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O Partido Novo será vacinado?

A única novidade ideológica do Brasil nos últimos anos mostra que o combate à covid-19 será longo mesmo com vacina

É importante definir como uma nova vacina será distribuída (Divulgação/Divulgação)
KS

Karina Souza

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 22h19.

A solução para o coronavirus está mais próxima. É muito provável que em até seis meses alguma vacina eficaz contra a covid-19 estará pronta para distribuição em São Paulo (e, talvez, no resto do Brasil). Quanto mais nos aproximamos desse momento, mais importante é definir como a vacina será distribuída. Por incrível que pareça, o que antes era parte da guerra cultural entre “anti-iluministas” e pessoas com bom senso agora é assunto legislativo, ministerial e partidário.

O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor

Que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seja contra a distribuição da “vacina chinesa” contratada pelo governo paulista não é surpreendente. O melhor cenário para Bolsonaro seria patrocinar, ele próprio, a descoberta da única cura para o coronavirus. Tentou a hidroxicloroquina. No início da semana, anunciou, ao lado do ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), que o vermífugo nitazoxanida é eficaz contra a covid-19. Caso isso seja comprovado, a aposta do bolsonarismo é que ninguém precisará da vacina de João Doria (PSDB).

Paulo Ganime (Novo), líder do Partido Novo na Câmara dos Deputados, é um dos que mais torce pelo sucesso do vermífugo.

Quatro dias atrás, Ganime escreveu em seu perfil no Twitter: “Ao obrigar a população a tomar vacina restringimos sua liberdade de escolha. Assim como no caso das fake news, é muito mais sensato educar a população e mostrar a importância do tema, do que tornar obrigatório. Seremos sempre favoráveis à liberdade!”.

O problema no raciocínio foi apontado por dezenas de pessoas. Qualquer vacina deve ser obrigatória – especialmente as que previnem doenças transmissíveis – porque não somos livres para fazer mal aos colegas de planeta.

Letícia Arsênio, candidata a vereadora pelo Partido Novo, discordou com elegância, no Twitter, do líder Ganime. Ela é Amoedo, ele é Zema. Após escrever a favor da obrigatoriedade da vacina, a candidata passou a ser criticada por gente do quilate de Allan dos Santos, blogueiro bolsonaro-olavista.

Maior elogio não há.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

A solução para o coronavirus está mais próxima. É muito provável que em até seis meses alguma vacina eficaz contra a covid-19 estará pronta para distribuição em São Paulo (e, talvez, no resto do Brasil). Quanto mais nos aproximamos desse momento, mais importante é definir como a vacina será distribuída. Por incrível que pareça, o que antes era parte da guerra cultural entre “anti-iluministas” e pessoas com bom senso agora é assunto legislativo, ministerial e partidário.

O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor

Que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seja contra a distribuição da “vacina chinesa” contratada pelo governo paulista não é surpreendente. O melhor cenário para Bolsonaro seria patrocinar, ele próprio, a descoberta da única cura para o coronavirus. Tentou a hidroxicloroquina. No início da semana, anunciou, ao lado do ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), que o vermífugo nitazoxanida é eficaz contra a covid-19. Caso isso seja comprovado, a aposta do bolsonarismo é que ninguém precisará da vacina de João Doria (PSDB).

Paulo Ganime (Novo), líder do Partido Novo na Câmara dos Deputados, é um dos que mais torce pelo sucesso do vermífugo.

Quatro dias atrás, Ganime escreveu em seu perfil no Twitter: “Ao obrigar a população a tomar vacina restringimos sua liberdade de escolha. Assim como no caso das fake news, é muito mais sensato educar a população e mostrar a importância do tema, do que tornar obrigatório. Seremos sempre favoráveis à liberdade!”.

O problema no raciocínio foi apontado por dezenas de pessoas. Qualquer vacina deve ser obrigatória – especialmente as que previnem doenças transmissíveis – porque não somos livres para fazer mal aos colegas de planeta.

Letícia Arsênio, candidata a vereadora pelo Partido Novo, discordou com elegância, no Twitter, do líder Ganime. Ela é Amoedo, ele é Zema. Após escrever a favor da obrigatoriedade da vacina, a candidata passou a ser criticada por gente do quilate de Allan dos Santos, blogueiro bolsonaro-olavista.

Maior elogio não há.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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