Calma, estamos todos confusos também!
As rápidas mudanças nos comportamentos das pessoas geram diversos dilemas para as empresas, que precisam ter clareza de propósito para sobreviver
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2023 às 00h05.
Por Márcio Oliveira
Se já vivíamos em um mundo complexo onde muitas coisas mudavam rapidamente, a pandemia foi como aquela injeção de nitro no motor do carro, como acontece nos filmes da franquia Velozes e Furiosos, que faz o que já era rápido ficar ainda muito mais rápido.
E isso tem criado muitos dilemas para as pessoas e para as empresas, que tem deixado todos confusos sobre qual decisão tomar. Aliás, ouvi uma frase de um profissional bem proeminente no mercado em uma conversa recentemente e que resumiu bem este sentimento:
“Se você não está confuso com as coisas,
então está muito mal-informado”
Falávamos sobre ambidestria corporativa e como as empresas precisam estar atentas às mudanças de mercado para se prepararem para o futuro, sem deixarem de olhar para os resultados do presente, afinal, se não sobreviverem hoje elas nem futuro terão.
Encontrar este ponto de equilíbrio é o grande desafio das empresas atualmente, exatamente porque como tudo pode mudar muito rapidamente de uma hora para outra, está ficando cada vez mais difícil olhar para o futuro e tentar imaginar o que irá acontecer ou mesmo fazer planos para se preparar para ele.
Como exemplo, trago o próprio ChatGPT e todo o frisson e discussão que está acontecendo em relação a ele, muitas vezes com uma euforia até excessiva tanto para as coisas boas como as ruins que ele pode gerar. Mas o fato é que até poucos meses atrás, Inteligência Artificial era uma coisa que todos sabiam que existia, mas que estava muito distante da realidade direta da grande maioria das pessoas. E de repente, de uma hora para outra, todos pudemos acessar, mexer, brincar e testar um tipo de IA que pode gerar textos, conteúdos, imagens e até mesmo escrever um artigo como este. E foram mais de cem milhões de usuários em apenas dois meses. Nunca uma tecnologia teve tantos adeptos em tão pouco tempo
Um parêntese, este artigo não foi gerado no ChatGPT, ok? Estou aqui, sentado em minha cadeira escrevendo cada linha. Mas confesso que já usei o ChatGPT para inspirar outros textos.
Mas o ChatGPT, apesar de ser o hype do momento, não é a única coisa que está deixando todos confusos nas empresas. Eu diria que até mais importante do que ele agora, as rápidas mudanças nos comportamentos das pessoas são o principal problema das empresas atualmente. E aqui quero lidar com duas das principais categorias de pessoas com as quais as empresas precisam se relacionar: seus colaboradores e seus clientes.
As empresas são feitas de pessoas e para pessoas
Muitas altos executivos e empreendedores ainda têm uma visão, inconsciente até eu diria, de que as empresas precisam ser criadas em torno de produtos ou serviços, com a única finalidade de convencer pessoas a consumirem dela para gerar lucro. Basicamente uma visão taylorista (Frederick Taylor) de administração e de gestão de pessoas (clientes e colaboradores).
E este pensamento acontece porque no final das contas, sempre foi assim, certo? Afinal, o modelo taylorista foi predominante desde a revolução industrial praticamente, e creio que é exatamente isso quem tem criado os maiores dilemas nas empresas como, por exemplo, se ela deve ou não adotar o homeoffice, o presencial ou o híbrido para o trabalho de escritório, em relação aos seus colaboradores ou se ela precisa aproveitar toda oportunidade de contato com o seu cliente para tentar fazer uma venda, como muitas fizeram no último dia 15/03, dia do consumidor. Sobre isso, entendo ser uma estratégia equivocada, mas que explicarei em outro artigo.
Sim, as empresas ainda precisam buscar o lucro, claro, mas o caminho precisa ser outro. As empresas precisam entender que elas não são feitas de produtos ou serviços, mas sim de pessoas (seus colaboradores e parceiros em todos os níveis) e com o objetivo de atender e servir pessoas (seus clientes). O produto ou serviço será apenas um meio para isso, um meio que pode e deve ser mudado inclusive se o mercado exigir. O lucro ou mesmo prejuízo, neste caso, será apenas uma consequência da sua forma de se relacionar com estes públicos.
E mudar este pensamento tão arraigado não é uma tarefa fácil.
Precisamos encarar o futuro de olhos abertos
Como as empresas devem encarar então estas tudo o que está acontecendo? Costumo falar que a melhor forma de entrar em um futuro desconhecido é de olhos bem abertos para ficar atento ao que está acontecendo. E considerando isso, tenho três dicas simples, mas essenciais para qualquer empresa.
1 - É necessário entender e aceitar que as empresas possuem bem menos controle sobre os comportamentos dos seus clientes e dos seus colaboradores do que acreditam.
2 - Também é necessário aceitar que mesmo que mesmo sendo uma empresa de sucesso, independente do seu tamanho, todo o conhecimento que a fez conquistar este sucesso atual com certeza não será o mesmo que a levará para manter o sucesso no futuro. E para isso, temos vários exemplos de grandes marcas que apesar de serem líderes de segmento, morreram ou ficaram irrelevantes por simplesmente não conseguirem enxergar as mudanças do mercado, talvez por miopia ou por arrogância mesmo, como Xerox, Kodak, Nokia, Motorola, Blockbuster e várias outras.
Neste caso, o conceito de ambidestria corporativa deveria ser o principal drive das empresas atualmente.
3 – E por fim, é necessário permear isso com uma clareza de propósito. Mas aquele propósito nobre que costumo falar sempre aqui nesta coluna. O propósito que é compreendido por todos os seus públicos, que atrai as pessoas (colaboradores e clientes), que direciona as estratégias da empresa e que vai muito além do simples lucro apenas.
Por Márcio Oliveira
Se já vivíamos em um mundo complexo onde muitas coisas mudavam rapidamente, a pandemia foi como aquela injeção de nitro no motor do carro, como acontece nos filmes da franquia Velozes e Furiosos, que faz o que já era rápido ficar ainda muito mais rápido.
E isso tem criado muitos dilemas para as pessoas e para as empresas, que tem deixado todos confusos sobre qual decisão tomar. Aliás, ouvi uma frase de um profissional bem proeminente no mercado em uma conversa recentemente e que resumiu bem este sentimento:
“Se você não está confuso com as coisas,
então está muito mal-informado”
Falávamos sobre ambidestria corporativa e como as empresas precisam estar atentas às mudanças de mercado para se prepararem para o futuro, sem deixarem de olhar para os resultados do presente, afinal, se não sobreviverem hoje elas nem futuro terão.
Encontrar este ponto de equilíbrio é o grande desafio das empresas atualmente, exatamente porque como tudo pode mudar muito rapidamente de uma hora para outra, está ficando cada vez mais difícil olhar para o futuro e tentar imaginar o que irá acontecer ou mesmo fazer planos para se preparar para ele.
Como exemplo, trago o próprio ChatGPT e todo o frisson e discussão que está acontecendo em relação a ele, muitas vezes com uma euforia até excessiva tanto para as coisas boas como as ruins que ele pode gerar. Mas o fato é que até poucos meses atrás, Inteligência Artificial era uma coisa que todos sabiam que existia, mas que estava muito distante da realidade direta da grande maioria das pessoas. E de repente, de uma hora para outra, todos pudemos acessar, mexer, brincar e testar um tipo de IA que pode gerar textos, conteúdos, imagens e até mesmo escrever um artigo como este. E foram mais de cem milhões de usuários em apenas dois meses. Nunca uma tecnologia teve tantos adeptos em tão pouco tempo
Um parêntese, este artigo não foi gerado no ChatGPT, ok? Estou aqui, sentado em minha cadeira escrevendo cada linha. Mas confesso que já usei o ChatGPT para inspirar outros textos.
Mas o ChatGPT, apesar de ser o hype do momento, não é a única coisa que está deixando todos confusos nas empresas. Eu diria que até mais importante do que ele agora, as rápidas mudanças nos comportamentos das pessoas são o principal problema das empresas atualmente. E aqui quero lidar com duas das principais categorias de pessoas com as quais as empresas precisam se relacionar: seus colaboradores e seus clientes.
As empresas são feitas de pessoas e para pessoas
Muitas altos executivos e empreendedores ainda têm uma visão, inconsciente até eu diria, de que as empresas precisam ser criadas em torno de produtos ou serviços, com a única finalidade de convencer pessoas a consumirem dela para gerar lucro. Basicamente uma visão taylorista (Frederick Taylor) de administração e de gestão de pessoas (clientes e colaboradores).
E este pensamento acontece porque no final das contas, sempre foi assim, certo? Afinal, o modelo taylorista foi predominante desde a revolução industrial praticamente, e creio que é exatamente isso quem tem criado os maiores dilemas nas empresas como, por exemplo, se ela deve ou não adotar o homeoffice, o presencial ou o híbrido para o trabalho de escritório, em relação aos seus colaboradores ou se ela precisa aproveitar toda oportunidade de contato com o seu cliente para tentar fazer uma venda, como muitas fizeram no último dia 15/03, dia do consumidor. Sobre isso, entendo ser uma estratégia equivocada, mas que explicarei em outro artigo.
Sim, as empresas ainda precisam buscar o lucro, claro, mas o caminho precisa ser outro. As empresas precisam entender que elas não são feitas de produtos ou serviços, mas sim de pessoas (seus colaboradores e parceiros em todos os níveis) e com o objetivo de atender e servir pessoas (seus clientes). O produto ou serviço será apenas um meio para isso, um meio que pode e deve ser mudado inclusive se o mercado exigir. O lucro ou mesmo prejuízo, neste caso, será apenas uma consequência da sua forma de se relacionar com estes públicos.
E mudar este pensamento tão arraigado não é uma tarefa fácil.
Precisamos encarar o futuro de olhos abertos
Como as empresas devem encarar então estas tudo o que está acontecendo? Costumo falar que a melhor forma de entrar em um futuro desconhecido é de olhos bem abertos para ficar atento ao que está acontecendo. E considerando isso, tenho três dicas simples, mas essenciais para qualquer empresa.
1 - É necessário entender e aceitar que as empresas possuem bem menos controle sobre os comportamentos dos seus clientes e dos seus colaboradores do que acreditam.
2 - Também é necessário aceitar que mesmo que mesmo sendo uma empresa de sucesso, independente do seu tamanho, todo o conhecimento que a fez conquistar este sucesso atual com certeza não será o mesmo que a levará para manter o sucesso no futuro. E para isso, temos vários exemplos de grandes marcas que apesar de serem líderes de segmento, morreram ou ficaram irrelevantes por simplesmente não conseguirem enxergar as mudanças do mercado, talvez por miopia ou por arrogância mesmo, como Xerox, Kodak, Nokia, Motorola, Blockbuster e várias outras.
Neste caso, o conceito de ambidestria corporativa deveria ser o principal drive das empresas atualmente.
3 – E por fim, é necessário permear isso com uma clareza de propósito. Mas aquele propósito nobre que costumo falar sempre aqui nesta coluna. O propósito que é compreendido por todos os seus públicos, que atrai as pessoas (colaboradores e clientes), que direciona as estratégias da empresa e que vai muito além do simples lucro apenas.