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Depois do amanhã: as empresas precisam liderar a jornada

O que esperar do futuro, diante de tantos desafios sociais e ambientais, e o papel das empresas em acelerar esta agenda de inovações de impacto positivo

"Ao escolher não agir, as empresas estão, de fato, tomando uma posição – uma que pode ser desastrosa frente a um cenário com demandas urgentes." (Leandro Fonseca/Exame)
"Ao escolher não agir, as empresas estão, de fato, tomando uma posição – uma que pode ser desastrosa frente a um cenário com demandas urgentes." (Leandro Fonseca/Exame)

Em um mundo progressivamente interligado e consciente, as empresas não podem mais ser vistas como meras entidades lucrativas, divorciadas de desafios e necessidades sociais e ambientais. À medida que enfrentamos ameaças sem precedentes ao nosso meio ambiente e às estruturas sociais, fica evidente que a inércia empresarial não é uma opção viável. Ao escolher não agir, as empresas estão, de fato, tomando uma posição – uma que pode ser desastrosa frente a um cenário com demandas urgentes.

Os alertas ambientais foram disparados. Mudanças climáticas, queimadas e perda da biodiversidade exigem soluções inovadoras, em que as empresas têm um papel crucial. Elas não apenas detêm recursos significativos, mas também a capacidade de impulsionar tecnologias que podem mitigar tais desafios. Há ainda as questões sociais persistentes, nas variadas formas de desigualdade, exclusão e injustiça entre as pessoas. E sim, esses são papéis também empresariais, que junto dos governos e sociedade civil devem se unir de forma coesa para que, a partir de suas posições, soluções sejam pensadas.

Não se trata de altruísmo. Trabalhando para um mundo mais inclusivo, equitativo e regenerativo, as empresas tornam-se melhores. Negócios de impacto são benéficos não apenas para a sociedade, mas também para o dia a dia de seus negócios, à medida que tais iniciativas abrem portas para inovações, estreitam a lealdade com seus clientes e consumidores e fortalecem sua resiliência no mercado.

O Sistema B ilustra perfeitamente esse raciocínio. Adotamos o conceito de "Capitalismo de Stakeholders", rejeitando a noção arcaica de que o único propósito de uma empresa é maximizar o lucro para seus acionistas. Em vez disso, elas devem buscar valor para todos as partes com quem se relacionam, incluindo a sociedade em geral. Este é um reconhecimento vital, pois nenhum negócio opera no vácuo; eles são parte intrínseca da teia social e ambiental.

A evolução do discurso corporativo nos últimos anos é um testemunho da mudança da consciência coletiva. Questões como diversidade, inclusão e desigualdade econômica, que eram antes consideradas preocupações exclusivas de governos ou ONGs, tornaram-se hoje temas centrais nas discussões empresariais. Significa que estamos no caminho certo?

Depende. As mudanças são promissoras desde que acompanhadas de ações concretas e significativas, desenvolvidas com muita transparência e diálogo com a sociedade. O discurso e a ação precisam estar alinhados. Quem promove a sustentabilidade publicamente, mas não a pratica, não apenas dispensa a ética como se torna um agente danoso à sociedade, pois desvia a atenção de soluções realmente necessárias e genuínas.

Se hoje o Sistema B comemora dez anos no Brasil, é pela existência de empresas que agem pela mudança através de ações concretas, mensuráveis, com integridade e coerência, redefinindo o significado de sucesso nos negócios.

É cada vez mais imperativo que o mundo corporativo não apenas "compense" seus impactos ou busque apenas a sustentabilidade: já é necessário que falemos em regeneração. Passou da hora de as empresas aceitarem sua responsabilidade crucial na configuração do nosso futuro, usando suas capacidades para acelerar a agenda de inovações de impacto positivo.

Em um mundo onde os consumidores estão cada vez mais conscientes, espera-se que, até 2030, as empresas com práticas de gestão socioambiental sólidas não sejam apenas a exceção, mas a norma. Por um futuro mais sustentável e justo, convidamos os negócios de impacto a liderarem essa jornada.