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Avançar em inovação é a chave para nossa estabilidade democrática

Após uma década com a agenda nacional focada em estabilização macroeconômica e reforma do estado, e outra focada em crescimento e mercado interno, o Brasil se defronta agora com uma terceira fase do ciclo econômico iniciado em meados da década de 90, cujo foco é o ganho de produtividade e a inserção brasileira no mercado […]

TRABALHADORES CHINESES: como não parece ser nossa vocação competir em preço e escala com a China, resta-nos buscar avançar na outra ponta, a da inovação / Thomas Peter/ Reuters
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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 09h55.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h02.

Após uma década com a agenda nacional focada em estabilização macroeconômica e reforma do estado, e outra focada em crescimento e mercado interno, o Brasil se defronta agora com uma terceira fase do ciclo econômico iniciado em meados da década de 90, cujo foco é o ganho de produtividade e a inserção brasileira no mercado internacional. A nova agenda, embora de óbvio caráter econômico, deve ser vista como chave para a estabilidade política e normalidade democrática.

Em um país de renda média e alto grau de desigualdade, a estabilidade política depende de ganhos econômicos e certa mobilidade social. O baixo crescimento, como o atual, tende a elevar os conflitos distributivos e, consequentemente, a tensão social. Assim como outros países democráticos com baixa produtividade, os grandes desafios do Brasil são fazer ajustes econômicos e ganhar competitividade sem sacrificar os ganhos sociais conquistados nas últimas décadas.

Um dos fatores que tem motivado esse debate é a presença crescente de empresas e produtos chineses no mercado brasileiro e nos países vizinhos. Se nosso problema fossem as práticas de comércio desleais da China, a solução seria fácil. Bastariam políticas agressivas de antidumping e medidas compensatórias. Porém a presença chinesa é um sintoma, e não a causa, dos problemas estruturais enfrentados pela economia brasileira.

O Brasil é pressionado, de um lado, pelo padrão de produtividade da China, adotado também por um conjunto amplo de países, principalmente no sudeste asiático, tais como Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã. De outro, pelo avanço tecnológico da 4ª revolução industrial.

Em relação ao padrão de produtividade, o Brasil já não consegue se inserir internacionalmente com uma estratégia baseada em salários baixos, abundância de mão de obra e regimes ambientais e sociais permissivos. Os países asiáticos que ocuparam esse nicho compensaram a baixa competitividade pela enorme disponibilidade de recursos humanos e naturais. No nosso caso, a própria evolução recente das condições de vida no país e de seus padrões regulatórios eliminaram essa possibilidade.

Já a adequação à 4ª revolução tecnológica exigiria mão de obra qualificada, um ambiente de negócios dinâmico e empreendedor, além de uma infraestrutura de inovação. A competição nesse segmento é acirrada e obriga as empresas a operarem em cadeias globais e integradas.

Como não parece ser nossa vocação competir em preço e escala com a China e demais países asiáticos nos segmentos industrias de menor complexidade, resta-nos buscar avançar na outra ponta, a da inovação tecnológica, sofisticação empresarial e mercadológica, incluindo serviços de ponta e capacidade financeira.

Isso não é apenas um imperativo econômico e empresarial, mas a chave para seguirmos consolidando o processo democrático no país e manter as políticas sociais necessárias.

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Após uma década com a agenda nacional focada em estabilização macroeconômica e reforma do estado, e outra focada em crescimento e mercado interno, o Brasil se defronta agora com uma terceira fase do ciclo econômico iniciado em meados da década de 90, cujo foco é o ganho de produtividade e a inserção brasileira no mercado internacional. A nova agenda, embora de óbvio caráter econômico, deve ser vista como chave para a estabilidade política e normalidade democrática.

Em um país de renda média e alto grau de desigualdade, a estabilidade política depende de ganhos econômicos e certa mobilidade social. O baixo crescimento, como o atual, tende a elevar os conflitos distributivos e, consequentemente, a tensão social. Assim como outros países democráticos com baixa produtividade, os grandes desafios do Brasil são fazer ajustes econômicos e ganhar competitividade sem sacrificar os ganhos sociais conquistados nas últimas décadas.

Um dos fatores que tem motivado esse debate é a presença crescente de empresas e produtos chineses no mercado brasileiro e nos países vizinhos. Se nosso problema fossem as práticas de comércio desleais da China, a solução seria fácil. Bastariam políticas agressivas de antidumping e medidas compensatórias. Porém a presença chinesa é um sintoma, e não a causa, dos problemas estruturais enfrentados pela economia brasileira.

O Brasil é pressionado, de um lado, pelo padrão de produtividade da China, adotado também por um conjunto amplo de países, principalmente no sudeste asiático, tais como Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã. De outro, pelo avanço tecnológico da 4ª revolução industrial.

Em relação ao padrão de produtividade, o Brasil já não consegue se inserir internacionalmente com uma estratégia baseada em salários baixos, abundância de mão de obra e regimes ambientais e sociais permissivos. Os países asiáticos que ocuparam esse nicho compensaram a baixa competitividade pela enorme disponibilidade de recursos humanos e naturais. No nosso caso, a própria evolução recente das condições de vida no país e de seus padrões regulatórios eliminaram essa possibilidade.

Já a adequação à 4ª revolução tecnológica exigiria mão de obra qualificada, um ambiente de negócios dinâmico e empreendedor, além de uma infraestrutura de inovação. A competição nesse segmento é acirrada e obriga as empresas a operarem em cadeias globais e integradas.

Como não parece ser nossa vocação competir em preço e escala com a China e demais países asiáticos nos segmentos industrias de menor complexidade, resta-nos buscar avançar na outra ponta, a da inovação tecnológica, sofisticação empresarial e mercadológica, incluindo serviços de ponta e capacidade financeira.

Isso não é apenas um imperativo econômico e empresarial, mas a chave para seguirmos consolidando o processo democrático no país e manter as políticas sociais necessárias.

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