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A atmosfera de uma marca

2020 nunca foi tão favorável às mudanças de conceitos e quebras de paradigmas, inclusive na forma de relacionamento com clientes.

Fãs da Apple na fila de espera no lançamento do iPhone na Austrália (Cole Bennetts/Getty Images)
MO

Marcio Oliveira

Publicado em 5 de outubro de 2020 às 09h40.

Todo empresário, empreendedor ou profissional de marketing sabe (ou deveria saber) que o seu negócio deve ter o chamado diferencial competitivo. Ou seja, aquilo que o diferencia para melhor dos seus concorrentes e que será reconhecido e valorizado pelo cliente no momento da escolha. Isso serve para todos os segmentos quando falamos em B2C, em muitos B2B e até em produtos ou serviços considerados como commodities, excluindo os segmentos em que há monopólio, claro. Nenhum conceito de marketing serve para monopólios.

A partir disso, é muito comum as empresas criarem “diferenciais” e investirem muito dinheiro em comunicação para mostrá-los, até que vem um concorrente e faz igual ou até mesmo melhor. Afinal, praticamente tudo que é tangível e que uma marca faz pode ser copiado: características no produto/serviço, embalagem, layout de loja, cores, atendimento, tecnologia, os famosos 4 P´s de marketing etc.

Porém o diferencial competitivo deve ser algo que realmente não pode ser copiado por nenhum concorrente. Parece óbvio, só que não.

E é exatamente neste ponto que gosto de falar sobre a Atmosfera da Marca, um conceito que não é meu, mas que gosto muito e inclusive dedicamos um capítulo exclusivo para ele no livro que dá o nome a este blog.

Atmosfera da Marca é aquele diferencial intangível que muitas empresas possuem e que é difícil explicar ou mesmo colocar de maneira clara em uma propaganda. E muitas vezes, do ponto de vista do cliente, ele é expressado com frases do tipo: “Não sei, mas eu gosto e me sinto bem consumindo esta marca!” ou com atitudes como a de ficar horas na fila para ser um dos primeiros a comprar algum novo lançamento da Apple (bem, isso nos velhos tempos da marca) ou mesmo quando uma pessoa resolve tatuar uma marca no seu corpo (sim, presenciei este fato em um dos clientes que atendi do segmento agropecuário).

Imagino que você pode agora estar pensando que tudo isso é até legal, mas que este conceito também é um tanto intangível, por isso vou tentar explicar como de fato aplicá-lo em 4 passos que são de certa forma simples de entender, mas para isso preciso que você esvazie sua mente por um instante de todos aqueles conceitos de marketing que aprendeu em livros, na faculdade ou pós-graduação. Mas só por um instante mesmo porque depois você poderá voltar para eles. A ideia aqui é quebrar alguns paradigmas do marketing que eu entendo que hoje em dia não fazem mais sentido, então vamos aproveitar que 2020 tem sido um ano de grandes mudanças para nos permitirmos pensarmos um pouco diferente do padrão vigente.

Passo 1 – Responda estas perguntas com muita calma: Qual o propósito da sua empresa/marca? O que está na sua essência? Por que ela existe? Por que ela faz o que faz? Isso é consciente em você e em todos que trabalham na empresa?

Veja bem, estou falando de coisas mais profundas do que as frases bonitas de missão, visão e valores que ficam no quadro na recepção da empresa.

Dica – Sua empresa com certeza tem um propósito e uma essência e talvez as pessoas que trabalham nela só precisam ter consciência disso. Vá buscar nas raízes da sua fundação (pergunte p/ o fundador se for possível) ou coloque a cabeça no travesseiro e reflita se você for o fundador.

Passo 2 – Pense sinceramente no seu cliente como uma pessoa com necessidades, vontades e opiniões e não apenas como gerador de faturamento. Coloque-se no papel dele. Traga-o para o centro da sua estratégia de negócios. Se você não conhecer o seu cliente de verdade, nunca vai conseguir conquistar o coração dele. Faça-o também conhecer e entender o propósito e a essência da sua empresa, pois é isso que, no final, o fará se identificar e dar valor a ela.

Dica – Entenda que o relacionamento com o seu cliente começa quando sua empresa passa a existir. Faça então disso um bom relacionamento.

Passo 3 – Sua empresa deve ter sempre uma postura verdadeira e íntegra em tudo o que ela faz. Mesmo que signifique reconhecer erros, abrir mão de rentabilidade ou de vendas em alguns momentos. Esta é a parte mais difícil. É aqui que muitas empresas derrapam e saem da rota. Quando o sucesso sobe à cabeça e elas se tornam, por exemplo, arrogantes em relação aos clientes ou ficam extremamente focadas apenas em vendas e lucros cada vez maiores, custe o que custar.

Dica – Não pense apenas nas vendas de curto prazo. Elas dão muito trabalho e são menos rentáveis. Busque vendas sustentáveis e um equilíbrio de fato na relação entre a sua empresa e seus clientes.

Passo 4 – Se sua empresa e você sobreviveram ao Passo 3, então é hora de voltar a pensar naqueles conceitos de marketing aprendidos, nas evoluções e adequações dos seus produtos/serviços, nas ações de comunicação etc. A grande diferença é que a mentalidade por trás de tudo será diferente, pois a conscientização gerada nos 3 passos anteriores direcionará naturalmente as escolhas e tudo o que será feito daqui para frente.

Dica – Lembre-se que isso não é uma fórmula mágica, portanto tenha paciência e persistência. Tudo isso dá trabalho e os resultados não devem ser medidos no curto prazo.

“O Márcio está delirando e tudo isso é muito ingênuo, utópico e longe da realidade diária”, você pode pensar. Sim, talvez seja mesmo, mas, pense bem, não seria muito melhor para todos se fosse assim?

Aproveite que o cenário de mercado em que vivemos neste ano louco nunca foi tão favorável às mudanças de conceitos e quebras de paradigmas. Seja você também um agente da mudança, dê um passo de cada vez sabendo que o chamarão algumas vezes de louco, que será difícil, demorado, mas possível porque no fundo, é apenas uma escolha.

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Todo empresário, empreendedor ou profissional de marketing sabe (ou deveria saber) que o seu negócio deve ter o chamado diferencial competitivo. Ou seja, aquilo que o diferencia para melhor dos seus concorrentes e que será reconhecido e valorizado pelo cliente no momento da escolha. Isso serve para todos os segmentos quando falamos em B2C, em muitos B2B e até em produtos ou serviços considerados como commodities, excluindo os segmentos em que há monopólio, claro. Nenhum conceito de marketing serve para monopólios.

A partir disso, é muito comum as empresas criarem “diferenciais” e investirem muito dinheiro em comunicação para mostrá-los, até que vem um concorrente e faz igual ou até mesmo melhor. Afinal, praticamente tudo que é tangível e que uma marca faz pode ser copiado: características no produto/serviço, embalagem, layout de loja, cores, atendimento, tecnologia, os famosos 4 P´s de marketing etc.

Porém o diferencial competitivo deve ser algo que realmente não pode ser copiado por nenhum concorrente. Parece óbvio, só que não.

E é exatamente neste ponto que gosto de falar sobre a Atmosfera da Marca, um conceito que não é meu, mas que gosto muito e inclusive dedicamos um capítulo exclusivo para ele no livro que dá o nome a este blog.

Atmosfera da Marca é aquele diferencial intangível que muitas empresas possuem e que é difícil explicar ou mesmo colocar de maneira clara em uma propaganda. E muitas vezes, do ponto de vista do cliente, ele é expressado com frases do tipo: “Não sei, mas eu gosto e me sinto bem consumindo esta marca!” ou com atitudes como a de ficar horas na fila para ser um dos primeiros a comprar algum novo lançamento da Apple (bem, isso nos velhos tempos da marca) ou mesmo quando uma pessoa resolve tatuar uma marca no seu corpo (sim, presenciei este fato em um dos clientes que atendi do segmento agropecuário).

Imagino que você pode agora estar pensando que tudo isso é até legal, mas que este conceito também é um tanto intangível, por isso vou tentar explicar como de fato aplicá-lo em 4 passos que são de certa forma simples de entender, mas para isso preciso que você esvazie sua mente por um instante de todos aqueles conceitos de marketing que aprendeu em livros, na faculdade ou pós-graduação. Mas só por um instante mesmo porque depois você poderá voltar para eles. A ideia aqui é quebrar alguns paradigmas do marketing que eu entendo que hoje em dia não fazem mais sentido, então vamos aproveitar que 2020 tem sido um ano de grandes mudanças para nos permitirmos pensarmos um pouco diferente do padrão vigente.

Passo 1 – Responda estas perguntas com muita calma: Qual o propósito da sua empresa/marca? O que está na sua essência? Por que ela existe? Por que ela faz o que faz? Isso é consciente em você e em todos que trabalham na empresa?

Veja bem, estou falando de coisas mais profundas do que as frases bonitas de missão, visão e valores que ficam no quadro na recepção da empresa.

Dica – Sua empresa com certeza tem um propósito e uma essência e talvez as pessoas que trabalham nela só precisam ter consciência disso. Vá buscar nas raízes da sua fundação (pergunte p/ o fundador se for possível) ou coloque a cabeça no travesseiro e reflita se você for o fundador.

Passo 2 – Pense sinceramente no seu cliente como uma pessoa com necessidades, vontades e opiniões e não apenas como gerador de faturamento. Coloque-se no papel dele. Traga-o para o centro da sua estratégia de negócios. Se você não conhecer o seu cliente de verdade, nunca vai conseguir conquistar o coração dele. Faça-o também conhecer e entender o propósito e a essência da sua empresa, pois é isso que, no final, o fará se identificar e dar valor a ela.

Dica – Entenda que o relacionamento com o seu cliente começa quando sua empresa passa a existir. Faça então disso um bom relacionamento.

Passo 3 – Sua empresa deve ter sempre uma postura verdadeira e íntegra em tudo o que ela faz. Mesmo que signifique reconhecer erros, abrir mão de rentabilidade ou de vendas em alguns momentos. Esta é a parte mais difícil. É aqui que muitas empresas derrapam e saem da rota. Quando o sucesso sobe à cabeça e elas se tornam, por exemplo, arrogantes em relação aos clientes ou ficam extremamente focadas apenas em vendas e lucros cada vez maiores, custe o que custar.

Dica – Não pense apenas nas vendas de curto prazo. Elas dão muito trabalho e são menos rentáveis. Busque vendas sustentáveis e um equilíbrio de fato na relação entre a sua empresa e seus clientes.

Passo 4 – Se sua empresa e você sobreviveram ao Passo 3, então é hora de voltar a pensar naqueles conceitos de marketing aprendidos, nas evoluções e adequações dos seus produtos/serviços, nas ações de comunicação etc. A grande diferença é que a mentalidade por trás de tudo será diferente, pois a conscientização gerada nos 3 passos anteriores direcionará naturalmente as escolhas e tudo o que será feito daqui para frente.

Dica – Lembre-se que isso não é uma fórmula mágica, portanto tenha paciência e persistência. Tudo isso dá trabalho e os resultados não devem ser medidos no curto prazo.

“O Márcio está delirando e tudo isso é muito ingênuo, utópico e longe da realidade diária”, você pode pensar. Sim, talvez seja mesmo, mas, pense bem, não seria muito melhor para todos se fosse assim?

Aproveite que o cenário de mercado em que vivemos neste ano louco nunca foi tão favorável às mudanças de conceitos e quebras de paradigmas. Seja você também um agente da mudança, dê um passo de cada vez sabendo que o chamarão algumas vezes de louco, que será difícil, demorado, mas possível porque no fundo, é apenas uma escolha.

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