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Nas entrelinhas de Bebianno, a bagunça do PSL nos estados

O conjunto de áudios mostra que Bebianno teve dificuldade de escolher os presidentes do PSL nos estados porque não sabia “quem é quem”

BEBIANNO E BOLSONARO: Bebianno realmente não precisava ter sido ministro e não tinha o que fazer no Planalto / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 11h14.

Já entrou para o anedotário político o conjunto de áudios de Whatsapp entre Jair Bolsonaro (PSL) e Gustavo Bebianno (PSL), revelados pela revista Veja. É uma bobagem atrás da outra, especialmente vindas do “capitão” Bolsonaro. O bate-boca entre presidente e ex-ministro revela, antes de tudo, o desprestígio de Bebianno. Bolsonaro o desautoriza em quase todas as interações. Bebianno realmente não precisava ter sido ministro e não tinha o que fazer no Planalto. A maneira como o presidente fala com ele mostra que não tinham intimidade nem proximidade alguma.

Mas há algo de ainda mais interessante nos áudios. Muito se fala sobre a fragilidade do PSL como organização partidária, mas será que é pior do que a de outros partidos brasileiros? Difícil (embora não impossível) mostrar isso com dados. O testemunho de Bebianno é fascinante. Ao explicar o que fez em 2018 para financiar campanhas parlamentares, o ex-ministro diz: “A minha tarefa como presidente interino nacional foi cuidar da sua campanha. A prestação de contas que me competia foi aprovada com louvor. (…) Agora, cada Estado fez a sua chapa. Em nenhum partido, capitão, a [Executiva] nacional é responsável pelas chapas estaduais. (…) Quando eu assumi o PSL, houve uma grande dificuldade na escolha dos presidentes de cada Estado, porque nós não sabíamos quem era quem. É… Cada chapa foi montada pela sua [Executiva] estadual. No caso de Pernambuco, pelo [Luciano] Bivar, logicamente. Se o Bivar escolheu candidata laranja, é um problema dele, político. E é um problema legal dela explicar o que ela fez com o dinheiro. Da minha parte, eu só repassei o dinheiro que me foi solicitado por escrito”.

Dois pontos podem ser destacados. O primeiro é que Bebianno parece estar falando a verdade. De fato, em um país tão grande e complexo, é difícil (e indesejável, do ponto de vista organizacional) que o presidente do partido lide com a escolha de candidatos a deputado federal em todos os estados. Faz sentido que a tarefa seja delegada para líderes estaduais.

Mais preocupante é o segundo ponto. Bebianno diz que teve dificuldade de escolher os presidentes do PSL nos estados porque não sabia “quem é quem”. Ou seja: o PSL é liderado, nos estados, por pessoas desconhecidas pelo próprio ex-presidente do partido. E agora elas são poderosas, pois o PSL teve bastante sucesso eleitoral. Em 2020, são esses presidentes estaduais que decidirão o destino do polpudo fundo eleitoral a ser destinado ao partido. Bebianno parece ter se livrado de uma encrenca e tanto.

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Mas há algo de ainda mais interessante nos áudios. Muito se fala sobre a fragilidade do PSL como organização partidária, mas será que é pior do que a de outros partidos brasileiros? Difícil (embora não impossível) mostrar isso com dados. O testemunho de Bebianno é fascinante. Ao explicar o que fez em 2018 para financiar campanhas parlamentares, o ex-ministro diz: “A minha tarefa como presidente interino nacional foi cuidar da sua campanha. A prestação de contas que me competia foi aprovada com louvor. (…) Agora, cada Estado fez a sua chapa. Em nenhum partido, capitão, a [Executiva] nacional é responsável pelas chapas estaduais. (…) Quando eu assumi o PSL, houve uma grande dificuldade na escolha dos presidentes de cada Estado, porque nós não sabíamos quem era quem. É… Cada chapa foi montada pela sua [Executiva] estadual. No caso de Pernambuco, pelo [Luciano] Bivar, logicamente. Se o Bivar escolheu candidata laranja, é um problema dele, político. E é um problema legal dela explicar o que ela fez com o dinheiro. Da minha parte, eu só repassei o dinheiro que me foi solicitado por escrito”.

Dois pontos podem ser destacados. O primeiro é que Bebianno parece estar falando a verdade. De fato, em um país tão grande e complexo, é difícil (e indesejável, do ponto de vista organizacional) que o presidente do partido lide com a escolha de candidatos a deputado federal em todos os estados. Faz sentido que a tarefa seja delegada para líderes estaduais.

Mais preocupante é o segundo ponto. Bebianno diz que teve dificuldade de escolher os presidentes do PSL nos estados porque não sabia “quem é quem”. Ou seja: o PSL é liderado, nos estados, por pessoas desconhecidas pelo próprio ex-presidente do partido. E agora elas são poderosas, pois o PSL teve bastante sucesso eleitoral. Em 2020, são esses presidentes estaduais que decidirão o destino do polpudo fundo eleitoral a ser destinado ao partido. Bebianno parece ter se livrado de uma encrenca e tanto.

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