Bolsonaro assume riscos desnecessários ao criar novo partido
Mais do que a volta de Lula, distrair-se com o Aliança Pelo Brasil poderá afetar as reformas econômicas
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2019 às 17h55.
Última atualização em 12 de novembro de 2019 às 18h41.
Caso Jair Bolsonaro (PSL) concretize a intenção de criar um novo partido político para si, será algo inédito sob a Constituição de 1988. A jogada é arriscada. Com 53 deputados, o PSL comandado por Luciano Bivar, ex-aliado do presidente, é quase o maior partido na Câmara dos Deputados – o PT tem 54. O novo partido do presidente, que possivelmente se chamará Aliança Pelo Brasil, terá dificuldades para aglutinar um número próximo desse – considerando que 12 deputados federais devem permanecer no PSL após a saída da família Bolsonaro. Há a possibilidade real de o Judiciário não permitir que os fundos eleitoral e partidário sejam levados pelos deputados aliados do presidente para seu novo partido. E então o PSL monopolizado por Bivar teria mais de R$ 100 milhões para gastar no ano que vem.
Na melhor das hipóteses, Bolsonaro conseguirá atrair 60 deputados federais e suas respectivas dotações financeiras para 2020. Será um partido mais coeso ideologicamente do que o PSL, hoje no ápice de sua desorganização. Bolsonaro e seus filhos terão total controle sobre as decisões partidárias. Isso é bom para o presidente. Mas ele talvez não conte com dois aspectos negativos de seu empreendedorismo organizacional.
O primeiro é que a criação do Aliança Pelo Brasil jogará o PSL para a oposição. Os bivaristas já estão chateados com o presidente e, depois disso, não terão motivo algum para apoiá-lo. Terão todos os incentivos para atrapalhar o máximo possível.
A segunda desvantagem é aumentar a fragmentação partidária, quesito no qual o Brasil é recordista planetário. Formar maiorias no plenário para aprovar o difícil pacote econômico de Paulo Guedes será um imenso desafio. O alívio para Bolsonaro poderá decorrer do fato de que, segundo os cálculos do cientista político Carlos Pereira (FGV EBAPE), esta é a Câmara dos Deputados mais conservadora desde a redemocratização. Se o novo partido de Bolsonaro der certo, saberemos se preferências ideológicas se sobrepõem a estratégias de carreiras eleitorais – dificultadas, à exceção dos bolsonaristas mais leais, com o Aliança Pelo Brasil.
Caso Jair Bolsonaro (PSL) concretize a intenção de criar um novo partido político para si, será algo inédito sob a Constituição de 1988. A jogada é arriscada. Com 53 deputados, o PSL comandado por Luciano Bivar, ex-aliado do presidente, é quase o maior partido na Câmara dos Deputados – o PT tem 54. O novo partido do presidente, que possivelmente se chamará Aliança Pelo Brasil, terá dificuldades para aglutinar um número próximo desse – considerando que 12 deputados federais devem permanecer no PSL após a saída da família Bolsonaro. Há a possibilidade real de o Judiciário não permitir que os fundos eleitoral e partidário sejam levados pelos deputados aliados do presidente para seu novo partido. E então o PSL monopolizado por Bivar teria mais de R$ 100 milhões para gastar no ano que vem.
Na melhor das hipóteses, Bolsonaro conseguirá atrair 60 deputados federais e suas respectivas dotações financeiras para 2020. Será um partido mais coeso ideologicamente do que o PSL, hoje no ápice de sua desorganização. Bolsonaro e seus filhos terão total controle sobre as decisões partidárias. Isso é bom para o presidente. Mas ele talvez não conte com dois aspectos negativos de seu empreendedorismo organizacional.
O primeiro é que a criação do Aliança Pelo Brasil jogará o PSL para a oposição. Os bivaristas já estão chateados com o presidente e, depois disso, não terão motivo algum para apoiá-lo. Terão todos os incentivos para atrapalhar o máximo possível.
A segunda desvantagem é aumentar a fragmentação partidária, quesito no qual o Brasil é recordista planetário. Formar maiorias no plenário para aprovar o difícil pacote econômico de Paulo Guedes será um imenso desafio. O alívio para Bolsonaro poderá decorrer do fato de que, segundo os cálculos do cientista político Carlos Pereira (FGV EBAPE), esta é a Câmara dos Deputados mais conservadora desde a redemocratização. Se o novo partido de Bolsonaro der certo, saberemos se preferências ideológicas se sobrepõem a estratégias de carreiras eleitorais – dificultadas, à exceção dos bolsonaristas mais leais, com o Aliança Pelo Brasil.