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Jornalistas não têm direito constitucional de usar robôs

Ao lutar agressivamente contra a disseminação de mentiras, o STF respeita o espírito da Constituição

STF: Corte determinou operação de busca e apreensão contra fake news (STF/Divulgação)
STF: Corte determinou operação de busca e apreensão contra fake news (STF/Divulgação)
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Sérgio Praça

Publicado em 28 de maio de 2020 às, 22h07.

Última atualização em 29 de maio de 2020 às, 17h14.

A semana foi boa para quem gosta de fatos. Ontem, a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal realizou busca e apreensão na casa de alguns comunicadores ligados ao governo federal, como Allan dos Santos, do site Terça Livre. O deputado federal Roberto Jefferson (PTB) também recebeu visita às 6h.

Veja também: Operação da PF mira deputados e Luciano Hang em inquérito contra fake news

O motivo foi reunir evidências sobre a dinâmica de fake news (eufemismo anglicista para “mentiras”) que ajudam o presidente a manter sua base política animada.

Jair Bolsonaro (sem partido) voltou suas críticas ao STF porque, no dia anterior, deu parabéns aos policiais federais, pelo Twitter, pela operação contra o governador carioca, Wilson Witzel (PSC), e sua esposa. Witzel é o novo arqui-inimigo de um presidente que se alimenta de brigas com a sombra.

Veja também: Fachin deixa com plenário decisão sobre inquérito das fake news

A tensão institucional entre o STF e a Presidência da República só encontra precedente em 1964. Não há escapatória fácil para essa crise. Mas o STF não deve recuar.

Descobrir quem financia e como é a dinâmica de disseminação de mentiras políticas é obrigação de quem defende o espírito da legislação brasileira.

“Fake news” talvez não definam eleições, mas distorcem, desinformam e ocupam tempo de jornalistas sérios.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)