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DEM mostra boa capacidade de adaptação nas eleições municipais

O segredo do partido é dar poder aos jovens ao mesmo tempo em que filia raposas com reeleição garantida

Partido quer dar poder aos jovens e conciliar atenção com veteranos (foto/Thinkstock)
KS

Karina Souza

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 22h20.

Os Democratas ( DEM ) brasileiros estão em ótima posição para as eleições municipais do próximo domingo. Apesar de não terem candidatos fortes em São Paulo nem Rio de Janeiro, e de terem perdido 6% de seus filiados nos últimos dois anos, o partido mostra uma rara capacidade de adaptação aos novos tempos. Essa análise é justificada pela presença do partido na liderança em três capitais: Florianópolis (Gean Loureiro), Salvador (Bruno Reis) e Curitiba (Rafael Greca).

Loureiro, Reis e Greca tentam dar continuidade ao comando do DEM nessas cidades. O que chama a atenção é a mistura de perfis.

Loureiro já pertenceu a muitos partidos. Fez o grosso de sua carreira política no (P)MDB. Filiou-se ao DEM no ano passado para disputar a reeleição. Bom recrutamento do partido: prefeito popular e com a máquina à disposição para ter boas chances em 2020.

Greca foi outra aquisição do DEM em 2019. Tem longuíssima carreira política. Foi ministro do Esporte e Turismo de FHC (1999-2000), vereador, deputado estadual, secretário estadual e deputado federal. Qualquer partido teria sorte em tê-lo em suas fileiras. Greca é popular e tem grande capacidade de arrecadação própria para a campanha – o que o torna menos dependente do (curto) cobertor dos fundos eleitoral e partidário.

Em Salvador, Bruno Reis – aos 43 anos, bem mais jovem do que Greca e Loureiro – mostra que a renovação do partido pode acontecer de maneira mais “orgânica”. Mesmo sendo recém-filiado ao partido, apenas desde 2018, Reis trabalhou como assessor do atual prefeito ACM Neto. Com ele elegeu-se vice-prefeito.

Também ao lado do neto do lendário senador baiano, Reis fez parte do PFL Jovem. Muitos partidos têm um braço organizacional para seus jovens, com o objetivo de doutriná-los para seguirem carreira política. O DEM mostra especial atenção a esse ponto. De acordo com um estudo do cientista político João Victor Guedes-Neto, este braço jovem é menos afeito a hierarquias paralisantes e mais aberto a deliberação e discordância entre seus membros e líderes. (O artigo “Transformação intrapartidária? Um estudo sobre as percepções de poder e gestão entre jovens filiados” foi publicado pela Revista de Sociologia e Política em 2018.)

Ótimo sinal para além de 2020.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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Loureiro, Reis e Greca tentam dar continuidade ao comando do DEM nessas cidades. O que chama a atenção é a mistura de perfis.

Loureiro já pertenceu a muitos partidos. Fez o grosso de sua carreira política no (P)MDB. Filiou-se ao DEM no ano passado para disputar a reeleição. Bom recrutamento do partido: prefeito popular e com a máquina à disposição para ter boas chances em 2020.

Greca foi outra aquisição do DEM em 2019. Tem longuíssima carreira política. Foi ministro do Esporte e Turismo de FHC (1999-2000), vereador, deputado estadual, secretário estadual e deputado federal. Qualquer partido teria sorte em tê-lo em suas fileiras. Greca é popular e tem grande capacidade de arrecadação própria para a campanha – o que o torna menos dependente do (curto) cobertor dos fundos eleitoral e partidário.

Em Salvador, Bruno Reis – aos 43 anos, bem mais jovem do que Greca e Loureiro – mostra que a renovação do partido pode acontecer de maneira mais “orgânica”. Mesmo sendo recém-filiado ao partido, apenas desde 2018, Reis trabalhou como assessor do atual prefeito ACM Neto. Com ele elegeu-se vice-prefeito.

Também ao lado do neto do lendário senador baiano, Reis fez parte do PFL Jovem. Muitos partidos têm um braço organizacional para seus jovens, com o objetivo de doutriná-los para seguirem carreira política. O DEM mostra especial atenção a esse ponto. De acordo com um estudo do cientista político João Victor Guedes-Neto, este braço jovem é menos afeito a hierarquias paralisantes e mais aberto a deliberação e discordância entre seus membros e líderes. (O artigo “Transformação intrapartidária? Um estudo sobre as percepções de poder e gestão entre jovens filiados” foi publicado pela Revista de Sociologia e Política em 2018.)

Ótimo sinal para além de 2020.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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