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Os limites da família Bolsonaro

Pai e filhos não nomeiam o diretor da Polícia Federal nem intervêm na revista difamatória

EDUARDO BOLSONARO: o deputado cogitou processar os jornalistas que fizeram reportagem sobre sua mulher / Fabio Rodrigues Pozzebom | Agência Brasil
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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 18h45.

Última atualização em 24 de setembro de 2019 às 18h10.

Desde a revelação de que Fabrício Queiroz, assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, organizava contratações ilícitas em seu gabinete, sabemos que o modo bolsonarista de fazer política aceita corrupção – mas não a odebrechtiana. A ambição do presidente e seus três filhos políticos é menor.

Quem pensa o contrário trata os quatro bolsonaros como democratas de ocasião, que só estavam esperando amealhar mais poder para expressas suas reais preferências pelo autoritarismo. Dois acontecimentos recentes derrubam um Papai Noel nessa lareira.

Primeiro foi anunciado que Maurício Valeixo, diretor-geral da Polícia Federal, continuará no cargo a pedido de Sergio Moro, ministro da Justiça. O senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo preferiam Anderson Fortes, atual Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Assim a Polícia Federal seria dirigida por um outsider com ligações familiares.

Um projeto autoritário se beneficiaria desse tipo de nomeação. A família Bolsonaro garantiria acesso a informações exclusivas sobre investigações. E se há algum ministro fraco o suficiente para engolir o sapo de não indicar seu preferido para a direção da organização, este é Sergio Moro – que só pensa em 2022 e sabe que fora do governo será esquecido pelos cidadãos. Mesmo assim, ao menos por enquanto, a vontade do ministro prevaleceu sobre a da família.

E ainda houve o caso da lamentável reportagem de Joao Paulo Saconi, na revista Época, sobre o trabalho de Heloísa Bolsonaro como coach pela internet. Quem é Heloísa? Outra filha na política? Uma assessora? Não. É apenas esposa de Eduardo Bolsonaro. Sua vida profissional não é de interesse público. Não importa o que ela pensa sobre direitos humanos, a possível nomeação de seu marido para a embaixada em Washington etc.

Saconi e seus chefes saíram da revista após perceberem que as Organizações Globo não concordaram com esse jornalismo que ironiza, julga e zomba de quem não tem cargo público. Em uma democracia com tons autoritários, a resposta do governo seria intervir diretamente na revista. Ocorreu o contrário: Eduardo só cogitou processar os jornalistas.

É pouco para uma família comandada por um presidente que costuma ser comparado aos mais autoritários do mundo.

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Desde a revelação de que Fabrício Queiroz, assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, organizava contratações ilícitas em seu gabinete, sabemos que o modo bolsonarista de fazer política aceita corrupção – mas não a odebrechtiana. A ambição do presidente e seus três filhos políticos é menor.

Quem pensa o contrário trata os quatro bolsonaros como democratas de ocasião, que só estavam esperando amealhar mais poder para expressas suas reais preferências pelo autoritarismo. Dois acontecimentos recentes derrubam um Papai Noel nessa lareira.

Primeiro foi anunciado que Maurício Valeixo, diretor-geral da Polícia Federal, continuará no cargo a pedido de Sergio Moro, ministro da Justiça. O senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo preferiam Anderson Fortes, atual Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Assim a Polícia Federal seria dirigida por um outsider com ligações familiares.

Um projeto autoritário se beneficiaria desse tipo de nomeação. A família Bolsonaro garantiria acesso a informações exclusivas sobre investigações. E se há algum ministro fraco o suficiente para engolir o sapo de não indicar seu preferido para a direção da organização, este é Sergio Moro – que só pensa em 2022 e sabe que fora do governo será esquecido pelos cidadãos. Mesmo assim, ao menos por enquanto, a vontade do ministro prevaleceu sobre a da família.

E ainda houve o caso da lamentável reportagem de Joao Paulo Saconi, na revista Época, sobre o trabalho de Heloísa Bolsonaro como coach pela internet. Quem é Heloísa? Outra filha na política? Uma assessora? Não. É apenas esposa de Eduardo Bolsonaro. Sua vida profissional não é de interesse público. Não importa o que ela pensa sobre direitos humanos, a possível nomeação de seu marido para a embaixada em Washington etc.

Saconi e seus chefes saíram da revista após perceberem que as Organizações Globo não concordaram com esse jornalismo que ironiza, julga e zomba de quem não tem cargo público. Em uma democracia com tons autoritários, a resposta do governo seria intervir diretamente na revista. Ocorreu o contrário: Eduardo só cogitou processar os jornalistas.

É pouco para uma família comandada por um presidente que costuma ser comparado aos mais autoritários do mundo.

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