De quem eu sou cliente, afinal??
Um cliente de uma marca não é necessariamente, ou automaticamente, cliente de todas as marcas de uma empresa. Parece óbvio, mas não é para muitas empresas.
Publicado em 18 de janeiro de 2016 às, 10h00.
Última atualização em 5 de abril de 2017 às, 11h21.
Há poucos dias, recebi uma mala direta de uma empresa do segmento financeiro. Ela era extremamente refinada e foi produzida com um papel que, no toque, dava a sensação de uma borracha bem macia. Com certeza o material teve um alto investimento de produção e postagem. Quem trabalha com marketing direto sabe que os investimentos em mala-direta tradicional despencaram e é raro hoje em dia alguma empresa investir muito em ações deste tipo, dando preferência para ações digitais.
A mala trazia um conteúdo simples, na verdade. Era uma promoção com um benefício específico para quem já era cliente da empresa. E a oferta até que me pareceu realmente interessante. Só encontrei um único problema nisso tudo: Eu não era um cliente da empresa! Ou, pelo menos, pensava que não era. E este é o ponto de reflexão que eu gostaria de trazer aqui.
Olhe atentamente esta imagem que estou usando como exemplo no início do artigo.
Imagino que talvez você já soubesse desta centralização de marcas. E o mesmo ocorre em vários segmentos de mercado, como de veículos, varejo, financeiro e até mesmo no mercado de agências de propaganda.
Ao mesmo tempo, este cenário traz um problema e uma oportunidade.
O problema é que as empresas precisam entender que um cliente de uma de suas marcas não é necessariamente, ou automaticamente, um cliente de todas as marcas do seu grupo. Virar cliente de uma empresa ou marca consiste em duas coisas simples: escolha e consciência.
No caso da mala direta que recebi, eu realmente não era cliente daquela empresa. Eu não consumia os produtos, não me relacionava e nunca havia fornecido os meus dados para a marca que me mandou a comunicação. O meu vínculo de relacionamento não era com esta marca, mas lembrei que era cliente de outra marca do mesmo grupo e que atuava também no mesmo segmento. Talvez por conta disso, a visão da empresa sobre mim era exatamente o contrário.
Este vínculo de relacionamento é algo que as empresas ainda precisam aprender a respeitar. Muitas vezes, a ansiedade por vender ou promover algo deve ser contida na hora de fazer um contato com o cliente.
A oportunidade é exatamente saber respeitar este vínculo e, com planejamento, paciência e inteligência, construir novos vínculos com as outras marcas do seu grupo, respeitando as características, momentos e perfis de cada cliente.
De maneira simples, voltando à mala direta que recebi. Este respeito ao vínculo que já tenho com a marca da qual sou cliente seria facilmente respeitado se, por exemplo, ela fosse citada no texto da mala-direta.
Sim, as soluções muitas vezes podem ser bem simples, mas a ansiedade por fazer algo rápido ou mesmo a falta de preocupação com os detalhes (veja meu artigo anterior) podem gerar desconfortos e prejuízos. No meu caso, a bela e cara mala-direta acabou no lixo.