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O fenômeno Guilherme Boulos

Caso vá ao segundo turno contra Bruno Covas, o socialista terá dificuldade para mostrar propostas viáveis

Guilherme Boulos: candidato à prefeitura de São Paulo (PSOL/Divulgação)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 25 de outubro de 2020 às 21h21.

Última atualização em 25 de outubro de 2020 às 21h22.

Percebi como Guilherme Boulos (PSOL) é diferente de outros candidatos à prefeitura de São Paulo em dois momentos. O primeiro foi em uma live com o comediante Fábio Porchat. Estavam conversando de assunto sério quando a esposa de Porchat correu nua por trás da câmera segurando uma toalha. Boulos gargalhou.

O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor

Algumas semanas depois, o candidato filmou parte de sua casa e a rua onde mora, no bairro de Campo Limpo. Populismo barato? Sim. Mas nenhum outro político faria o mesmo sem muito constrangimento.

Na pesquisa Datafolha, Boulos (14%, antes 12%) aproxima-se de Celso Russomanno (Republicanos, 20%, antes 27%) para ir ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB, 23%, antes 21%).

Ainda há chão, mas o socialista irá se beneficiar de dois movimentos.

Russomanno está enroladíssimo com processos e tem a mais alta taxa de rejeição, 38%. (Covas e Boulos são rejeitados por cerca de 25% dos cidadãos.) Além disso, a candidatura de Jilmar Tatto (PT, 4%) vai definhar quando ficar claro que Boulos pode tirar Russomanno do segundo turno. Creio também que alguns eleitores de Márcio França (PSB, 10%) farão o mesmo cálculo.

Em um possível segundo turno contra Covas, Boulos será seu próprio pior inimigo. Cito apenas uma das dezenas de propostas que constam de seu programa de governo apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral. Trata-se de “Utilizar compras públicas como instrumento de fomento [para empreendimentos econômicos solidários]”. O candidato propõe, em outras palavras, estabelecer vantagens – sem, por enquanto, dar detalhes – para quem se encaixa no perfil da “economia solidária”. É possível que isso signifique pagar mais alto por um serviço se ele for provido pelo empreendedor X em vez de Y.

Além disso, Boulos precisará explicar como o programa Renda Solidária será criado e oferecido para um milhão de paulistanos. Veremos se ele sabe se safar – ao menos no discurso – da escassez de recursos que caracteriza a política.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor

Algumas semanas depois, o candidato filmou parte de sua casa e a rua onde mora, no bairro de Campo Limpo. Populismo barato? Sim. Mas nenhum outro político faria o mesmo sem muito constrangimento.

Na pesquisa Datafolha, Boulos (14%, antes 12%) aproxima-se de Celso Russomanno (Republicanos, 20%, antes 27%) para ir ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB, 23%, antes 21%).

Ainda há chão, mas o socialista irá se beneficiar de dois movimentos.

Russomanno está enroladíssimo com processos e tem a mais alta taxa de rejeição, 38%. (Covas e Boulos são rejeitados por cerca de 25% dos cidadãos.) Além disso, a candidatura de Jilmar Tatto (PT, 4%) vai definhar quando ficar claro que Boulos pode tirar Russomanno do segundo turno. Creio também que alguns eleitores de Márcio França (PSB, 10%) farão o mesmo cálculo.

Em um possível segundo turno contra Covas, Boulos será seu próprio pior inimigo. Cito apenas uma das dezenas de propostas que constam de seu programa de governo apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral. Trata-se de “Utilizar compras públicas como instrumento de fomento [para empreendimentos econômicos solidários]”. O candidato propõe, em outras palavras, estabelecer vantagens – sem, por enquanto, dar detalhes – para quem se encaixa no perfil da “economia solidária”. É possível que isso signifique pagar mais alto por um serviço se ele for provido pelo empreendedor X em vez de Y.

Além disso, Boulos precisará explicar como o programa Renda Solidária será criado e oferecido para um milhão de paulistanos. Veremos se ele sabe se safar – ao menos no discurso – da escassez de recursos que caracteriza a política.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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