perdeu uma Copa do Mundo porque o zagueiro Materazzi insultou sua irmã. Calma, Janot. Ele se complicou ainda mais, em nova entrevista, afirmando que Michel Temer (MDB) e Aécio Neves (PSDB) lhe pediram leniência em investigações. Janot ignorou, mas não contou a ninguém. Preferiu deixar para o livro. Cometeu, assim, o crime de prevaricação. É dever do agente público informar se um crime – como o de Aécio e Temer – é cometido. Responderá à Justiça.

Dallagnol e Janot têm em comum o profundo desprezo por instituições políticas. Enxergaram-nas corroídas por partidos políticos corruptos e juízes suspeitos – fora o amigo Luís Roberto Barroso, que compartilha o reformismo desastrado do procurador zapeiro. Se os outros não seguem as regras, por que os membros do Ministério Público não podem burlá-las? Enquanto Janot confessava o ímpeto assassino, o Intercept revelou que Dallagnol trouxe, da Suíça, provas que deveriam ter sido intermediadas pelo Ministério da Justiça com as autoridades daquele país.

Assim como muitos dos homens que mandaram prender (vários deles, é claro, com provas ilegais), Janot e Dallagnol não têm vergonha de se colocar acima de instituições. Que paguem por isso – na Justiça, não na bala.

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