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Alckmin já aposta todas as suas fichas em 2018

Com a aprovação do impeachment e os resultados das eleições municipais, os tucanos, em paralelo às movimentações do PT e do grupo de Temer, dão início à corrida presidencial sob a forte marca de divisão interna, mais uma vez. Por ser um partido de lideranças regionais e escassa unidade nacional, o PSDB repete agora a […]

alckmin (José Cruz/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2016 às 10h19.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h09.

Com a aprovação do impeachment e os resultados das eleições municipais, os tucanos, em paralelo às movimentações do PT e do grupo de Temer, dão início à corrida presidencial sob a forte marca de divisão interna, mais uma vez.

Por ser um partido de lideranças regionais e escassa unidade nacional, o PSDB repete agora a mesma trajetória das eleições passadas: uma disputa interna acirrada, pouco mediada por instâncias partidárias e orientada por grupos estaduais distintos e alianças externas à legenda.

No limite, como ocorreu nas primárias das eleições para a prefeitura de São Paulo, a ameaça, novamente, é que o grupo perdedor deixe o partido para se alojar em algum dos aliados.

Tendo as eleições presidenciais como referência, as disputas internas começaram com a resistência de Alckmin à participação do PSDB na base do governo Temer no Congresso e, ainda mais, nos ministérios. Ele acabou cedendo, mas determinou, em contrapartida, condições e prazos máximos para o partido deixar a coalizão. Afinal, um envolvimento muito próximo ou muito longo com o governo atual prejudica a possibilidade de uma candidatura independente e, se necessária, contra o candidato governista.

O debate esquentou após os resultados das eleições, quando o PSDB saiu como o segundo partido com mais prefeituras, atrás apenas do PMDB, além da condição privilegiada de governar as maiores fatias de orçamento e de população municipal. Nesse contexto, Alckmin foi particularmente relevante e, naturalmente, ganhou força na disputa interna.

O governador paulista, que, vale lembrar, venceu as eleições no primeiro turno, obteve resultados surpreendentes nas eleições municipais de São Paulo, da região metropolitana e do interior do estado. Já Aécio Neves perdeu o governo de Minas Gerais em 2014 e as eleições presidenciais no seu próprio estado. Também não conseguiu atingir os mesmos resultados nas eleições municipais que seu concorrente de partido. Fica evidente, portanto, que Alckmin dispõe de maior densidade eleitoral que outras lideranças tucanas.

Os “tucanos de alta plumagem”, como é conhecido o grupo autêntico do PSDB, controlam a máquina partidária nacional desde a sua criação e têm uma aliança sólida com Aécio Neves e lideranças do partido no Ceará, Paraná e Goiás. Alckmin se ressente de não fazer parte desse grupo e, além do mais, de ser, com frequência, preterido das decisões estratégicas.

Entretanto, é no campo ideológico que as diferenças entre Alckmin e lideranças tradicionais do PSDB – que flertam com uma visão liberal moderna e uma pitada de social-democracia – são mais fortes. O governador paulista tem poucas relações com os intelectuais e universitários que frequentam as salas dos tucanos tradicionais, assim como se distingue por não cultivar qualquer conexão com lideranças e think tanks internacionais.

Alckmin não esconde que seu objetivo é ser o candidato do PSDB em 2018, em aliança com outros partidos da sua base paulista, com destaque para o PSB. Para isso, conta com uma ótima base eleitoral e agora está buscando apoio partidário em nível nacional. Sua estratégia passa pela eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados e pela convenção nacional do PSDB, ambas no início do ano que vem.

Alckmin não parece estar blefando e já mostrou que irá jogar com todas suas fichas. Em qualquer cenário de disputa, as chances de rupturas não são pequenas.

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Com a aprovação do impeachment e os resultados das eleições municipais, os tucanos, em paralelo às movimentações do PT e do grupo de Temer, dão início à corrida presidencial sob a forte marca de divisão interna, mais uma vez.

Por ser um partido de lideranças regionais e escassa unidade nacional, o PSDB repete agora a mesma trajetória das eleições passadas: uma disputa interna acirrada, pouco mediada por instâncias partidárias e orientada por grupos estaduais distintos e alianças externas à legenda.

No limite, como ocorreu nas primárias das eleições para a prefeitura de São Paulo, a ameaça, novamente, é que o grupo perdedor deixe o partido para se alojar em algum dos aliados.

Tendo as eleições presidenciais como referência, as disputas internas começaram com a resistência de Alckmin à participação do PSDB na base do governo Temer no Congresso e, ainda mais, nos ministérios. Ele acabou cedendo, mas determinou, em contrapartida, condições e prazos máximos para o partido deixar a coalizão. Afinal, um envolvimento muito próximo ou muito longo com o governo atual prejudica a possibilidade de uma candidatura independente e, se necessária, contra o candidato governista.

O debate esquentou após os resultados das eleições, quando o PSDB saiu como o segundo partido com mais prefeituras, atrás apenas do PMDB, além da condição privilegiada de governar as maiores fatias de orçamento e de população municipal. Nesse contexto, Alckmin foi particularmente relevante e, naturalmente, ganhou força na disputa interna.

O governador paulista, que, vale lembrar, venceu as eleições no primeiro turno, obteve resultados surpreendentes nas eleições municipais de São Paulo, da região metropolitana e do interior do estado. Já Aécio Neves perdeu o governo de Minas Gerais em 2014 e as eleições presidenciais no seu próprio estado. Também não conseguiu atingir os mesmos resultados nas eleições municipais que seu concorrente de partido. Fica evidente, portanto, que Alckmin dispõe de maior densidade eleitoral que outras lideranças tucanas.

Os “tucanos de alta plumagem”, como é conhecido o grupo autêntico do PSDB, controlam a máquina partidária nacional desde a sua criação e têm uma aliança sólida com Aécio Neves e lideranças do partido no Ceará, Paraná e Goiás. Alckmin se ressente de não fazer parte desse grupo e, além do mais, de ser, com frequência, preterido das decisões estratégicas.

Entretanto, é no campo ideológico que as diferenças entre Alckmin e lideranças tradicionais do PSDB – que flertam com uma visão liberal moderna e uma pitada de social-democracia – são mais fortes. O governador paulista tem poucas relações com os intelectuais e universitários que frequentam as salas dos tucanos tradicionais, assim como se distingue por não cultivar qualquer conexão com lideranças e think tanks internacionais.

Alckmin não esconde que seu objetivo é ser o candidato do PSDB em 2018, em aliança com outros partidos da sua base paulista, com destaque para o PSB. Para isso, conta com uma ótima base eleitoral e agora está buscando apoio partidário em nível nacional. Sua estratégia passa pela eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados e pela convenção nacional do PSDB, ambas no início do ano que vem.

Alckmin não parece estar blefando e já mostrou que irá jogar com todas suas fichas. Em qualquer cenário de disputa, as chances de rupturas não são pequenas.

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