Era uma vez…
A Emoção nos negócios não descarta o lucro, pois sabe que ele é quem faz a roda girar, mas com ela, a roda não precisa girar sempre cada vez mais rápido.
Publicado em 7 de dezembro de 2015 às, 10h21.
Última atualização em 5 de abril de 2017 às, 11h09.
Antes, uma pequena história:
“Era uma vez uma terra onde existiam empresas e as pessoas que trabalhavam nelas eram sempre felizes. As empresas atuavam no mercado sempre em harmonia, respeitando e desejando verdadeiramente que seus concorrentes também tivessem os seus espaços e pudessem crescer. Elas também entendiam que o lucro deveria ser buscado com equilíbrio e que ele seria um prêmio por algo maior que construíam em prol da sociedade.
Nesta terra, as empresas olhavam os clientes como sendo a razão da sua existência e que isso, por si só, já justificava a construção de um relacionamento sustentável e íntegro com eles”.
Estamos entrando no natal, época em que vejo o marketing no seu momento mais esquizofrênico e onde muitas empresas aparentam ter uma dupla personalidade.
A personalidade que considero mais forte na grande maioria das empresas, pois também prevalece no ano inteiro, no natal fica ainda mais alucinada. É aquela que tem que vender, vender, vender e, se der, no dia 26/12, aproveitar o famoso dia mundial da troca para tentar vender mais um pouquinho de qualquer maneira. Eu a chamo de personalidade do Umbigo, pois ela mostra como as empresas tem o seu fim em si mesmo.
A outra personalidade costuma ser mais retraída e, na maioria das empresas, se manifesta poucas vezes durante o ano. Mas em algumas datas especiais, como o natal e fim de ano, quando as pessoas estão mais reflexivas e emotivas, ela também adora dar as caras com todas as suas forças. Ela é a personalidade que vive na terra da história do começo deste artigo e a chamo de Emoção.
Se a Umbigo trabalha alucinadamente para tentar a todo custo convencer os consumidores a comprarem da empresa, a Emoção, quando se manifesta, nos faz refletir, chorar e aplaudir. Ela, através do marketing, cumpre na maioria das vezes o seu papel com perfeição, pois consegue tirar um pouco o foco do Umbigo e mostrar que qualquer empresa pode e deve ser maior do que apenas pensar no seu lucro. A Emoção não descarta o lucro, pois sabe que ele é quem faz a roda girar, mas com ela, a roda não precisa girar sempre cada vez mais rápido.
Talvez ela nem tenha tanta consciência do serviço que presta à sociedade quando se manifesta, mas ela nos lembra de que as empresas também têm um papel social e que poderiam, se quisessem, usar com maestria o marketing como uma excelente ferramenta para influência positiva na sociedade e, consequentemente, como ferramenta para a construção de um bom relacionamento com os seus públicos.
O mundo utópico da história inicial nunca vai existir, infelizmente. Mas mantenho sempre a esperança de que um dia as perspectivas sobre qual deve ser de fato o papel de uma empresa na sociedade comece a mudar. Quem sabe neste dia, a Emoção que motiva a criação de propagandas como as duas recentes que coloco abaixo, da Microsoft e da rede de supermercados alemã Edeka, possa se manifestar não apenas em datas especiais, mas em qualquer momento do ano, porque a empresa entende que pode ter um papel muito mais nobre, inclusive transmitindo os valores em que acredita, para benefício da sociedade.
E curtam estas propagandas porque elas são excelentes!
https://www.youtube.com/watch?v=V6-0kYhqoRo?feature=oembed&w=810&h=456