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A pá-de-cal em Paulo Guedes

Nos próximos meses, a política econômica está a cargo de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre

Alcolumbre, Maia e Guedes (Adriano Machado/Reuters)
JR

Janaína Ribeiro

Publicado em 13 de agosto de 2020 às 22h26.

O brevíssimo pronunciamento de Jair Bolsonaro (sem partido) , Davi Alcolumbre (DEM) e Rodrigo Maia (DEM) ontem à noite deixou claro: a política econômica não tem mais piloto no governo. O ministro Paulo Guedes está, agora, a reboque das decisões parlamentares sobre o assunto. Haverá respeito ao teto de gastos, que impede o orçamento federal de 2021 ser superior ao de 2020 (à exceção de algumas áreas), desde que Maia e Alcolumbre assim queiram. A opinião de Guedes passa a contar pouco.

Por isso fiquei surpreso com a reação positiva dos mercados às falas de ontem. O teatro à porta do Palácio da Alvorada mostrou fraqueza de Bolsonaro. Pode ser, é claro, que investidores tenham gostado do reforço de Maia e Alcolumbre ao teto de gastos. Mas mesmo isso seria estranho, pois a credibilidade para garantir isso fica mais baixa a cada dia, à medida que a crise econômica se aprofunda.

Ambos defenderam uma reforma administrativa, o que não faz sentido algum. Paulo Uebel, o secretário do Ministério da Economia à frente dessa área, pediu demissão. Não há proposta do Executivo. Apesar disso, Maia disse que “assim que o presidente Bolsonaro entender importante”, a Câmara dos Deputados estará pronta para “debater e aprovar” a reforma administrativa que tem “apenas um objetivo: melhorar a qualidade do gasto e do serviço público”.

Missão impossível. Deputados e senadores não têm o menor incentivo para fazerem isso, especialmente sem uma proposta viável e coesa do Ministério da Economia. Sabemos, agora, que da cartola de Paulo Guedes ela não sairá.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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Por isso fiquei surpreso com a reação positiva dos mercados às falas de ontem. O teatro à porta do Palácio da Alvorada mostrou fraqueza de Bolsonaro. Pode ser, é claro, que investidores tenham gostado do reforço de Maia e Alcolumbre ao teto de gastos. Mas mesmo isso seria estranho, pois a credibilidade para garantir isso fica mais baixa a cada dia, à medida que a crise econômica se aprofunda.

Ambos defenderam uma reforma administrativa, o que não faz sentido algum. Paulo Uebel, o secretário do Ministério da Economia à frente dessa área, pediu demissão. Não há proposta do Executivo. Apesar disso, Maia disse que “assim que o presidente Bolsonaro entender importante”, a Câmara dos Deputados estará pronta para “debater e aprovar” a reforma administrativa que tem “apenas um objetivo: melhorar a qualidade do gasto e do serviço público”.

Missão impossível. Deputados e senadores não têm o menor incentivo para fazerem isso, especialmente sem uma proposta viável e coesa do Ministério da Economia. Sabemos, agora, que da cartola de Paulo Guedes ela não sairá.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)

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