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O Super Consumidor

Somos todos consumidores. Mas consumimos o que necessitamos ou o que é oportuno?

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LB

Leonardo Barci

Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 04h00.

Última atualização em 9 de dezembro de 2019 às 05h00.

Há alguns anos tive oportunidade de assistir ao documentário- arteSamsara ” (2011).

Como um espelho a nossa frente, o filme nos guia em cada aspecto daquilo que caracteriza nossa presença como seres humanos neste planeta.

Contrastando a algo tão profundo como um filme de quase duas horas sem uma única palavra, alguns poucos anos depois, em 2015, um novo documentário é lançado – Humans – the Movie - mas, desta vez, com curtas entrevistas com pessoas de todos os lugares do mundo contando suas histórias.

Durante séculos mestres como Picasso, Leonardo Da Vinci, Mozart, Dante Alighieri, Shakespeare, apenas para citar alguns poucos, através de suas artes, nos deram a oportunidade de olhar para nós mesmos de maneira isenta e distante. Bem, eventualmente, nem tão distante assim. O fato é que a arte e suas expressões como uma crítica social tinham o seu momento de criação, um tempo para se espalhar, ser compreendida, e eventualmente, influenciar o comportamento social. Isso, entretanto, demorava décadas ou até mesmo séculos para ter algum efeito.

Em um mundo conectado, muito por conta de documentários produzidos pelo Netflix e serviços alternativos de streaming como Gaia.com e Curiosity Stream, estamos tendo a oportunidade de compreender melhor os efeitos que uma sociedade de consumo está gerando de bom e de ruim em um tempo bem menor.

Em tempos de Black Friday, pode até soar estranho falar de consumo consciente.

Como sociedade, tenho a impressão de que não estamos escolhendo ‘errado’ o que fazer, mas talvez o como.

Já faz alguns anos que novos negócios surgem mais por oportunidade do que por necessidade. Isso significa que os empreendimentos nascem cada vez mais com uma conexão com um grupo de clientes. Esse fato para mim reforça o acerto neste o que.

Nosso erro social, a meu ver, está em deixar que o negócio se torne maior do que a necessidade real.

Para evitar fazer crítica a qualquer empresa ou segmento, reflita por um instante a complexidade das grandes indústrias do mundo, e o quanto elas movimentam de recursos fazendo looby para que suas políticas comerciais e suas metas sejam cumpridas. Se você acha que isso que escrevo possa ser exagero, talvez valha uma leitura rápida no livro The Story of Stuff . Vale ainda lembrar que no passado, o cigarro não fazia mal!

Embora este artigo possa parecer um alerta para os consumidores, na verdade ele é um alerta para as empresas.

Quanto mais acesso à informação isenta e não enviesada vamos gravando na grande rede, mais o consumidor vai se dando conta de que tem: 1) capacidade de tomar melhores decisões; 2) poder de escolha. Este consumidor agora não é mais um espectador passivo, seguindo as previsões de Toffler, ele é agora um prosumer .

E qual então pode ser um caminho de solução para algo tão complexo e que já está aí posto?

Ainda por um tempo acredito que a propaganda terá um papel de destaque no cenário da comunicação. Nos últimos 20 anos, entretanto, a propaganda vem dando espaço, dentro dos meios digitais, para o inbound marketing (sim, existem outros caminhos de solução, mas acredito que o inbound traduz muito bem a necessidade/capacidade de gerar conteúdo relevante, uma espécie de ‘diálogo indireto’ com o consumidor).

Como tudo em nossa sociedade, estamos passando por uma espécie de exagero também com o inbound marketing. Tem sido frequente receber ‘e-mails pessoais’ de alguém que ‘conhece’ o destinatário, mas com a mensagem de rodapé “clique aqui para sair da lista.”

Estamos tentando exponenciar tudo, do transporte ao hotel, da abertura de empresas ao disparo de e-mails.

Meu sentimento é que falta exatamente isso: sentimento.

O primeiro passo para se iniciar um novo negócio ainda é o mesmo de muitos anos atrás: “Por que fazemos (ou iremos fazer) o que fazemos?”

Minha provocação é que sim, chegamos à resposta de que definindo uma meta ousada podemos chegar com uma empresa e um produto a todos os cantos do planeta.

Ao invés de criarmos super consumidores, talvez seja o momento de contribuirmos para ‘construção’ de um ser humano melhor, mais autoconsciente – de si e de seu entorno.

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Há alguns anos tive oportunidade de assistir ao documentário- arteSamsara ” (2011).

Como um espelho a nossa frente, o filme nos guia em cada aspecto daquilo que caracteriza nossa presença como seres humanos neste planeta.

Contrastando a algo tão profundo como um filme de quase duas horas sem uma única palavra, alguns poucos anos depois, em 2015, um novo documentário é lançado – Humans – the Movie - mas, desta vez, com curtas entrevistas com pessoas de todos os lugares do mundo contando suas histórias.

Durante séculos mestres como Picasso, Leonardo Da Vinci, Mozart, Dante Alighieri, Shakespeare, apenas para citar alguns poucos, através de suas artes, nos deram a oportunidade de olhar para nós mesmos de maneira isenta e distante. Bem, eventualmente, nem tão distante assim. O fato é que a arte e suas expressões como uma crítica social tinham o seu momento de criação, um tempo para se espalhar, ser compreendida, e eventualmente, influenciar o comportamento social. Isso, entretanto, demorava décadas ou até mesmo séculos para ter algum efeito.

Em um mundo conectado, muito por conta de documentários produzidos pelo Netflix e serviços alternativos de streaming como Gaia.com e Curiosity Stream, estamos tendo a oportunidade de compreender melhor os efeitos que uma sociedade de consumo está gerando de bom e de ruim em um tempo bem menor.

Em tempos de Black Friday, pode até soar estranho falar de consumo consciente.

Como sociedade, tenho a impressão de que não estamos escolhendo ‘errado’ o que fazer, mas talvez o como.

Já faz alguns anos que novos negócios surgem mais por oportunidade do que por necessidade. Isso significa que os empreendimentos nascem cada vez mais com uma conexão com um grupo de clientes. Esse fato para mim reforça o acerto neste o que.

Nosso erro social, a meu ver, está em deixar que o negócio se torne maior do que a necessidade real.

Para evitar fazer crítica a qualquer empresa ou segmento, reflita por um instante a complexidade das grandes indústrias do mundo, e o quanto elas movimentam de recursos fazendo looby para que suas políticas comerciais e suas metas sejam cumpridas. Se você acha que isso que escrevo possa ser exagero, talvez valha uma leitura rápida no livro The Story of Stuff . Vale ainda lembrar que no passado, o cigarro não fazia mal!

Embora este artigo possa parecer um alerta para os consumidores, na verdade ele é um alerta para as empresas.

Quanto mais acesso à informação isenta e não enviesada vamos gravando na grande rede, mais o consumidor vai se dando conta de que tem: 1) capacidade de tomar melhores decisões; 2) poder de escolha. Este consumidor agora não é mais um espectador passivo, seguindo as previsões de Toffler, ele é agora um prosumer .

E qual então pode ser um caminho de solução para algo tão complexo e que já está aí posto?

Ainda por um tempo acredito que a propaganda terá um papel de destaque no cenário da comunicação. Nos últimos 20 anos, entretanto, a propaganda vem dando espaço, dentro dos meios digitais, para o inbound marketing (sim, existem outros caminhos de solução, mas acredito que o inbound traduz muito bem a necessidade/capacidade de gerar conteúdo relevante, uma espécie de ‘diálogo indireto’ com o consumidor).

Como tudo em nossa sociedade, estamos passando por uma espécie de exagero também com o inbound marketing. Tem sido frequente receber ‘e-mails pessoais’ de alguém que ‘conhece’ o destinatário, mas com a mensagem de rodapé “clique aqui para sair da lista.”

Estamos tentando exponenciar tudo, do transporte ao hotel, da abertura de empresas ao disparo de e-mails.

Meu sentimento é que falta exatamente isso: sentimento.

O primeiro passo para se iniciar um novo negócio ainda é o mesmo de muitos anos atrás: “Por que fazemos (ou iremos fazer) o que fazemos?”

Minha provocação é que sim, chegamos à resposta de que definindo uma meta ousada podemos chegar com uma empresa e um produto a todos os cantos do planeta.

Ao invés de criarmos super consumidores, talvez seja o momento de contribuirmos para ‘construção’ de um ser humano melhor, mais autoconsciente – de si e de seu entorno.

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