Cristina Kirchner será uma sombra ao presidente argentino
Na Argentina, a vice-presidência é um cargo poderoso mesmo quando não há conspiração para impeachment
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2019 às 20h18.
Desde o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, a vice-presidência tem tido mais atenção no Brasil. Depois de um início boquirroto, General Mourão passou a ser um vice ameno, sensato, em comparação ao chefe. Na Argentina a coisa é diferente. O cargo é muito mais relevante do que brasileiros podem imaginar. A ex-presidente Cristina Kirchner (Partido Justicialista), agora vice de Alberto Fernández (Partido Justicialista), irá ajudar ou atrapalhar o governo? A princípio ajuda, mas será uma força política independente e com óbvia influência sobre o chefe a quem hipotecou popularidade.
Além de presidir o Senado, o número dois da Argentina pode ser fiador das complexas alianças políticas necessárias para comandar o país. De tão complicadas, com frequência essas alianças foram insuficientes para garantir estabilidade à Argentina. Sucessivas crises econômicas desde 1998 tornaram a chefia do Executivo mais instável do que qualquer Constituição presidencialista permitiria prever.
Apenas nos últimos meses do governo de Rousseff o Brasil se “argentinizou”. Michel Temer (MDB) passou a organizar parlamentares para derrubar a presidente. Um vice traíra. Em seu segundo mandato presidencial, Cristina Kirchner (Partido Justicialista) sofreu com Julio Cobos (União Cívica Radical). Alçado a vice para aumentar as chances de reeleição da presidente, Cobos se virou contra os peronistas assim que o governo começou a radicalizar. Com menos de nove meses em seu segundo mandato, Cristina aumentou impostos de ruralistas. Sofreu com greves, protestos e o apoio da população aos produtores. Decidiu compartilhar a responsabilidade pela decisão com os parlamentares, supondo que a lua-de-mel com o Congresso ratificaria sua arriscada e impopular aposta.
Pois Cobos, definidor do desempate no Senado, afirmou ser “vice-presidente de todos os argentinos” e assim justificou seu voto contra o governo. Depois disso, Cristina perdeu o elo com a direita, diminuindo seu poder. Agora é vice-presidente de uma chapa que derrotou o conservador Mauricio Macri, segundo quem cabe ao governo, na condução da economia, “irrigar e aparar o gramado para os cidadãos jogarem”. Já que isso não funcionou, os argentinos elegeram quem gosta de fazer gol com a mão.
Desde o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, a vice-presidência tem tido mais atenção no Brasil. Depois de um início boquirroto, General Mourão passou a ser um vice ameno, sensato, em comparação ao chefe. Na Argentina a coisa é diferente. O cargo é muito mais relevante do que brasileiros podem imaginar. A ex-presidente Cristina Kirchner (Partido Justicialista), agora vice de Alberto Fernández (Partido Justicialista), irá ajudar ou atrapalhar o governo? A princípio ajuda, mas será uma força política independente e com óbvia influência sobre o chefe a quem hipotecou popularidade.
Além de presidir o Senado, o número dois da Argentina pode ser fiador das complexas alianças políticas necessárias para comandar o país. De tão complicadas, com frequência essas alianças foram insuficientes para garantir estabilidade à Argentina. Sucessivas crises econômicas desde 1998 tornaram a chefia do Executivo mais instável do que qualquer Constituição presidencialista permitiria prever.
Apenas nos últimos meses do governo de Rousseff o Brasil se “argentinizou”. Michel Temer (MDB) passou a organizar parlamentares para derrubar a presidente. Um vice traíra. Em seu segundo mandato presidencial, Cristina Kirchner (Partido Justicialista) sofreu com Julio Cobos (União Cívica Radical). Alçado a vice para aumentar as chances de reeleição da presidente, Cobos se virou contra os peronistas assim que o governo começou a radicalizar. Com menos de nove meses em seu segundo mandato, Cristina aumentou impostos de ruralistas. Sofreu com greves, protestos e o apoio da população aos produtores. Decidiu compartilhar a responsabilidade pela decisão com os parlamentares, supondo que a lua-de-mel com o Congresso ratificaria sua arriscada e impopular aposta.
Pois Cobos, definidor do desempate no Senado, afirmou ser “vice-presidente de todos os argentinos” e assim justificou seu voto contra o governo. Depois disso, Cristina perdeu o elo com a direita, diminuindo seu poder. Agora é vice-presidente de uma chapa que derrotou o conservador Mauricio Macri, segundo quem cabe ao governo, na condução da economia, “irrigar e aparar o gramado para os cidadãos jogarem”. Já que isso não funcionou, os argentinos elegeram quem gosta de fazer gol com a mão.