Lula e Bolsonaro: duas vergonhas internacionais
Negar mudanças climáticas e nomear o filho são atos tão graves quanto usar construtoras corruptas para ter influência mundial
Publicado em 18 de setembro de 2019 às, 14h23.
Última atualização em 18 de setembro de 2019 às, 14h55.
Há algo de infantil nas discussões sobre o “papel do Brasil” no mundo. Nós, brasileiros, não gostamos que desdenhem de nós. Óbvio, não? O derrotista complexo de vira-lata de que Nelson Rodrigues falava deu lugar, nos anos setenta, ao ufanismo das Forças Armadas e, mais recentemente, à suposta liderança mundial de Lula (PT) a partir de 2003.
A domesticação do ex-sindicalista permitiu que fosse aceito – e simultaneamente legitimado – pelo Fórum Econômico Mundial enquanto seus acólitos ainda esperavam que ele se porto alegrasse com o Fórum Social Mundial. Bobos. As mais recentes revelações do Intercept mostram mais um pouco das bases corruptas sobre as quais o projeto internacional petista se assentou.
Em uma proposta de delação apresentada aos procuradores do Ministério Público Federal, o empresário Léo Pinheiro, da Construtora OAS, reclama ter sido “obrigado” por Lula a fazer, na Bolívia, obras que lhe dariam prejuízo. (O ex-deputado corinthiano Andrés Sanchez reclama de ter construído o estádio em Itaquera sob a mesma pressão, mas seu testemunho é menos confiável do que o de Pinheiro.) Podemos inferir que Lula fazia parte de suas relações internacionais à Cerveró – um olho nos Brics, outro no financiamento eleitoral corrupto.
Por motivos diferentes, Lula e Bolsonaro nos trazem vergonha internacional. O terraplanismo e negacionismo climático do ministro Ernesto Araújo é caricato. A provável indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) para chefiar a embaixada brasileira nos Estados Unidos será escandalosa mesmo que o Senado não a confirme.
Ficamos, assim, entre políticos que naturalizam corrupção eleitoral e malucos que explicam o mundo a partir do calor que passam em Roma.