Início de 2017 define perfil do governo até 2018
Alguns acontecimentos no início do ano indicam que o perfil de governo de Temer está se consolidando e deve se manter até a próxima eleição presidencial. Não existem sinais de guinada política ou mesmo de reforma ministerial. Pilares de sua estratégia seguem sólidos. O primeiro deles é sua relação com o Congresso e o apoio […]
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 11h45.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h45.
Alguns acontecimentos no início do ano indicam que o perfil de governo de Temer está se consolidando e deve se manter até a próxima eleição presidencial. Não existem sinais de guinada política ou mesmo de reforma ministerial.
Pilares de sua estratégia seguem sólidos. O primeiro deles é sua relação com o Congresso e o apoio de uma base ampla e razoavelmente fiel. Com isso, logrou ao longo de 2016 uma média de 71% de apoio nas votações de projetos de interesse do Palácio do Planalto, mesmo aqueles polêmicos e politicamente complexos, como a PEC do Teto de Gastos. A meta do governo, segundo o ministro Eliseu Padilha, é alcançar 88% de apoio. São esses resultados que dão condições para Temer apostar na aprovação, ainda este ano, de outras reformas e medidas até mais impopulares.
A vitória de Rodrigo Maia para presidência da Câmara dos Deputados – apoiado abertamente por Temer – é outra indicação dos rumos e da força do governo no Congresso. Temer é um profundo conhecedor da dinâmica política da casa – da qual foi três vezes presidente – e identificou em Maia um aliado importante para viabilizar suas medidas, mesmo não sendo de seu partido. Maia se elegeu em primeiro turno – com quase 300 votos – afirmando que tem uma prioridade clara: aprovar as reformas que, segundo ele, o Brasil precisa desesperadamente. É a agenda de Temer.
Outro pilar que segue firme desde o início do governo Temer é sua política macroeconômica. Única área do governo 100% blindada do jogo político, possui um líder inconteste, uma equipe técnica integralmente alinhada e uma agenda clara. A missão recebida pelo superministro Meirelles é retomar a política do tripé macroeconômico definido no governo FHC e seguida até o segundo governo de Lula: superávit primário fiscal, meta inflacionária e câmbio flutuante.
Ele conta para isso com a concordância e apoio explícito de todos seus subordinados, além do ministério do Planejamento, do Banco Central, do BNDES, do Banco do Brasil, da Petrobras, da Eletrobras e até do ministro da Indústria e Comércio que, em geral, tende a demandar flexibilizações dessas políticas. Inusitadamente, não se vê fogo amigo no governo contra Meirelles ou Banco Central, fato usual nos governos Lula e Dilma, mas também no de FHC. Também aqui parece existir pouca margem de dúvida que tal orientação deve prevalecer até 2018.
A aliança com o PSDB, que não era tão óbvia no início do mandato, vem se consolidando. Após um breve debate interno, no qual Alckmin chegou a sugerir apoio ao governo mas sem ocupar cargos ministeriais, o PSDB decidiu entrar no barco. Conquistou um conjunto expressivo de cargos, como o Itamaraty, o Ministério da Justiça, o Ministério das Cidades, além de um conjunto de gestores e técnicos claramente ligados ou identificados com o PSDB, desde o próprio Henrique Meirelles (embora hoje filiado ao PSD), até Ilan Goldfajn, Pedro Parente, Maria Silvia entre outros. Essa tendência foi confirmada com a indicação de Alexandre Moraes para a vaga aberta pela morte de Teori Zavascki no STF e a nomeação do deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA) para Secretaria do Governo.
Durante os primeiros meses de governo, Temer teve que compor tanto com o centrão como com os partidos “tradicionais”. Isso porque os dois grupos poderiam criar problemas para o Planalto por conta da sua expressividade numérica. Com a vitória do Maia no primeiro turno e o esfacelamento do centrão, que teve vários candidatos, essa preocupação deixa de existir. Agora, os partidos que compunham o centrão dialogam diretamente com o governo enquanto legendas individuais, e não como bloco partidário. Isso permite ao Temer tocar essa aliança com o PSDB (e também com o DEM) de forma mais natural e menos conflituosa do que com o restante da base.
O PSDB talvez seja hoje o partido que mais ocupa cargos estratégicos no governo federal. E esse namoro deve ir além da sustentação de seu governo, indicando ser a base de uma aliança para as eleições de 2018, junto também dos Democratas.
O presidente parece estar convencido de que seu time está ganhando e de que tem fôlego para resistir à crise econômica e à Lava-Jato, podendo chegar a 2018 com trunfos relativos à normalização do processo político, ao fim da inflação e à retomada – ainda que modesta – do crescimento econômico. Apostando em uma agenda de reformas, apontando para a melhoria do ambiente de negócios e apoiado em uma aliança PSDB-PMDB-DEM, Temer pode estar estruturando uma candidatura razoavelmente competitiva para 2018.
Alguns acontecimentos no início do ano indicam que o perfil de governo de Temer está se consolidando e deve se manter até a próxima eleição presidencial. Não existem sinais de guinada política ou mesmo de reforma ministerial.
Pilares de sua estratégia seguem sólidos. O primeiro deles é sua relação com o Congresso e o apoio de uma base ampla e razoavelmente fiel. Com isso, logrou ao longo de 2016 uma média de 71% de apoio nas votações de projetos de interesse do Palácio do Planalto, mesmo aqueles polêmicos e politicamente complexos, como a PEC do Teto de Gastos. A meta do governo, segundo o ministro Eliseu Padilha, é alcançar 88% de apoio. São esses resultados que dão condições para Temer apostar na aprovação, ainda este ano, de outras reformas e medidas até mais impopulares.
A vitória de Rodrigo Maia para presidência da Câmara dos Deputados – apoiado abertamente por Temer – é outra indicação dos rumos e da força do governo no Congresso. Temer é um profundo conhecedor da dinâmica política da casa – da qual foi três vezes presidente – e identificou em Maia um aliado importante para viabilizar suas medidas, mesmo não sendo de seu partido. Maia se elegeu em primeiro turno – com quase 300 votos – afirmando que tem uma prioridade clara: aprovar as reformas que, segundo ele, o Brasil precisa desesperadamente. É a agenda de Temer.
Outro pilar que segue firme desde o início do governo Temer é sua política macroeconômica. Única área do governo 100% blindada do jogo político, possui um líder inconteste, uma equipe técnica integralmente alinhada e uma agenda clara. A missão recebida pelo superministro Meirelles é retomar a política do tripé macroeconômico definido no governo FHC e seguida até o segundo governo de Lula: superávit primário fiscal, meta inflacionária e câmbio flutuante.
Ele conta para isso com a concordância e apoio explícito de todos seus subordinados, além do ministério do Planejamento, do Banco Central, do BNDES, do Banco do Brasil, da Petrobras, da Eletrobras e até do ministro da Indústria e Comércio que, em geral, tende a demandar flexibilizações dessas políticas. Inusitadamente, não se vê fogo amigo no governo contra Meirelles ou Banco Central, fato usual nos governos Lula e Dilma, mas também no de FHC. Também aqui parece existir pouca margem de dúvida que tal orientação deve prevalecer até 2018.
A aliança com o PSDB, que não era tão óbvia no início do mandato, vem se consolidando. Após um breve debate interno, no qual Alckmin chegou a sugerir apoio ao governo mas sem ocupar cargos ministeriais, o PSDB decidiu entrar no barco. Conquistou um conjunto expressivo de cargos, como o Itamaraty, o Ministério da Justiça, o Ministério das Cidades, além de um conjunto de gestores e técnicos claramente ligados ou identificados com o PSDB, desde o próprio Henrique Meirelles (embora hoje filiado ao PSD), até Ilan Goldfajn, Pedro Parente, Maria Silvia entre outros. Essa tendência foi confirmada com a indicação de Alexandre Moraes para a vaga aberta pela morte de Teori Zavascki no STF e a nomeação do deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA) para Secretaria do Governo.
Durante os primeiros meses de governo, Temer teve que compor tanto com o centrão como com os partidos “tradicionais”. Isso porque os dois grupos poderiam criar problemas para o Planalto por conta da sua expressividade numérica. Com a vitória do Maia no primeiro turno e o esfacelamento do centrão, que teve vários candidatos, essa preocupação deixa de existir. Agora, os partidos que compunham o centrão dialogam diretamente com o governo enquanto legendas individuais, e não como bloco partidário. Isso permite ao Temer tocar essa aliança com o PSDB (e também com o DEM) de forma mais natural e menos conflituosa do que com o restante da base.
O PSDB talvez seja hoje o partido que mais ocupa cargos estratégicos no governo federal. E esse namoro deve ir além da sustentação de seu governo, indicando ser a base de uma aliança para as eleições de 2018, junto também dos Democratas.
O presidente parece estar convencido de que seu time está ganhando e de que tem fôlego para resistir à crise econômica e à Lava-Jato, podendo chegar a 2018 com trunfos relativos à normalização do processo político, ao fim da inflação e à retomada – ainda que modesta – do crescimento econômico. Apostando em uma agenda de reformas, apontando para a melhoria do ambiente de negócios e apoiado em uma aliança PSDB-PMDB-DEM, Temer pode estar estruturando uma candidatura razoavelmente competitiva para 2018.