A dança dos números e a fragmentação da direita
A fragmentação do centro-direita é o maior fator de risco dessas eleições e o que mais fomenta uma polarização nas eleições presidenciais
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2018 às 11h49.
A pesquisa DataFolha divulgada nesse final de semana, volta a reforçar que o tema central das próximas eleições presidenciais é a dispersão dos votos, principalmente, no campo da centro-direita. Visto de longe, o cenário atual lembra o ocorrido em 1989, mas é impossível pensar as eleições desse ano sem considerar os elementos estruturais envolvidos, principalmente, tempo de TV, estrutura partidária, rede de prefeitos e lideranças locais. Sendo 1989 uma eleição “descasada” e a primeira eleição direta após a ditadura, esses elementos estavam basicamente ausentes.
Hoje temos notícia de quase 18 pré-candidatos sendo 14 deles entre centro e centro-direita e apenas quatro de centro-esquerda. Não apenas o campo da esquerda é menos fragmentado, como o fenômeno Lula e a máquina do PT são claramente dominantes. Lula só perde para os indecisos, brancos e nulos. Juntos, são mais de 2/3 dos eleitores. Sobra o último terço para ser dividido entre todos candidatos de centro e de direita.
Dos candidatos viáveis no campo da centro-direita apenas Alckmin tem condições de chegar ao segundo turno. Rodrigo Maia (DEM) já deu todos sinais que almeja mesmo a presidência da Câmara por mais 2 anos. O MDB, desde 1989 não apresenta candidato a presidente e reserva suas energias eleitorais para sua base parlamentar. Henrique Meirelles não parece ter condições de reverter essa tendência. Álvaro Dias, se seguir até o final das eleições sem partido minimamente estruturado e sem recursos, deve perder parte dos 5% de intenções de votos que tem hoje. João Amoedo, Flávio Rocha, Paulo Rabelo de Castro e Guilherme Afif, seguirão nanicos nas eleições.
Essa fragmentação fragiliza todos candidatos de centro-direita e rebaixa a média de votos de todos eles no 1º turno. Existe entre eles basicamente uma relação de canibalismo. Isso ocorrendo, abre espaço para candidatos tanto à esquerda como mais à direita conquistarem votos. É o caso de Jair Bolsonaro.
Dada a posição ideológica de extrema direita, Bolsonaro se posiciona em um eleitorado que historicamente representa cerca de 10% do total. Mas, com a enorme crise da centro-direita, esse candidato busca atrair o eleitorado anti establishment. Ou seja, aquele que independentemente de preferências ideológicas, está buscando algo novo fora das opções políticas tradicionais.
Porém, Bolsonaro é um ator isolado politicamente, circula por partidos nanicos, é do chamado “baixo clero” do Congresso, não tem apoio de grupos organizados da sociedade civil nem empresarial. Seu partido minúsculo que garantirá menos de 30 segundos de TV por dia, e pouco mais de 9 milhões de reais para fazer campanha. Não será fácil fazer sustentar uma campanha nacional em um país com as dimensões do Brasil sem um mínimo de estrutura.
Diante dessa dispersão apenas Geraldo Alckmin colocou como centro de sua estratégia buscar costurar uma coalizão representativa tentando ocupar o centro e a centro-direita. Todos os demais nesse campo ideológico seguem focando em caçar eleitores. Partidos como o Democratas estão ativos buscando se credenciar como bons aliados, mas não tem condições de liderar a formação de coalizões, dado que não tem candidato em condições de ser cabeça de chapa. O PSDB já acertou o apoio de PSD, PPS e PTB. Sua principal missão até julho é atrair o DEM e o MDB. O PP, PR e PRB ainda seguem incógnitas.
Mas, Alckmin está nitidamente enfrentando um inferno astral e não logrou ainda ultrapassar a barreira dos 7%. As acusações e condenações do senador Aécio Neves e do ex-governador de Minas Gerais, Azeredo, mais os escândalos envolvendo o PSDB em SP, minam sua imagem, cujo desgaste – ao contrário de Lula e do PT – ainda não se esgotou. O eleitorado nordestino segue também mostrando enorme resistência ao seu nome. Alckmin só furará esse cerco via uma coalizão robusta e bem articulada. Até o momento, essa coalizão está apenas parcialmente estruturada.
A pesquisa DataFolha desse final de semana, indicou que a disputa pela centro-direita está em aberto. Os números sugerem que Bolsonaro – com 19% das intenções de votos – chegou perto de seu teto e tende a ser derrotado nos vários cenários de segundo turno. O crescimento da Marina – que saltou para 15% nos cenários sem Lula – sinaliza a busca dos eleitores por alguém mais próximo do centro. Mas, as chances da ex-senadora sustentar-se como alternativa viável são mínimas.
A fragmentação do centro-direita é o maior fator de risco dessas eleições e o que mais fomenta uma polarização nas eleições presidenciais. Sua superação depende, no melhor caso, da montagem de uma coalizão robusta entorno dos partidos mais próximos programaticamente. Não se viabilizando esse cenário, uma forte indefinição tende a se arrastar até as vésperas do 1º turno e a dinâmica dominante será uma disputa acirrada entre os candidatos pelo voto útil.
A pesquisa DataFolha divulgada nesse final de semana, volta a reforçar que o tema central das próximas eleições presidenciais é a dispersão dos votos, principalmente, no campo da centro-direita. Visto de longe, o cenário atual lembra o ocorrido em 1989, mas é impossível pensar as eleições desse ano sem considerar os elementos estruturais envolvidos, principalmente, tempo de TV, estrutura partidária, rede de prefeitos e lideranças locais. Sendo 1989 uma eleição “descasada” e a primeira eleição direta após a ditadura, esses elementos estavam basicamente ausentes.
Hoje temos notícia de quase 18 pré-candidatos sendo 14 deles entre centro e centro-direita e apenas quatro de centro-esquerda. Não apenas o campo da esquerda é menos fragmentado, como o fenômeno Lula e a máquina do PT são claramente dominantes. Lula só perde para os indecisos, brancos e nulos. Juntos, são mais de 2/3 dos eleitores. Sobra o último terço para ser dividido entre todos candidatos de centro e de direita.
Dos candidatos viáveis no campo da centro-direita apenas Alckmin tem condições de chegar ao segundo turno. Rodrigo Maia (DEM) já deu todos sinais que almeja mesmo a presidência da Câmara por mais 2 anos. O MDB, desde 1989 não apresenta candidato a presidente e reserva suas energias eleitorais para sua base parlamentar. Henrique Meirelles não parece ter condições de reverter essa tendência. Álvaro Dias, se seguir até o final das eleições sem partido minimamente estruturado e sem recursos, deve perder parte dos 5% de intenções de votos que tem hoje. João Amoedo, Flávio Rocha, Paulo Rabelo de Castro e Guilherme Afif, seguirão nanicos nas eleições.
Essa fragmentação fragiliza todos candidatos de centro-direita e rebaixa a média de votos de todos eles no 1º turno. Existe entre eles basicamente uma relação de canibalismo. Isso ocorrendo, abre espaço para candidatos tanto à esquerda como mais à direita conquistarem votos. É o caso de Jair Bolsonaro.
Dada a posição ideológica de extrema direita, Bolsonaro se posiciona em um eleitorado que historicamente representa cerca de 10% do total. Mas, com a enorme crise da centro-direita, esse candidato busca atrair o eleitorado anti establishment. Ou seja, aquele que independentemente de preferências ideológicas, está buscando algo novo fora das opções políticas tradicionais.
Porém, Bolsonaro é um ator isolado politicamente, circula por partidos nanicos, é do chamado “baixo clero” do Congresso, não tem apoio de grupos organizados da sociedade civil nem empresarial. Seu partido minúsculo que garantirá menos de 30 segundos de TV por dia, e pouco mais de 9 milhões de reais para fazer campanha. Não será fácil fazer sustentar uma campanha nacional em um país com as dimensões do Brasil sem um mínimo de estrutura.
Diante dessa dispersão apenas Geraldo Alckmin colocou como centro de sua estratégia buscar costurar uma coalizão representativa tentando ocupar o centro e a centro-direita. Todos os demais nesse campo ideológico seguem focando em caçar eleitores. Partidos como o Democratas estão ativos buscando se credenciar como bons aliados, mas não tem condições de liderar a formação de coalizões, dado que não tem candidato em condições de ser cabeça de chapa. O PSDB já acertou o apoio de PSD, PPS e PTB. Sua principal missão até julho é atrair o DEM e o MDB. O PP, PR e PRB ainda seguem incógnitas.
Mas, Alckmin está nitidamente enfrentando um inferno astral e não logrou ainda ultrapassar a barreira dos 7%. As acusações e condenações do senador Aécio Neves e do ex-governador de Minas Gerais, Azeredo, mais os escândalos envolvendo o PSDB em SP, minam sua imagem, cujo desgaste – ao contrário de Lula e do PT – ainda não se esgotou. O eleitorado nordestino segue também mostrando enorme resistência ao seu nome. Alckmin só furará esse cerco via uma coalizão robusta e bem articulada. Até o momento, essa coalizão está apenas parcialmente estruturada.
A pesquisa DataFolha desse final de semana, indicou que a disputa pela centro-direita está em aberto. Os números sugerem que Bolsonaro – com 19% das intenções de votos – chegou perto de seu teto e tende a ser derrotado nos vários cenários de segundo turno. O crescimento da Marina – que saltou para 15% nos cenários sem Lula – sinaliza a busca dos eleitores por alguém mais próximo do centro. Mas, as chances da ex-senadora sustentar-se como alternativa viável são mínimas.
A fragmentação do centro-direita é o maior fator de risco dessas eleições e o que mais fomenta uma polarização nas eleições presidenciais. Sua superação depende, no melhor caso, da montagem de uma coalizão robusta entorno dos partidos mais próximos programaticamente. Não se viabilizando esse cenário, uma forte indefinição tende a se arrastar até as vésperas do 1º turno e a dinâmica dominante será uma disputa acirrada entre os candidatos pelo voto útil.