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Internet das Coisas não é sobre coisas, é sobre pessoas!

E ela está mais perto de você do que você imagina.

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Relacionamento antes do Marketing

Publicado em 7 de novembro de 2016 às, 16h46.

Última atualização em 5 de abril de 2017 às, 10h15.

Já há alguns anos ouvimos sobre a Internet das Coisas ou IoT (sigla em inglês de Internet of Things). Mas ainda hoje quando se fala disso, para os “mais leigos”, vejo que é comum se pensar primeiro em coisas bem mais “futuristas”, como o exemplo clássico da geladeira que monitora os alimentos e, conectada ao supermercado, já faz os pedidos de reposição pagando com o cartão de crédito cadastrado.

Mas a Internet das Coisas já está aí e afeta praticamente a todos nós de maneira muito mais simples do que pensamos. E não estou falando das casas inteligentes, que ligam e desligam coisas automática ou remotamente, carros inteligentes que guiam sozinhos ou mesmo as coleiras inteligentes que monitoram nossos queridos cachorrinhos. Falo de outra coisa inteligente que a maioria de nós leva nos bolsos, o Smartphone.

Sim, no Brasil temos hoje em torno de 168 milhões de aparelhos (FGV-SP) e no mundo, mais de 2 bilhões, ou seja, tem muita gente usando os Smartphones das maneiras mais diversas. Desde aqueles que usam apenas como telefone mesmo, como aqueles onde o aparelho parece que já faz parte do corpo da pessoa, que o usa, por exemplo, para ouvir as músicas preferidas no Spotify enquanto corre com algum outro aplicativo monitorando seus batimentos cardíacos, ou então usa o aparelho para controlar a sua SmartTV na hora de assistir filmes no Netflix enquanto faz post sobre isso no Facebook. Alguns especialistas podem até dizer que conceitualmente o Smartphone não faz parte da Internet das Coisas mas, na minha opinião, podemos e devemos incluí-lo isso.

Enfim, é inegável que a Internet das Coisas tem entrado como uma “facilitadora” para os seres humanos (e os cachorrinhos, com suas smartcoleiras!) em vários aspectos, com o suporte por trás de BigDatas, processando bilhões de dados diariamente e permitindo assim que seja possível conhecer cada vez mais os indivíduos em seus hábitos, preferências, desejos e tentando assim adivinhar suas escolhas.

Mas duas coisas vem me chamando a atenção nisso tudo e ambas estão ligadas a uma única pergunta. Qual será o limite?

A primeira é até onde as empresas deverão ir na coleta de dados. Para a Internet das Coisas “funcionar” é necessário que nós disponibilizemos de alguma forma nossas informações e muitas vezes até as “mais íntimas”.

Mas, na contramão disso tudo, temos percebido que cada vez mais as pessoas questionam os dados que tem que fornecer ou, quando fornecem (e nos Smatphones fornecemos dados a cada segundo para diversas empresas diferentes), não existe muita consciência do que está sendo feito, sem contar as leis em diversos países que tem regulado cada vez mais estas questões de coleta e proteção de dados, como o PL 5276/2016 em tramitação em nosso Congresso.

A segunda esta exatamente no perigo de a tecnologia querer estar à frente do ser humano, com máquinas e algoritmos tomando decisões pelas pessoas (e clientes) e interferindo diretamente no seu poder de escolha, e posso garantir que conscientemente ninguém gostaria disso. Este é o principal ponto de atenção que entendo que as empresas devem ter quando falar de Internet das Coisas. No artigo passado falei sobre BigData não ser sobre dados, mas sim sobre pessoas, portanto, se o BigData é a base de suporte, então a Internet das Coisas não deve ser sobre “coisas”, mas também sobre pessoas.