O Dono da Bola
Quem você acha que é o dono da bola na sua empresa? Não, essa não é uma pergunta óbvia. Leia o artigo de Leonardo Barci e depois responda.
Publicado em 8 de maio de 2017 às, 13h35.
Última atualização em 9 de junho de 2017 às, 18h51.
Depois do quase manifesto do Márcio semana passada, refleti sobre o que realmente importa no relacionamento, ou melhor, para que e para quem a empresa ‘acorda de manhã? ’
Em um ambiente de negócios que me dá a impressão de estar cada vez mais complexo, soluções simples chegam às vezes a assustar.
Explico...
Nossa especialidade na youDb está intimamente ligada à capacidade de trabalhar e organizar quantidades enormes de dados sobre as pessoas – os clientes das marcas.
Neste último ano, tenho observado uma oferta crescente de soluções de análise e processamento de dados. Como especialistas em lidar com informações, ferramentas de modelagem estatística e afins são parte de nosso dia-a-dia.
O que tem me chamado a atenção, porém, não é o crescimento em si, mas o que está de fato sendo oferecido.
Por mais que nos últimos 10 anos autores como Thomas Davenport (autor de Competing on Analytics) tenham estressado sobre o tema, o usuário médio (e as empresas na média) estão um pouco longe de trabalhar com modelos estatísticos, quiçá redes neurais (a base da atual inteligência artificial).
Com alguma investigação superficial, descobri que a maior parte das ferramentas que estão hoje no mercado utilizam, sim, alguma base de inteligência que vai além da compreensão média, mas ainda estão aquém daquilo que o profissional que mexe realmente com dados sabe que é possível.
Então onde está o truque?
O truque é que as grandes empresas do segmento de Análise de Dados, estão separando suas ferramentas em dois grupos: o primeiro são os modelos em cloud como Watson da IBM e similares – que levam consigo um indiscutível conhecimento embarcado de estatística e afins, mas a preciosidade de modelos mais elaborados ainda permanece fechada para especialistas a preços ainda salgados.
Sem dúvida, tenho de tirar o chapéu para alguns dos grandes produtores de software que souberam empacotar suas soluções para que alguém com um mínimo de conhecimento na manipulação de dados consiga tirar os 80% dos resultados que espera de suas bases de dados.
O que não se conta é quem é que resolve os outros 20%. Bem, em minha leitura, ainda se precisa do bom e velho estatístico, aquela pessoa que realmente gosta de navegar, torcer e retorcer os dados. Este profissional, aliás, o mercado vem chamando de cientista de dados. Acho ainda prematuro dizer que estas pessoas já estão disponíveis para trabalhar em larga escala. O tema é novo e o profissional ainda está em formação.
A boa notícia é que, mesmo em um ambiente ainda em formação, por um custo módico (algo entre R$ 150 x mês) e uma pessoa formada em administração, engenharia ou alguma ciência exata com ‘gosto pelos dados’ pode fazer um bom barulho dentro da empresa, ajudando na tomada de decisões melhores e mais precisas - sem a necessidade de empatar um monte de dinheiro em soluções de prateleira que se tira de vez em quando da estante.
Neste contexto, o famoso ‘dono da bola’ está deixando de ser a pessoa que detém a ‘propriedade’ da bola para ser aquele que sabe jogar, isto é, sabe tirar proveito dos dados que são gerados dentro e ao redor de sua própria empresa.