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O verniz de honestidade de Witzel é só verniz?

Eduardo Paes continua em desvantagem, mas diminuiu a diferença. Segundo a mais recente pesquisa do Ibope, Witzel teria 56% dos votos válidos contra 44%

WITZEL EM CAMPANHA: candidato quer acabar com a Secretaria de Segurança / Reprodução/ Facebook
DR

Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 11h54.

“Senhores coronéis, comandantes e diretores da briosa Polícia Militar. Aqui é o Wilson Witzel, governador número 20. Um dos meus primeiros atos será a extinção da Secretaria de Segurança Pública para evitar a interferência política nos nossos órgãos de policiamento investigativo e ostensivo. Conto com os senhores para esta missão. Força e honra.”

São essas as palavras do candidato do PSC ao governo do Rio de Janeiro em vídeo divulgado há cerca de duas semanas. Recebi no whatsapp, mas não é falso. Sua proposta implicaria dar liberdade para a autogestão da polícia. Não evitaria apenas “interferência política”, mas também o controle civil, no Executivo, sobre os órgãos estatais que têm (ou deveriam ter) o monopólio da violência. Ideia ousada, absurda e que encontra ressonância entre eleitores exaustos com o medo de viver no Rio de Janeiro.

É provável que esse medo, junto com a força da igreja evangélica e o apoio de Flávio Bolsonaro (PSL), tenha impulsionado a candidatura do ex-juiz federal. Witzel foi melhor do que o ex-prefeito da capital, Eduardo Paes (DEM), no primeiro turno. O placar foi 41% contra 19,5%. Paes continua em desvantagem, mas diminuiu a diferença. Segundo a mais recente pesquisa do Ibope, Witzel teria 56% dos votos válidos contra 44%.

Difícil cravar, mas Paes pode estar encostando no ex-juiz por conta de um vídeo que circula há dez dias nas redes sociais. Neste vídeo, Witzel ensina a uma plateia de juízes como combinar uma “engenharia” com o juiz substituto da vara federal para receber um bônus de R$ 4 mil por “acúmulo” de trabalho. A benesse – legal, mas imoral – dependeria da ausência do juiz substituto durante 15 dias por mês. Isso pega muito mal para alguém cujo apelo nas urnas é, em grande parte, o verniz de honestidade.

Eduardo Paes aparece como improvável beneficiário das graves trapalhadas de Witzel. O ex-juiz não tem o carisma que sobra em Paes, imitado à perfeição por Marcelo Adnet – que faz um Witzel aburrido, formal. Mas o ex-prefeito carioca tem que responder pelas ações de seu ex-secretário de Obras, Alexandre Pinto, condenado a 23 anos de prisão por lavagem de dinheiro. Nada indica que Paes soubesse dos atos do subordinado, mas cheira mal. O incumbido do caso é Marcelo Bretas, juiz de direita, fã do candidato do PSC. O círculo se fecha. A três dias do pleito, o resultado está em aberto.

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“Senhores coronéis, comandantes e diretores da briosa Polícia Militar. Aqui é o Wilson Witzel, governador número 20. Um dos meus primeiros atos será a extinção da Secretaria de Segurança Pública para evitar a interferência política nos nossos órgãos de policiamento investigativo e ostensivo. Conto com os senhores para esta missão. Força e honra.”

São essas as palavras do candidato do PSC ao governo do Rio de Janeiro em vídeo divulgado há cerca de duas semanas. Recebi no whatsapp, mas não é falso. Sua proposta implicaria dar liberdade para a autogestão da polícia. Não evitaria apenas “interferência política”, mas também o controle civil, no Executivo, sobre os órgãos estatais que têm (ou deveriam ter) o monopólio da violência. Ideia ousada, absurda e que encontra ressonância entre eleitores exaustos com o medo de viver no Rio de Janeiro.

É provável que esse medo, junto com a força da igreja evangélica e o apoio de Flávio Bolsonaro (PSL), tenha impulsionado a candidatura do ex-juiz federal. Witzel foi melhor do que o ex-prefeito da capital, Eduardo Paes (DEM), no primeiro turno. O placar foi 41% contra 19,5%. Paes continua em desvantagem, mas diminuiu a diferença. Segundo a mais recente pesquisa do Ibope, Witzel teria 56% dos votos válidos contra 44%.

Difícil cravar, mas Paes pode estar encostando no ex-juiz por conta de um vídeo que circula há dez dias nas redes sociais. Neste vídeo, Witzel ensina a uma plateia de juízes como combinar uma “engenharia” com o juiz substituto da vara federal para receber um bônus de R$ 4 mil por “acúmulo” de trabalho. A benesse – legal, mas imoral – dependeria da ausência do juiz substituto durante 15 dias por mês. Isso pega muito mal para alguém cujo apelo nas urnas é, em grande parte, o verniz de honestidade.

Eduardo Paes aparece como improvável beneficiário das graves trapalhadas de Witzel. O ex-juiz não tem o carisma que sobra em Paes, imitado à perfeição por Marcelo Adnet – que faz um Witzel aburrido, formal. Mas o ex-prefeito carioca tem que responder pelas ações de seu ex-secretário de Obras, Alexandre Pinto, condenado a 23 anos de prisão por lavagem de dinheiro. Nada indica que Paes soubesse dos atos do subordinado, mas cheira mal. O incumbido do caso é Marcelo Bretas, juiz de direita, fã do candidato do PSC. O círculo se fecha. A três dias do pleito, o resultado está em aberto.

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