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O PDT perde ao colocar Tabata na “clandestinidade”

Máquinas políticas velhas não atraem bons nomes e sofrerão ainda mais com movimentos flexíveis como o Acredito e MBL

CIRO GOMES: organizações mais jovens e flexíveis são atraentes para quem não precisa de máquina política para se eleger / REUTERS/ Nacho Doce
CIRO GOMES: organizações mais jovens e flexíveis são atraentes para quem não precisa de máquina política para se eleger / REUTERS/ Nacho Doce
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Sérgio Praça

Publicado em 18 de julho de 2019 às, 08h10.

Leio, sem espanto, que o PDT decidiu suspender por dois meses a deputada federal Tabata Amaral e outros sete parlamentares que votaram a favor da Reforma da Previdência. Sofrerão processo interno no partido por desobedecerem a seus líderes formais (Carlos Lupi) e informais (Ciro Gomes). Os dirigentes estão especialmente insatisfeitos com Amaral, pois ela faturou (não no sentido dallagnoliano) em cima da “intransigência” dos velhos trabalhistas. Filmou-se exaltando a própria coerência e vontade de lutar contra a desigualdade no Brasil. O discurso é de esquerda, a formação acadêmica é de direita e a habilidade é de extremo-centro.

A jovem deputada deixou o PDT em uma situação complicada. Tanto Lupi quanto Gomes foram correndo pisar nas cascas de banana. O ex-candidato à presidência manifestou-se decepcionado com a infidelidade de Amaral – justo ele, que já passou por seis partidos políticos em toda a carreira, o mesmo número de Anthony Garotinho (PRP), conforme informou o cientista político Bruno Bolognesi no Twitter.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, foi mais longe. Criticou o Movimento Acredito, que originou a carreira política de Amaral, por ter “financiamento clandestino”, de origem empresarial. Ora, clandestino era o Partido Comunista no regime ditatorial de Getulio Vargas. Mas há uma crítica a ser feita, sim, a movimentos como o Acredito, RenovaBR e o Movimento Brasil Livre. A política eleitoral no Brasil é monopólio dos partidos políticos. Isso não vai mudar. A ação política, no fim das contas, não pode prescindir do envolvimento formal em partidos. Organizações paralelas podem ajudar a enfraquecê-los.

Os próprios partidos têm culpa nisso. O PPS, por exemplo, é presidido por Roberto Freire há mais de duas décadas. Mas pelo menos mudou o nome para “Cidadania”, né? Mudanças bobas, cosméticas, não foram suficientes para conter o ímpeto de jovens como Amaral e Kim Kataguiri (MBL e DEM).

Essa briga está sendo ruim para todos os envolvidos. Os deputados infiéis à orientação partidária ficarão dois meses na geladeira, sem poder exercer atividades parlamentares. Limbo indesejável para quem vive da política. Os dirigentes do PDT estão sendo forçados a reconhecer, publicamente, que organizações mais jovens e flexíveis são atraentes para quem não precisa de máquina política para se eleger. E o recado mais forte dado pelo eleitor brasileiro em 2018 é que cansamos de velhas máquinas.