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Governador de Nova York pode ser candidato democrata à presidência

Com sua liderança na pandemia, Andrew Cuomo tem tido mais relevância do que o (ainda) favorito Joe Biden

Andrew Cuomo, governador de Nova York  (REUTERS/Carlo Allegri/Reuters)
Andrew Cuomo, governador de Nova York (REUTERS/Carlo Allegri/Reuters)
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Sérgio Praça

Publicado em 30 de março de 2020 às, 16h06.

O processo de escolha dos candidatos à presidência nos Estados Unidos é interessantíssimo. É raro que o presidente – hoje Donald Trump (Partido Republicano) – não tenha, por falta de apoio de seu partido, a chance de tentar a reeleição. A sigla de oposição escolhe, através de votação direta em suas seções estaduais e, posteriormente, em uma convenção partidária nacional, o candidato que tentará a sorte contra o presidente. A disputa entre Bernie Sanders e Joe Biden está encaminhada para que caiba a este último, ex-vice-presidente de Barack Obama, a tarefa de vencer Trump.

Pesquisas de opinião reveladas na semana passada colocam Biden em vantagem sobre Trump. O resultado mais expressivo é o de uma pesquisa da Fox News, com 49% para o democrata contra 40% para o republicano. Outras duas pesquisas – ABC/Washington Post e da Monmouth University – revelam margens menores, de menos de cinco pontos percentuais, favoráveis a Biden.

Mas a pandemia pode ter um efeito devastador no Partido Democrata. O site PredictIt dá ao governador de Nova York, Andrew Cuomo, 7% de chance de se tornar o candidato à presidência. Ainda é muito pouco, claro, mas até o mês passado a chance era zero.

A atitude de Cuomo diante das idas e vindas do presidente tem sido considerada agressiva na medida certa. “Você quer elogios por mandar 4 mil ventiladores? O que faço com 4 mil se precisamos de 30 mil?”, disse o governador em entrevista coletiva, referindo-se à ajuda do governo federal. “Trate de escolher quem serão os 26 mil mortos.”

Cuomo elogiou outras iniciativas de Trump. Não fechou as portas e, ao mesmo tempo, conseguiu se colocar como o principal responsável pelo bem-estar do povo de Nova York. Em crises como esta, a responsabilização dos políticos fica em um certo limbo. Se muitos morrerem na costa leste dos Estados Unidos, a culpa será do presidente ou dos governadores? Ou de ambos? Afinal, a política de saúde é responsabilidade de quem?

Andrew Cuomo pode se beneficiar eleitoralmente se continuar, como diria Roberto Jefferson, matando o problema no peito.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)