O risco Bernie Sanders
Ainda não está definido, mas o senador socialista tem boas chances de ser o candidato do Partido Democrata contra Donald Trump
Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às, 15h51.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2020 às, 16h16.
Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um autoproclamado socialista tem chances excelentes de ser candidato do Partido Democrata à presidência. É verdade que em 2016 o senador Bernie Sanders já havia enfrentado Hillary Clinton de igual para igual. Mas neste ano Sanders não tem, por enquanto, concorrente à altura. Sua vitória nas primárias de New Hampshire foi por uma pequena margem, mas se junta a um bom segundo lugar em Iowa. Sanders obteve 25,7% dos votos, contra 24,4% e 19,8% dos moderados Pete Buttigieg e Amy Klobuchar.
Sanders afirma que seu socialismo é “democrático”, com o intuito de se diferenciar de ilustres como o norte-coreano Kim Jong-Um e o (comunista) chinês Xi Jinping – para ficar apenas no século XXI. Mas é fácil imaginar Donald Trump (Partido Republicano), que tenta a reeleição, sendo incisivo e irônico com o socialista. Mestre da retórica agressiva, Trump terá facilidade em associar Sanders ao que há de pior na esquerda mundial. Não se pode esperar que os ataques a Trump tenham muito sucesso. O ex-astro de televisão será o décimo-terceiro presidente norte-americano a buscar a reeleição. Dos doze anteriores, nove foram reeleitos. Os três que perderam – Gerald Ford em 1976, Jimmy Carter em 1980 e George Bush (pai) em 1992 – enfrentavam crises econômicas. Por sua vez, Trump navega um ótimo cenário, com o desemprego a menos de 4%.
O principal erro de Bernie Sanders é achar que os eleitores democratas e os swing voters (aqueles que decidem o voto com base no desempenho dos candidatos durante a campanha) querem uma reforma radical no Estado norte-americano. Economistas estimam que as políticas públicas propostas pelo senador democrata custariam U$$ 60 trilhões – sim, trilhões. Sanders evita, é claro, responder se a classe média pagará essa conta.
Não é certeza que Sanders será o candidato dos democratas. O bilionário Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, promete entrar com força na disputa a partir do mês que vem. E seu dinheiro pode mudar o cenário.
(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)