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Deltan Dallagnol: benefícios privados de um emprego público

Quanto mais se revela sobre o procurador, pior fica para o passivo Ministério Público Federal

DALLAGNOL: ao lado de figuras insuspeitas como Djamila Ribeiro e Monja Coen, o procurador já palestrou em eventos sobre ética com ingressos a R$ 1.100. / Ueslei Marcelino/ Reuters
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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2019 às 12h50.

São cada vez mais apavorantes as revelações do The Intercept sobre a conduta de Deltan Dallagnol. O site mostra que o procurador disse à sua esposa, Fernanda, o seguinte: “Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k limpos até o fim do ano. Total líquido das palestras e livros daria uns 400k. Total de 40 aulas/palestras. Média de 10k limpo”. Só Eduardo Cunha (MDB), Lula (PT), Michel Temer (MDB) e Aécio Neves (PSDB) conseguiriam dar exemplo melhor do uso de poder público para fins privados. Ou alguém acha que Dallagnol conseguiria vender palestras se não fosse o coordenador da Lava Jato? Em outra mensagem, afirmou: “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”.

Nem é isso o pior. Cogitou criar uma empresa, usando sua esposa e a do colega Roberson Pozzobon como laranjas, para não levantar suspeitas. “Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras para nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários”. Ao lado de figuras insuspeitas como Djamila Ribeiro e Monja Coen, Dallagnol já palestrou em eventos sobre ética com ingressos a R$ 1.100. Justificava a ausência de seu trabalho em Curitiba dizendo que o dinheiro ia para instituições filantrópicas. Segundo ele, suas palestras têm como objetivo promover “a cidadania e o combate à corrupção”.

Esse discurso (nunca comprovado, aliás, com provas de seus depósitos para essas instituições) foi desmascarado com as últimas revelações do Intercept. Com seu colega Roberson Pozzobon, Dallagnol cogitou utilizar uma empresa que organiza formaturas como modo de “alavancar o negócio”. Segundo ele, [a empresa de seu tio] “pode oferecer comissão pra aluno de comissão de formatura pelo número de vendas de ingressos que ele fizer. E nós faríamos contatos com os palestrantes pra convidar”.

O sucesso da empreitada dependeria de gente disposta a ouvir os procuradores sobre temas como “Empreendedorismo e Governança: seja dono do seu negócio e saiba como governá-lo” e “Ética nos Negócios e Lava Jato: prepare-se para o mundo que te espera lá fora”. Provavelmente haveria.

Segundo o Painel da Folha de S. Paulo, o Conselho Nacional do Ministério Público tratará o caso como prioridade quando voltar a funcionar em 13 de agosto. Dallagnol precisa, no mínimo, perder o emprego. É a única maneira de o Ministério Público recuperar a credibilidade que o procurador-palestrante minou.

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São cada vez mais apavorantes as revelações do The Intercept sobre a conduta de Deltan Dallagnol. O site mostra que o procurador disse à sua esposa, Fernanda, o seguinte: “Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k limpos até o fim do ano. Total líquido das palestras e livros daria uns 400k. Total de 40 aulas/palestras. Média de 10k limpo”. Só Eduardo Cunha (MDB), Lula (PT), Michel Temer (MDB) e Aécio Neves (PSDB) conseguiriam dar exemplo melhor do uso de poder público para fins privados. Ou alguém acha que Dallagnol conseguiria vender palestras se não fosse o coordenador da Lava Jato? Em outra mensagem, afirmou: “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”.

Nem é isso o pior. Cogitou criar uma empresa, usando sua esposa e a do colega Roberson Pozzobon como laranjas, para não levantar suspeitas. “Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras para nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários”. Ao lado de figuras insuspeitas como Djamila Ribeiro e Monja Coen, Dallagnol já palestrou em eventos sobre ética com ingressos a R$ 1.100. Justificava a ausência de seu trabalho em Curitiba dizendo que o dinheiro ia para instituições filantrópicas. Segundo ele, suas palestras têm como objetivo promover “a cidadania e o combate à corrupção”.

Esse discurso (nunca comprovado, aliás, com provas de seus depósitos para essas instituições) foi desmascarado com as últimas revelações do Intercept. Com seu colega Roberson Pozzobon, Dallagnol cogitou utilizar uma empresa que organiza formaturas como modo de “alavancar o negócio”. Segundo ele, [a empresa de seu tio] “pode oferecer comissão pra aluno de comissão de formatura pelo número de vendas de ingressos que ele fizer. E nós faríamos contatos com os palestrantes pra convidar”.

O sucesso da empreitada dependeria de gente disposta a ouvir os procuradores sobre temas como “Empreendedorismo e Governança: seja dono do seu negócio e saiba como governá-lo” e “Ética nos Negócios e Lava Jato: prepare-se para o mundo que te espera lá fora”. Provavelmente haveria.

Segundo o Painel da Folha de S. Paulo, o Conselho Nacional do Ministério Público tratará o caso como prioridade quando voltar a funcionar em 13 de agosto. Dallagnol precisa, no mínimo, perder o emprego. É a única maneira de o Ministério Público recuperar a credibilidade que o procurador-palestrante minou.

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