O Bem-Amado e a crise do coronavírus
Uma hipotética entrevista com Odorico Paraguaçu em tempos de pandemia
Victor Sena
Publicado em 6 de junho de 2020 às 15h32.
Última atualização em 9 de junho de 2020 às 11h46.
- Caro Prefeito, é um prazer recebê-lo e contar com sua experiência e sabedoria em tempos tão difíceis.
- Agradeço e espero justificar a merecedência de tão honroso convite.
- Como o senhor ver a situação atual do país?
- Muito dificultosa.
- É apenas muito azar ou é falta de uma elite do tamanho do país?
- Falar mal da elite é coisa da esquerda badernista, desaforista e subversenta. Além do mais a responsabilidade de construcionismo do país é de todo cidadão.
- Mas a classe política, Prefeito…
- Essa obviamente não é composta de donzelas praticantes mas há maucaratismo talqualmente em todos os poderes.
- O que o senhor acha do Bolsonaro?
- Esse senhor não conta com a adulância da imprensa lida, olhada e escutada. Parece que têm sempre uma visão negativista de tudo que ele faz ou diz. Sou empatiado com ele pois já sofri na pele com implicância parecida.
- Não me parece por acaso, Prefeito.
- O acaso não existe em política, meu jovem.
- Voltando ao assunto, parece que o presidente conta apenas com as redes sociais.
- Pra mim essa coisa de rede social é a acarajeização da política.
- Pode elaborar mais sobre isso?
- Quando existe muito falacionismo e pouco ouvidismo ninguém se entende. Na minha época já dava trabalho calar um jornal apenas.
- Mas a democracia não existe sem uma imprensa livre!
- Isso soa bem, emboramente a vida exija maior meticulância com a realidade.
- Na sua época atribuíam ao senhor a ideia de uma Democratura.
- Essa ideia surgiu em confabulâncias sigelentas mas a conversa vazou e a imprensa publicou. Admito que estava adiante do meu tempo.
- Como seria possível uma Democratura, Prefeito?
- Aquele rapaz americano da empresa da maçã?
- O Steve Jobs?
- Esse mesmo! Ele falava que não acreditava em pesquisa de mercado porque os clientes não sabem o que querem. É preciso o invencionismo se juntar com a inteligência para criar algo trepidante e dinamitoso.
- O senhor está dizendo que o povo não sabe o que quer?
- O povo é pacatista e quer apenas o alimento fermentado de trigo e malabarismos.
- Soa antigo e retrógrado, Prefeito.
- O que é maquiavelento e funciona nunca soa bem quando falado.
- As pesquisas indicam que o senhor tem chances como candidato à presidência em 2022.
- Com a alma lavada e enxaguada recebi o resultado dessa pesquisa mas o meu tempo já passou. O partido precisa de alguém diferente para deixar o país exatamente como está.
- Tudo igual?
- Sim, não corremos o menor risco de dar certo. Somos os americanos ao contrário?
- Como assim.
- Sempre repetimos a mesma fórmula errada esperando um resultado diferente. Ficamos sempre nos entretanto e nunca chegamos aos finalmente.
PS: Esse conto é uma singela homenagem ao grande gênio Dias Gomes, que soube como poucos retratar a alma e o caráter da sociedade brasileira.
- Caro Prefeito, é um prazer recebê-lo e contar com sua experiência e sabedoria em tempos tão difíceis.
- Agradeço e espero justificar a merecedência de tão honroso convite.
- Como o senhor ver a situação atual do país?
- Muito dificultosa.
- É apenas muito azar ou é falta de uma elite do tamanho do país?
- Falar mal da elite é coisa da esquerda badernista, desaforista e subversenta. Além do mais a responsabilidade de construcionismo do país é de todo cidadão.
- Mas a classe política, Prefeito…
- Essa obviamente não é composta de donzelas praticantes mas há maucaratismo talqualmente em todos os poderes.
- O que o senhor acha do Bolsonaro?
- Esse senhor não conta com a adulância da imprensa lida, olhada e escutada. Parece que têm sempre uma visão negativista de tudo que ele faz ou diz. Sou empatiado com ele pois já sofri na pele com implicância parecida.
- Não me parece por acaso, Prefeito.
- O acaso não existe em política, meu jovem.
- Voltando ao assunto, parece que o presidente conta apenas com as redes sociais.
- Pra mim essa coisa de rede social é a acarajeização da política.
- Pode elaborar mais sobre isso?
- Quando existe muito falacionismo e pouco ouvidismo ninguém se entende. Na minha época já dava trabalho calar um jornal apenas.
- Mas a democracia não existe sem uma imprensa livre!
- Isso soa bem, emboramente a vida exija maior meticulância com a realidade.
- Na sua época atribuíam ao senhor a ideia de uma Democratura.
- Essa ideia surgiu em confabulâncias sigelentas mas a conversa vazou e a imprensa publicou. Admito que estava adiante do meu tempo.
- Como seria possível uma Democratura, Prefeito?
- Aquele rapaz americano da empresa da maçã?
- O Steve Jobs?
- Esse mesmo! Ele falava que não acreditava em pesquisa de mercado porque os clientes não sabem o que querem. É preciso o invencionismo se juntar com a inteligência para criar algo trepidante e dinamitoso.
- O senhor está dizendo que o povo não sabe o que quer?
- O povo é pacatista e quer apenas o alimento fermentado de trigo e malabarismos.
- Soa antigo e retrógrado, Prefeito.
- O que é maquiavelento e funciona nunca soa bem quando falado.
- As pesquisas indicam que o senhor tem chances como candidato à presidência em 2022.
- Com a alma lavada e enxaguada recebi o resultado dessa pesquisa mas o meu tempo já passou. O partido precisa de alguém diferente para deixar o país exatamente como está.
- Tudo igual?
- Sim, não corremos o menor risco de dar certo. Somos os americanos ao contrário?
- Como assim.
- Sempre repetimos a mesma fórmula errada esperando um resultado diferente. Ficamos sempre nos entretanto e nunca chegamos aos finalmente.
PS: Esse conto é uma singela homenagem ao grande gênio Dias Gomes, que soube como poucos retratar a alma e o caráter da sociedade brasileira.