(Adobe Stock)
Colunista
Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 18h11.
Por Márcio Oliveira
Costumo falar que toda empresa tem a sua cultura ou até mesmo várias culturas, dependendo do seu tamanho e criada pelos mais diversos fatores. Por isso, falar de cultura organizacional é mais difícil do que parece, principalmente porque pode tocar em assuntos delicados na empresa, como a consciência de problemas não tratados, pressões por resultados, disputas políticas internas, práticas de mercado, relacionamento com clientes, com fornecedores e com colaboradores e por aí vai. Aliás, ouvi recentemente uma expressão para definir isso tudo que achei fantástico.
A cultura de uma empresa é dirigida na prática por forças invisíveis
Por causa disso e dependendo do tamanho da empresa, muitas acabam tratando cultura apenas como mais um projeto na esteira de vários outros e com grandes chances de virar apenas um Power Point bonito ou pior, apenas uma campanha de comunicação interna que logo será esquecida. Para estas, deixo aqui como lembrete a famosa frase do Peter Drucker:
Mas não pretendo fazer todo um discurso conceitual neste artigo. Quero falar com você que sabe que a cultura da sua empresa é algo sério e que permitirá inclusive que as estratégias sejam bem-sucedidas, mas não sabe por onde começar. Por isso, coloco aqui 10 dicas e já adianto que será uma jornada de escolhas, de “desescolhas” e onde o coração da empresa muitas vezes terá que falar mais alto do que o cérebro.
1 – Cultura precisa ser o propósito da empresa colocado em prática no dia a dia. Não dá para falar em cultura corporativa se a empresa sequer tem clareza do seu propósito. E falo de um propósito nobre, que explica o motivo da empresa existir e que vai além do lucro, e não das definições acadêmicas da famosa tríade missão, visão e valores, que no fundo viram apenas frases de efeito que não tem efeito.
Veja bem, esta é a primeira e a mais importante dica, porque sem isso, nenhum projeto de cultura organizacional se sustentará por muito tempo.
2 – Para virar cultura, o propósito até pode ser resumido em frases ou palavras fáceis de entender e de praticar, que chamamos de norteadores culturais. Mas entenda que o propósito precisa ser, no final, mais sentido do que decorado.
Para a cultura ser real, todas as pessoas em uma empresa precisam acreditar no propósito.
3 – Vem sempre de cima pra baixo. Ou seja, a prática da cultura começa no dono, fundador, board, diretoria, pois eles são os guardiões do propósito da empresa. É o famoso Walking the Talk.
4 – Acontece de dentro para fora. Uma cultura forte e consolidada influencia o mercado, vira referência e atrai pessoas (clientes, colaboradores, fornecedores, sociedade etc.).
5 – A cultura deve reverberar naturalmente e por meio de exemplos e casos internos que viram referências de boas práticas. “Viralização” de casos internos podem funcionar melhor do que treinamentos e books de comportamento.
6 – Uma cultura dá espaço e liberdade para que os colaboradores a pratique de maneiras ainda nem pensadas pela direção.
7 – A direção deve começar sempre explicando o PORQUÊ da cultura da empresa e não apenas o COMO praticá-la. O COMO nasce naturalmente quando a cultura é assimilada por todos, inclusive pelos próprios exemplos que a direção dá.
8 – A cultura deve ser sempre pensada no longo prazo. Por isso ela nunca deverá ser deixada de lado, nem com a justificativa de se vender mais.
9 - Vender mais nunca será melhor se não for preservando e através da cultura da empresa, simplesmente porque não será sustentável no médio e longo prazo.
10 – Cultura nunca deve nascer apenas de uma estratégia de marketing ou de comunicação. A comunicação é apenas uma das ferramentas de disseminação, porque a cultura não apenas é um insight criativo. E a frase que a resume não é só um slogan.