O que aprendemos sobre as eleições de 2022?
Alguns partidos grandes de direita e centro-direita elegeram prefeitos suficientes para garantir bom desempenho nas eleições para deputado federal
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2020 às 09h10.
Uma grande conclusão apareceu nos comentários políticos após domingo passado: Bolsonaro perdeu a eleição municipal. Sim, verdade. Os principais candidatos que apoiou – Marcelo Crivella e Celso Russomanno, ambos do partido Republicanos – fracassaram. Crivella segue ao segundo turno bem atrás de Eduardo Paes (DEM): 70% contra 30%. Outros políticos lembrados pelo presidente em suas redes sociais também não foram bem.
Menos do que um baque, foi uma oportunidade perdida para Bolsonaro. Caso tivesse um partido sólido por trás, o presidente poderia ter dado os primeiros passos para a reeleição. Não deu. Isso está longe de tirá-lo do jogo em 2022. A eleição municipal tem pouco a ver com as eleições presidências.
Mas, conforme argumenta o cientista político Tiago Ventura no artigo “Do mayors matter? Reverse coattails on congressional elections in Brazil”, quanto mais prefeitos um partido elege, maior é sua bancada na Câmara dos Deputados dois anos depois. Isso acontece porque, entre outros motivos, os líderes nacionais e deputados do partido destinam recursos de emendas orçamentárias às prefeituras controladas por correligionários.
Isso vale especialmente para partidos grandes, como PT, PSDB, MDB etc. A chance de um prefeito do MDB (ou de outro partido) receber uma emenda orçamentária individual de um deputado do MDB é 15% maior do que se o partido do parlamentar fosse diferente. (O texto foi publicado há poucos dias pela revista Electoral Studies.)
O recado que fica a partir disso é que partidos como o DEM, MDB, PP e PSD – todos com mais de 500 prefeitos eleitos no domingo – tendem a ter um bom desempenho em 2022. A situação do PT, com 179 prefeitos, é preocupante, mas não mortal.
Desastroso mesmo foi o Partido Novo. Foram 28 candidatos a prefeito. Zero eleitos. A perspectiva de seus 8 deputados federais em 2022 não é auspiciosa.
(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)
Uma grande conclusão apareceu nos comentários políticos após domingo passado: Bolsonaro perdeu a eleição municipal. Sim, verdade. Os principais candidatos que apoiou – Marcelo Crivella e Celso Russomanno, ambos do partido Republicanos – fracassaram. Crivella segue ao segundo turno bem atrás de Eduardo Paes (DEM): 70% contra 30%. Outros políticos lembrados pelo presidente em suas redes sociais também não foram bem.
Menos do que um baque, foi uma oportunidade perdida para Bolsonaro. Caso tivesse um partido sólido por trás, o presidente poderia ter dado os primeiros passos para a reeleição. Não deu. Isso está longe de tirá-lo do jogo em 2022. A eleição municipal tem pouco a ver com as eleições presidências.
Mas, conforme argumenta o cientista político Tiago Ventura no artigo “Do mayors matter? Reverse coattails on congressional elections in Brazil”, quanto mais prefeitos um partido elege, maior é sua bancada na Câmara dos Deputados dois anos depois. Isso acontece porque, entre outros motivos, os líderes nacionais e deputados do partido destinam recursos de emendas orçamentárias às prefeituras controladas por correligionários.
Isso vale especialmente para partidos grandes, como PT, PSDB, MDB etc. A chance de um prefeito do MDB (ou de outro partido) receber uma emenda orçamentária individual de um deputado do MDB é 15% maior do que se o partido do parlamentar fosse diferente. (O texto foi publicado há poucos dias pela revista Electoral Studies.)
O recado que fica a partir disso é que partidos como o DEM, MDB, PP e PSD – todos com mais de 500 prefeitos eleitos no domingo – tendem a ter um bom desempenho em 2022. A situação do PT, com 179 prefeitos, é preocupante, mas não mortal.
Desastroso mesmo foi o Partido Novo. Foram 28 candidatos a prefeito. Zero eleitos. A perspectiva de seus 8 deputados federais em 2022 não é auspiciosa.
(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)