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Quem será o político mais importante de 2021?

A honra será de Arthur Lira (PP) ou Baleia Rossi (MDB) – que ainda não apresentam as qualidades de Rodrigo Maia (DEM)

Jair Bolsonaro: o presidente deve ser coadjuvante em 2021 (Evaristo Sá/AFP)
Jair Bolsonaro: o presidente deve ser coadjuvante em 2021 (Evaristo Sá/AFP)
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Sérgio Praça

Publicado em 31 de dezembro de 2020 às, 18h10.

Última atualização em 31 de dezembro de 2020 às, 18h12.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será coadjuvante em 2021. Por força de ofício, jornalistas publicam tudo que presidentes dizem. E Bolsonaro costuma falar bastante. Mas faz pouco – para o bem e para o mal. Sua inação tem consequências tenebrosas. Poderia, por incrível que pareça, ser pior. 2020 foi um ano de perda de poder e relevância para nosso presidente.

Em 2021, o protagonismo será de Baleia Rossi (MDB) ou Arthur Lira (PP), candidatos à presidência da Câmara dos Deputados. Desde o fim de Eduardo Cunha (MDB), em 2016, ocupou esse papel com destreza. Brigou na medida certa com o mais confuso governo desde o de Jânio Quadros em 1961. Levou adiante a Reforma Tributária o máximo que pôde. Sem ceder à minúscula (em tamanho e ideias) oposição, Maia apropriou-se com habilidade de assuntos que, em um mundo normal, estariam na alçada de Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT), como a pressa pelo auxílio emergencial e a volta da renda básica na pauta brasileira. O governo Bolsonaro não tem razão em se queixar da falta de cooperação de Maia em seu longo mandato.

Tanto Rossi quanto Lira estão longe de apresentar as principais qualidades de Maia. A selfie do deputado do PP com Bolsonaro garante apoio dos parlamentares mais conservadores e, também, de alguns que desejam proximidade com ministérios para obterem cargos e liberação de verbas. Neste governo, no entanto, esse último ponto é incerto mesmo se Lira comandar a Câmara dos Deputados.

A desvantagem de seu oponente é que ele está sendo forçado a fazer acordos que não conseguirá cumprir caso eleito. Rossi dialoga com a oposição “programática” – cujo principal expoente é Tabata Amaral (PDT) – e a oposição “destrutiva” que deseja o impeachment de Bolsonaro acima de tudo. Não discuto se há motivos para isso ou não – acho que há vários. Mas quanto mais as eleições de 2022 se aproximam, menor é a chance de impeachment. Rossi talvez não seja eleito caso não faça promessas pouco críveis. Depois será cobrado e perderá relevância.

De qualquer maneira, o próximo presidente da Câmara dos Deputados será o político mais importante de 2021. Será cedo para levar 2022 a sério e tarde demais para Bolsonaro comandar o país.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)