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As omissões da Transparência Internacional

Os dirigentes da ONG no Brasil escolheram ignorar as revelações estarrecedores da Vaza Jato em 2019

MORO: o ex-juiz federal foi um dos que tiveram mensagens interceptadas na vaza jato. / REUTERS/Adriano Machado
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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 17h16.

Última atualização em 27 de janeiro de 2020 às 18h52.

Pela quinta vez seguida, o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da ONG Transparência Internacional registra piora do resultado brasileiro. Quem responde a pesquisa da ONG são membros da elite acadêmica, intelectual e empresarial do mundo. São os leitores da The Economist, a melhor revista de política e negócios do planeta. Mas, como qualquer ser humano, os respondentes têm dificuldade de separar “ corrupção ” de “escândalos de corrupção”. É evidente que um país sem escândalos de corrupção – ou seja, sem a publicização de atos corruptos – pode ter muita corrupção sem que se saiba. E o surgimento de escândalos de corrupção pode refletir a descoberta de atos corruptos cometidos em governos passados. Finalmente, a piora no índice pode ocorrer por causa de ações concretas do governo atual.

É impossível distinguir essas coisas. Os dirigentes que representam a Transparência Internacional no Brasil sabem bem disso. Mas preferem culpar o governo Bolsonaro pelo aumento da percepção de que o país é corrupto. Para a Folha de S. Paulo, Bruno Brandão, o responsável pela ONG no Brasil, afirmou que “o resultado reflete um ano de poucos avanços e muitos retrocessos na luta contra a corrupção no Brasil”.

No relatório que fundamenta as conclusões de Brandão, a Transparência Internacional menciona quase nada sobe a Vaza Jato, apelido dado às revelações sobre como o Ministério Público Federal (e outros) usaram métodos ilegais e antiéticos para investigar políticos. Sabemos disso graças ao The Intercept Brasil, um site jornalístico que aproveitou o vazamento de mensagens interceptadas por hackers. (Como as mensagens são de amplo interesse público, a fonte da informação não tem importância alguma.) Talvez a ONG sinta vergonha de ter sido tão parceira de Deltan Dallagnol por tanto tempo.

Seriam intelectualmente mais honestos se dessem o devido espaço à análise de como a Força Tarefa da Lava Jato desonrou a missão constitucional do Ministério Público Federal. Ao ignorar isso, a Transparência Internacional no Brasil acaba reforçando o discurso de que “vale tudo contra a corrupção”.

Péssimo para uma ONG que é tão séria no exterior.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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É impossível distinguir essas coisas. Os dirigentes que representam a Transparência Internacional no Brasil sabem bem disso. Mas preferem culpar o governo Bolsonaro pelo aumento da percepção de que o país é corrupto. Para a Folha de S. Paulo, Bruno Brandão, o responsável pela ONG no Brasil, afirmou que “o resultado reflete um ano de poucos avanços e muitos retrocessos na luta contra a corrupção no Brasil”.

No relatório que fundamenta as conclusões de Brandão, a Transparência Internacional menciona quase nada sobe a Vaza Jato, apelido dado às revelações sobre como o Ministério Público Federal (e outros) usaram métodos ilegais e antiéticos para investigar políticos. Sabemos disso graças ao The Intercept Brasil, um site jornalístico que aproveitou o vazamento de mensagens interceptadas por hackers. (Como as mensagens são de amplo interesse público, a fonte da informação não tem importância alguma.) Talvez a ONG sinta vergonha de ter sido tão parceira de Deltan Dallagnol por tanto tempo.

Seriam intelectualmente mais honestos se dessem o devido espaço à análise de como a Força Tarefa da Lava Jato desonrou a missão constitucional do Ministério Público Federal. Ao ignorar isso, a Transparência Internacional no Brasil acaba reforçando o discurso de que “vale tudo contra a corrupção”.

Péssimo para uma ONG que é tão séria no exterior.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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