Exame Logo

Luciano Huck da Silva

Com esquerda e direita divididas, o apresentador Luciano Huck pode virar presidente em 2022

HUCK NO EXAME FÓRUM: em 2022, haverá espaço para um pós-Lula e pós-Bolsonaro (Germano Lüders/Exame)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2019 às 17h49.

Última atualização em 16 de setembro de 2019 às 13h04.

Luciano Huck é tudo, menos ingênuo. Sua participação no Exame Fórum nesta segunda-feira pode ter marcado o início da campanha presidencial de 2022. O contraste entre o apresentador da Globo e Wilson Witzel (PSL), governador carioca, foi gritante. Witzel propôs, sem brincadeira, a criação de um presídio especial para traficantes. Depois disso, qualquer maluco parece moderado. Huck não é uma coisa nem outra. Pelo discurso de ontem, parece um populista em seu sentido mais positivo.

Huck faz uma boa leitura do cenário político dos próximos anos. Em 2022, haverá espaço para um pós-Lula e pós-Bolsonaro. A esquerda e direita estarão divididas. De um lado, haverá Lula (ou outro petista), Ciro Gomes, Marina Silva e talvez Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão. De outro, talvez Witzel, provavelmente João Doria (PSDB), Bolsonaro (PSL) e, quem sabe, Sergio Moro. Huck parece entender que o antipetismo continuará forte e que as bobagens ditas pelo presidente continuarão a minar sua taxa de aprovação.

A semelhança com Lula, motivo do título deste texto, se dá pelo raciocínio de que “eu vi o Brasil de perto, então posso consertá-lo”. Em suas caravanas logo antes do Plano Real, Lula dizia o mesmo. Não funcionou para o petista.

Diante disso, o que Huck propõe? Segundo a repórter Natália Flach em reportagem para o site de EXAME, ele quer, por exemplo, transformar a Amazônia em um polo de inovação, com um projeto sustentável, uma Amazônia “4.0”. O problema é que os conflitos na região são muito mais materiais, tangíveis, do que qualquer coisa que permita analogia com software. Desse jeito, Huck parece Marina Silva em seus piores momentos.

O apresentador pertence ao movimento Agora, uma iniciativa da sociedade civil que apoia novas práticas políticas. “Dali vai nascer um projeto de país. Existem coisas em que não precisamos reinventar a roda”, disse Huck. Posso elencar vários programas de educação da sociedade civil e de iniciativas do governo no Ceará e no Espírito Santo nessa área. O que precisamos é organizar aquilo que deu certo.”

A melhora da educação no Espírito Santo pode ser creditada ao ex-governador Paulo Hartung, que foi filiado ao PSB e PMDB durante seu mandato. Segundo uma ótima reportagem de Rafael Cariello na revista piauí, parte da melhora nessa política pública se deve a uma esperteza trabalhista. O estado conta com muitos professores temporários, sem vínculo formal. Assim é possível contratar mais a custos menores.

O espírito da fala do apresentador está correto, mas saber dos diabos nos detalhes das políticas públicas vai ajudar, Luciano.

Para assinantes: veja o vídeo com a palestra de Luciano Huck

Veja também

Luciano Huck é tudo, menos ingênuo. Sua participação no Exame Fórum nesta segunda-feira pode ter marcado o início da campanha presidencial de 2022. O contraste entre o apresentador da Globo e Wilson Witzel (PSL), governador carioca, foi gritante. Witzel propôs, sem brincadeira, a criação de um presídio especial para traficantes. Depois disso, qualquer maluco parece moderado. Huck não é uma coisa nem outra. Pelo discurso de ontem, parece um populista em seu sentido mais positivo.

Huck faz uma boa leitura do cenário político dos próximos anos. Em 2022, haverá espaço para um pós-Lula e pós-Bolsonaro. A esquerda e direita estarão divididas. De um lado, haverá Lula (ou outro petista), Ciro Gomes, Marina Silva e talvez Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão. De outro, talvez Witzel, provavelmente João Doria (PSDB), Bolsonaro (PSL) e, quem sabe, Sergio Moro. Huck parece entender que o antipetismo continuará forte e que as bobagens ditas pelo presidente continuarão a minar sua taxa de aprovação.

A semelhança com Lula, motivo do título deste texto, se dá pelo raciocínio de que “eu vi o Brasil de perto, então posso consertá-lo”. Em suas caravanas logo antes do Plano Real, Lula dizia o mesmo. Não funcionou para o petista.

Diante disso, o que Huck propõe? Segundo a repórter Natália Flach em reportagem para o site de EXAME, ele quer, por exemplo, transformar a Amazônia em um polo de inovação, com um projeto sustentável, uma Amazônia “4.0”. O problema é que os conflitos na região são muito mais materiais, tangíveis, do que qualquer coisa que permita analogia com software. Desse jeito, Huck parece Marina Silva em seus piores momentos.

O apresentador pertence ao movimento Agora, uma iniciativa da sociedade civil que apoia novas práticas políticas. “Dali vai nascer um projeto de país. Existem coisas em que não precisamos reinventar a roda”, disse Huck. Posso elencar vários programas de educação da sociedade civil e de iniciativas do governo no Ceará e no Espírito Santo nessa área. O que precisamos é organizar aquilo que deu certo.”

A melhora da educação no Espírito Santo pode ser creditada ao ex-governador Paulo Hartung, que foi filiado ao PSB e PMDB durante seu mandato. Segundo uma ótima reportagem de Rafael Cariello na revista piauí, parte da melhora nessa política pública se deve a uma esperteza trabalhista. O estado conta com muitos professores temporários, sem vínculo formal. Assim é possível contratar mais a custos menores.

O espírito da fala do apresentador está correto, mas saber dos diabos nos detalhes das políticas públicas vai ajudar, Luciano.

Para assinantes: veja o vídeo com a palestra de Luciano Huck

Acompanhe tudo sobre:EXAME FórumLuciano HuckPolítica no Brasil

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se