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Lula e Bolsonaro: duas vergonhas internacionais

Negar mudanças climáticas e nomear o filho são atos tão graves quanto usar construtoras corruptas para ter influência mundial

LULA: o derrotista complexo de vira-lata de que Nelson Rodrigues falava deu lugar, nos anos setenta, ao ufanismo das Forças Armadas e, mais recentemente, à suposta liderança mundial de Lula (PT) a partir de 2003  / Antônio Gaudério/Folhapress
LULA: o derrotista complexo de vira-lata de que Nelson Rodrigues falava deu lugar, nos anos setenta, ao ufanismo das Forças Armadas e, mais recentemente, à suposta liderança mundial de Lula (PT) a partir de 2003 / Antônio Gaudério/Folhapress
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Sérgio Praça

Publicado em 18 de setembro de 2019 às, 14h23.

Última atualização em 18 de setembro de 2019 às, 14h55.

Há algo de infantil nas discussões sobre o “papel do Brasil” no mundo. Nós, brasileiros, não gostamos que desdenhem de nós. Óbvio, não? O derrotista complexo de vira-lata de que Nelson Rodrigues falava deu lugar, nos anos setenta, ao ufanismo das Forças Armadas e, mais recentemente, à suposta liderança mundial de Lula (PT) a partir de 2003.

A domesticação do ex-sindicalista permitiu que fosse aceito – e simultaneamente legitimado – pelo Fórum Econômico Mundial enquanto seus acólitos ainda esperavam que ele se porto alegrasse com o Fórum Social Mundial. Bobos. As mais recentes revelações do Intercept mostram mais um pouco das bases corruptas sobre as quais o projeto internacional petista se assentou.

Em uma proposta de delação apresentada aos procuradores do Ministério Público Federal, o empresário Léo Pinheiro, da Construtora OAS, reclama ter sido “obrigado” por Lula a fazer, na Bolívia, obras que lhe dariam prejuízo. (O ex-deputado corinthiano Andrés Sanchez reclama de ter construído o estádio em Itaquera sob a mesma pressão, mas seu testemunho é menos confiável do que o de Pinheiro.) Podemos inferir que Lula fazia parte de suas relações internacionais à Cerveró – um olho nos Brics, outro no financiamento eleitoral corrupto.

Por motivos diferentes, Lula e Bolsonaro nos trazem vergonha internacional. O terraplanismo e negacionismo climático do ministro Ernesto Araújo é caricato. A provável indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) para chefiar a embaixada brasileira nos Estados Unidos será escandalosa mesmo que o Senado não a confirme.

Ficamos, assim, entre políticos que naturalizam corrupção eleitoral e malucos que explicam o mundo a partir do calor que passam em Roma.