Resumo da campanha: ninguém tem estrutura e voto
Estudos mostram que estrutura partidária faz diferença significativa para o desempenho eleitoral de seus candidatos nacionais
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2018 às 16h38.
Última atualização em 23 de julho de 2018 às 17h20.
Mesmo antes de todas as convenções partidárias se realizarem, o desenho das candidaturas presidenciais começa a ficar mais claro. Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL) ainda não conseguiram candidato a vice-presidente, mas foram confirmados como representantes de seus partidos na disputa. Geraldo Alckmin (PSDB), mais habilidoso, angariou o apoio de PTB, PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade. O vice em sua chapa provavelmente será Josué Gomes (PR), filho de José Alencar (PL), companheiro de Lula em 2002. Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) ainda não firmaram acordo com outros partidos e também não indicaram vice. Por enquanto, o PT, com candidato inelegível, não conta para a análise.
O estado atual da campanha mostra dois candidatos com altas intenções de voto – Bolsonaro, com cerca de 20%, e Marina, por volta de 13% – e estrutura partidária mínima. Os dois competidores com alto grau de organização partidária – Meirelles e Alckmin – não passam dos 5%. Isso torna a eleição especialmente difícil de prever. É normal que a essa altura da disputa seja possível cravar quem estará no segundo turno. Em 2018, isso é impossível. Mas algumas pistas podem ser exploradas.
Estudos mostram que estrutura partidária faz diferença significativa para o desempenho eleitoral de seus candidatos nacionais. O primeiro a explorar bem esse assunto foi o cientista político Barry Ames. Ele mostrou que nas eleições de 1989 o apoio de prefeitos foi determinante para explicar a votação nacional dos presidenciáveis. Mesmo que Fernando Collor tenha vencido com um partido praticamente inexistente, o PRN, a relação entre controle partidário da prefeitura e apoio ao candidato a presidente foi comprovada.
É importante lembrar, também, que em 1989 as organizações partidárias eram incipientes se comparadas aos dias atuais. (O texto “The Reverse Coattails Effect: Local Party Organization in the 1989 Brazilian Presidential Election” foi publicado pela American Political Science Review em 1994.) Mais recentemente, no artigo “Why Party Organization Still Matters: The Workers’ Party in Northeastern Brazil”, publicado na Latin American Politics and Society em 2014, Brandon Van Dyck mostra que o PT se firmou no Nordeste não apenas por conta do Bolsa Família, mas também porque, em certas regiões, estabeleceu-se como organização perene. O boost eleitoral para candidatos do PT às prefeituras em que o partido estava bem organizado foi cerca de 4% nos anos 2000.
Marina e Bolsonaro podem adicionar essa falta de estrutura organizacional ao rol de suas preocupações. Ambos terão, juntos, menos de vinte segundos no horário eleitoral. Resta que torçam para um incrível efeito das redes sociais e derrapadas alheias.
Mesmo antes de todas as convenções partidárias se realizarem, o desenho das candidaturas presidenciais começa a ficar mais claro. Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL) ainda não conseguiram candidato a vice-presidente, mas foram confirmados como representantes de seus partidos na disputa. Geraldo Alckmin (PSDB), mais habilidoso, angariou o apoio de PTB, PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade. O vice em sua chapa provavelmente será Josué Gomes (PR), filho de José Alencar (PL), companheiro de Lula em 2002. Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) ainda não firmaram acordo com outros partidos e também não indicaram vice. Por enquanto, o PT, com candidato inelegível, não conta para a análise.
O estado atual da campanha mostra dois candidatos com altas intenções de voto – Bolsonaro, com cerca de 20%, e Marina, por volta de 13% – e estrutura partidária mínima. Os dois competidores com alto grau de organização partidária – Meirelles e Alckmin – não passam dos 5%. Isso torna a eleição especialmente difícil de prever. É normal que a essa altura da disputa seja possível cravar quem estará no segundo turno. Em 2018, isso é impossível. Mas algumas pistas podem ser exploradas.
Estudos mostram que estrutura partidária faz diferença significativa para o desempenho eleitoral de seus candidatos nacionais. O primeiro a explorar bem esse assunto foi o cientista político Barry Ames. Ele mostrou que nas eleições de 1989 o apoio de prefeitos foi determinante para explicar a votação nacional dos presidenciáveis. Mesmo que Fernando Collor tenha vencido com um partido praticamente inexistente, o PRN, a relação entre controle partidário da prefeitura e apoio ao candidato a presidente foi comprovada.
É importante lembrar, também, que em 1989 as organizações partidárias eram incipientes se comparadas aos dias atuais. (O texto “The Reverse Coattails Effect: Local Party Organization in the 1989 Brazilian Presidential Election” foi publicado pela American Political Science Review em 1994.) Mais recentemente, no artigo “Why Party Organization Still Matters: The Workers’ Party in Northeastern Brazil”, publicado na Latin American Politics and Society em 2014, Brandon Van Dyck mostra que o PT se firmou no Nordeste não apenas por conta do Bolsa Família, mas também porque, em certas regiões, estabeleceu-se como organização perene. O boost eleitoral para candidatos do PT às prefeituras em que o partido estava bem organizado foi cerca de 4% nos anos 2000.
Marina e Bolsonaro podem adicionar essa falta de estrutura organizacional ao rol de suas preocupações. Ambos terão, juntos, menos de vinte segundos no horário eleitoral. Resta que torçam para um incrível efeito das redes sociais e derrapadas alheias.