Condenação ressuscita o Lula de 1989
A condenação unânime do ex-presidente pelos três juízes do TRF-4 devolve Lula e o PT ao acirramento de deus discursos
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 19h53.
A possível entrada do senador Fernando Collor (PTC) na eleição presidencial de 2018 deu ares ainda maiores de 1989 para a disputa. Àquela altura, a esquerda estava dividida entre o trabalhismo retrógrado de Leonel Brizola (PDT) e o populismo ingênuo de Lula (PT). O petista superou Brizola por pouco. Foi ao segundo turno e, após um debate televisivo desastrado, perdeu feio para Collor. Lula demorou bastante para assimilar a lição daquela derrota. Em 1994, assessorado por economistas do quilate de Aloizio Mercadante, fez campanha contra o Plano Real. Não passou para o segundo turno contra Fernando Henrique Cardoso. O cenário se repetiu em 1998. Apenas em 2002, na quarta campanha consecutiva, Lula foi para o centro e se aliou ao Partido Liberal (PL), que depois fundiu-se com o Prona para formar o Partido da República (PR) comandada pelo mensaleiro Valdemar Costa Neto. Com a “Carta ao Povo Brasileiro”, Lula venceu.
A condenação unânime do ex-presidente pelos três juízes do TRF-4 devolve Lula e o PT para 1989. O acirramento do discurso da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT), não é à toa. É o que restou ao partido. De 1980 até hoje, o PT inacreditavelmente manteve o tom de “partido que combate a corrupção”. Mesmo após o mensalão em 2005 e a condenação de José Dirceu (PT) pelo Supremo Tribunal Federal, pessoas como Dilma Rousseff (PT) enchiam a boca para dizer que o partido implementou as principais leis anticorrupção no Brasil em 2013. De fato, Dilma sancionou a Lei Anticorrupção e a Lei das Organizações Criminosas que possibilitaram a Operação Lava Jato. Ela e a maioria dos parlamentares fizeram isso. Ingenuidade? Dificuldade de antecipar consequências negativas? Vontade de ver seus adversários atingidos? Confiança na impunidade via Judiciário? Provavelmente aprovaram essas leis por uma mistura de todos esses fatores. O fato é que Lula e o PT perderam o discurso de arautos da moralidade. A condenação em segunda instância é o elemento crucial para isso. O partido e o ex-presidente mobilizam muito menos do que a maioria do eleitorado.
Resta, agora, Lula gritar em comícios sobre a entrega do petróleo nacional para os estrangeiros, escrever no Twitter que está pensando em “federalizar” o ensino médio, reclamar do fracasso da indústria naval (que seria culpa dos Estados Unidos), dizer que Michel Temer (PMDB) e Eduardo Cunha (PMDB) são golpistas… e assim se ver apoiado por, no máximo, 30% dos eleitores. Mesmo que continue solto e seja candidato, só sobra, agora, a histeria. E ela é o maior “anti-Lula” de 2018.
A possível entrada do senador Fernando Collor (PTC) na eleição presidencial de 2018 deu ares ainda maiores de 1989 para a disputa. Àquela altura, a esquerda estava dividida entre o trabalhismo retrógrado de Leonel Brizola (PDT) e o populismo ingênuo de Lula (PT). O petista superou Brizola por pouco. Foi ao segundo turno e, após um debate televisivo desastrado, perdeu feio para Collor. Lula demorou bastante para assimilar a lição daquela derrota. Em 1994, assessorado por economistas do quilate de Aloizio Mercadante, fez campanha contra o Plano Real. Não passou para o segundo turno contra Fernando Henrique Cardoso. O cenário se repetiu em 1998. Apenas em 2002, na quarta campanha consecutiva, Lula foi para o centro e se aliou ao Partido Liberal (PL), que depois fundiu-se com o Prona para formar o Partido da República (PR) comandada pelo mensaleiro Valdemar Costa Neto. Com a “Carta ao Povo Brasileiro”, Lula venceu.
A condenação unânime do ex-presidente pelos três juízes do TRF-4 devolve Lula e o PT para 1989. O acirramento do discurso da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT), não é à toa. É o que restou ao partido. De 1980 até hoje, o PT inacreditavelmente manteve o tom de “partido que combate a corrupção”. Mesmo após o mensalão em 2005 e a condenação de José Dirceu (PT) pelo Supremo Tribunal Federal, pessoas como Dilma Rousseff (PT) enchiam a boca para dizer que o partido implementou as principais leis anticorrupção no Brasil em 2013. De fato, Dilma sancionou a Lei Anticorrupção e a Lei das Organizações Criminosas que possibilitaram a Operação Lava Jato. Ela e a maioria dos parlamentares fizeram isso. Ingenuidade? Dificuldade de antecipar consequências negativas? Vontade de ver seus adversários atingidos? Confiança na impunidade via Judiciário? Provavelmente aprovaram essas leis por uma mistura de todos esses fatores. O fato é que Lula e o PT perderam o discurso de arautos da moralidade. A condenação em segunda instância é o elemento crucial para isso. O partido e o ex-presidente mobilizam muito menos do que a maioria do eleitorado.
Resta, agora, Lula gritar em comícios sobre a entrega do petróleo nacional para os estrangeiros, escrever no Twitter que está pensando em “federalizar” o ensino médio, reclamar do fracasso da indústria naval (que seria culpa dos Estados Unidos), dizer que Michel Temer (PMDB) e Eduardo Cunha (PMDB) são golpistas… e assim se ver apoiado por, no máximo, 30% dos eleitores. Mesmo que continue solto e seja candidato, só sobra, agora, a histeria. E ela é o maior “anti-Lula” de 2018.