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Frente de centro esquerda nas eleições de 2018 pode ir para o 2º turno

Coalizão é uma forma de conceber uma plataforma mais pragmática de governo e apostar menos em caciquismos

Frente de esquerda: para colunista, a questão primordial a ser equacionada será o papel do PT nas eleições deste ano (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2018 às 13h07.

Última atualização em 4 de maio de 2018 às 11h54.

Com o ex-presidente Lula fora da corrida eleitoral de 2018, volta a questão de como as forças de esquerda e de centro-esquerda devem se apresentar nas próximas eleições. Esses partidos têm logrado nas últimas 4 eleições presidenciais entre 40% e 55% dos votos no primeiro turno. Dado o cenário de pulverização de centro e centro-direita – bem maior do que a pulverização da esquerda – caso os partidos de esquerda optem por uma estratégia baseada em ampla coalizão, suas chances de irem para o segundo turno será significativamente maior.

Tomando como referência os casos da América Latina, as forças de esquerda que foram mais bem-sucedidas eleitoral, ética e programaticamente foram aquelas que atuaram com base em coalizões. Destacam-se os casos do Chile com Concentración de Partidos por la Democracia e do Uruguai com Frente Ampla. Os que mais se degeneraram foram os que se basearam em partidos hegemônicos e em lideranças personificadas, com destaque para os casos da Argentina, Brasil e Venezuela – embora este último seja um caso extremado.

A atuação via amplas frentes de esquerda ou centro-esquerda não tem sido efetiva apenas eleitoralmente. Ela tem funcionado como forma de equilibrar políticas e plataformas e evitar a perpetuação de mesmos grupos no poder. No caso chileno, a inclusão de importantes forças políticas liberais – até da democracia-cristã – foi fator determinante para acessar o eleitorado de centro e para moderar as opções políticas. A rotatividade de lideranças evitou que esquemas de corrupção ou alianças espúrias prosperassem.

No Brasil, a figura dominante de Lula e a posição hegemônica do PT não permitiram que a opção de uma frente de centro-esquerda florescesse. As exceções têm sido o apoio local ao PSB em Pernambuco e ao PCdoB no Maranhão. A promessa ao PSB de que ele poderia vir a liderar a chapa presidencial de 2010 não foi cumprida. Pior, na eminência de esse partido ser alijado do poder após o escândalo do mensalão, optou-se por estruturar uma coalizão com os grupos mais corruptos e fisiológicos do leque partidário existente no Brasil.

Existe muito mais entusiasmo em viabilizar uma frente de centro-esquerda por parte dos líderes dos institutos e coordenadores de programas de governo do PT, PDT, PSB, PCdoB e mesmo PSOL, do que por parte das lideranças políticas desses partidos. Ocorreram, inclusive, várias reuniões desde o início deste ano entre as equipes técnicas desses partidos. Porém, essas equipes não receberam, até o momento, sinal verde para avançar de forma mais efetiva.

A questão primordial a ser equacionada, pensando-se num cenário eleitoral com uma frente de esquerda, será o papel do PT. Além de maior partido desse segmento, o PT segue indicando ter o maior potencial eleitoral. Mas, igualmente críticas serão as posturas de Ciro Gomes e do PSB. O PT exigirá razoável compensação para abrir mão de liderar a chapa presidencial. O mais lógico é que concentre suas forças na eleição de uma bancada federal, para que não ocorra, no nível federal, o recuo ocorrido nas eleições municipais de 2016.

Já o PDT não tem ambição de uma bancada muito ampla e deve mesmo colocar na candidatura de Ciro Gomes todas as suas fichas. É difícil imaginar Ciro Gomes aceitando ser candidato a vice. Da parte do PSB tudo depende da decisão de ter Joaquim Barbosa como candidato ou não. O partido segue dividido. A maior dissidência no momento é do atual governador de São Paulo – e candidato à reeleição – Márcio França. O PCdoB e o PSOL – com menos de 1% das intenções de votos – têm menos opções dado o baixo poder de barganha de que dispõem.

Caso esses partidos sejam capazes de costurar uma coalizão ampla, sua recompensa será – com um bom grau de certeza – uma vaga no segundo turno. Passar dessa fase para vitória no segundo turno já é um pouco mais complicado. Irá depender fundamentalmente do perfil do concorrente que irá ocupar a segunda vaga nesse pleito. O melhor cenário para a centro-esquerda seria uma disputa com Bolsonaro, aliás, como já comentou Lula.

Como os casos do Chile e do Uruguai indicam, a opção por uma coalizão não é apenas eleitoral. Trata-se também de uma forma de conceber uma plataforma mais pragmática de governo e apostar menos em caciquismos. É uma forma de os grupos políticos de esquerda colocarem mecanismos de proteção contra seus próprios vícios.

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Com o ex-presidente Lula fora da corrida eleitoral de 2018, volta a questão de como as forças de esquerda e de centro-esquerda devem se apresentar nas próximas eleições. Esses partidos têm logrado nas últimas 4 eleições presidenciais entre 40% e 55% dos votos no primeiro turno. Dado o cenário de pulverização de centro e centro-direita – bem maior do que a pulverização da esquerda – caso os partidos de esquerda optem por uma estratégia baseada em ampla coalizão, suas chances de irem para o segundo turno será significativamente maior.

Tomando como referência os casos da América Latina, as forças de esquerda que foram mais bem-sucedidas eleitoral, ética e programaticamente foram aquelas que atuaram com base em coalizões. Destacam-se os casos do Chile com Concentración de Partidos por la Democracia e do Uruguai com Frente Ampla. Os que mais se degeneraram foram os que se basearam em partidos hegemônicos e em lideranças personificadas, com destaque para os casos da Argentina, Brasil e Venezuela – embora este último seja um caso extremado.

A atuação via amplas frentes de esquerda ou centro-esquerda não tem sido efetiva apenas eleitoralmente. Ela tem funcionado como forma de equilibrar políticas e plataformas e evitar a perpetuação de mesmos grupos no poder. No caso chileno, a inclusão de importantes forças políticas liberais – até da democracia-cristã – foi fator determinante para acessar o eleitorado de centro e para moderar as opções políticas. A rotatividade de lideranças evitou que esquemas de corrupção ou alianças espúrias prosperassem.

No Brasil, a figura dominante de Lula e a posição hegemônica do PT não permitiram que a opção de uma frente de centro-esquerda florescesse. As exceções têm sido o apoio local ao PSB em Pernambuco e ao PCdoB no Maranhão. A promessa ao PSB de que ele poderia vir a liderar a chapa presidencial de 2010 não foi cumprida. Pior, na eminência de esse partido ser alijado do poder após o escândalo do mensalão, optou-se por estruturar uma coalizão com os grupos mais corruptos e fisiológicos do leque partidário existente no Brasil.

Existe muito mais entusiasmo em viabilizar uma frente de centro-esquerda por parte dos líderes dos institutos e coordenadores de programas de governo do PT, PDT, PSB, PCdoB e mesmo PSOL, do que por parte das lideranças políticas desses partidos. Ocorreram, inclusive, várias reuniões desde o início deste ano entre as equipes técnicas desses partidos. Porém, essas equipes não receberam, até o momento, sinal verde para avançar de forma mais efetiva.

A questão primordial a ser equacionada, pensando-se num cenário eleitoral com uma frente de esquerda, será o papel do PT. Além de maior partido desse segmento, o PT segue indicando ter o maior potencial eleitoral. Mas, igualmente críticas serão as posturas de Ciro Gomes e do PSB. O PT exigirá razoável compensação para abrir mão de liderar a chapa presidencial. O mais lógico é que concentre suas forças na eleição de uma bancada federal, para que não ocorra, no nível federal, o recuo ocorrido nas eleições municipais de 2016.

Já o PDT não tem ambição de uma bancada muito ampla e deve mesmo colocar na candidatura de Ciro Gomes todas as suas fichas. É difícil imaginar Ciro Gomes aceitando ser candidato a vice. Da parte do PSB tudo depende da decisão de ter Joaquim Barbosa como candidato ou não. O partido segue dividido. A maior dissidência no momento é do atual governador de São Paulo – e candidato à reeleição – Márcio França. O PCdoB e o PSOL – com menos de 1% das intenções de votos – têm menos opções dado o baixo poder de barganha de que dispõem.

Caso esses partidos sejam capazes de costurar uma coalizão ampla, sua recompensa será – com um bom grau de certeza – uma vaga no segundo turno. Passar dessa fase para vitória no segundo turno já é um pouco mais complicado. Irá depender fundamentalmente do perfil do concorrente que irá ocupar a segunda vaga nesse pleito. O melhor cenário para a centro-esquerda seria uma disputa com Bolsonaro, aliás, como já comentou Lula.

Como os casos do Chile e do Uruguai indicam, a opção por uma coalizão não é apenas eleitoral. Trata-se também de uma forma de conceber uma plataforma mais pragmática de governo e apostar menos em caciquismos. É uma forma de os grupos políticos de esquerda colocarem mecanismos de proteção contra seus próprios vícios.

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