Cliente, Consumidor, Autor, Produtor, afinal, quem sou eu?
Quem somos nós? Um, nenhum, cem mil? Só quem pode nos responder é nossa própria consciência, mas...ela passa por uma revolução. E agora?
Publicado em 6 de novembro de 2017 às, 11h16.
Não sei se Chris Anderson quando escreveu seu aclamado Cauda Longa tinha claro o que sua teoria viria a se tornar socialmente.
O que ele talvez nunca tenha previsto é que, cada um de nós, além de clientes e consumidores, nos tornaríamos também autores e produtores de nossos próprios produtos e serviços. Não de uma forma marginal, mas como parte relevante da economia global.
Enquanto caminho, percebo que a grande revolução não é mais industrial, nem mesmo do conhecimento. Apenas saber não é exatamente mais um ativo. Qualquer aluno com acesso à internet terá mais capacidade de memória do que o melhor professor do planeta. Também não será a capacidade de processamento. Se considerarmos que com R$ 150 por mês uma pequena empresa tem a mesma capacidade de processamento que uma grande indústria utilizando o Watson da IBM ou o Cortana Analytics da Microsoft, então onde está mesmo o diferencial competitivo?
A revolução que estamos vivendo, é neste momento, de nossa própria consciência. A capacidade individual de compreendermos no nosso dia-a-dia que as coisas estão mudando.
A velocidade da Nova-Velha retórica de que vivemos um tempo de mudança, às vezes me assusta. Mais próximo dos 50 do que dos 40, me pergunto se estou up to date com o que acontece silenciosamente no mundo.
A História não está mais nos livros. Estamos deixando de ser meros espectadores e nos tornando atores conscientes de nossa própria narrativa.
Assistindo Polícia Federal com milha filha outro dia, ela me surpreendeu com sua fala: “Pai, é engraçado assistir esse filme e perceber que vivenciei tudo isso. Um dia vou poder contar para meus filhos e netos que eu tive oportunidade de viver estes momentos da história.”
Talvez o que ela não saiba é que provavelmente as próximas gerações terão uma percepção ainda maior desta ‘co-autoria’.
Há pouco na televisão um comercial “do seu primeiro carro híbrido” embora de vanguarda, já me parece velho. Uma exposição que começa a destoar deste ‘Novo Mundo’. Neste novo ambiente, simples aplicativos como o Uber, Blá-Blá Car e até o serviço de Taxi fizeram repensar o que significa transporte pessoal e público. Afinal, se você paga próximo de R$ 4,00 para se deslocar de ônibus, mas tem ao mesmo tempo opções com custos próximos além de outras modalidades como bicicleta alugada, compartilhamento de veículos particulares ou até carona, qual é mesmo a melhor opção? – talvez alguém crie um aplicativo para fazer este comparativo em algum momento (se é que já não existe!).
Cada um dos grandes segmentos econômicos vem, pouco a pouco, sendo corroído pela busca de uma forma mais humana e próxima de viver.
Estamos deixando de ser meros consumidores para sermos prosumers. Muitos, ingenuamente, advogaram de que esta nova sociedade iria se refletir apenas na produção de conteúdo. Pontuando apenas um exemplo, o Airbnb transformou seu quarto desocupado em uma fonte de renda. Que tipo de conteúdo ‘digital’ é esse?
Absolutamente qualquer coisa que um indivíduo produz pode ser comercializado. Sites como Etsy, e o já ‘antigo’ eBay na gringa e o Mercado Livre, além de tantos outros, disponibilizam de absolutamente tudo!
O que afinal é esta nova economia!
Aquilo que as grandes indústrias estão penando para contabilizar em fãs em suas páginas sociais, autores desconhecidos contabilizam, literalmente, milhões de seguidores.
O que estes anônimos têm de diferente afinal?
Eles apenas se relacionam com seu público. Em uma era onde o cliente se tornou ativo na relação, como diz meu filho: “Se você não sabe, o jogo virou, não é mesmo?!”