Rachel Maia Foto: Leandro Fonseca setembro 2023
Fundadora e CEO da RM Cia 360
Publicado em 24 de maio de 2025 às 07h02.
Até que ponto as empresas têm se apropriado da tecnologia como parte central da sua estratégia? Qual a importância de incentivar o aprendizado contínuo para definir o futuro das organizações e dos profissionais? Afinal, o tempo está cada vez mais escasso, enquanto as demandas de trabalho e desenvolvimento pessoal se tornam mais exigentes.
A revolução tecnológica é um fato, e nós precisamos definir quais ferramentas fazem a diferença para o nosso negócio e quais vão impactar o futuro da sociedade positivamente.
Tenho conversado com a Cinthia Peres, CFO da PwC Brasil e conselheira certificada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), sobre o futuro da tecnologia e como podemos difundir melhores práticas nas empresas. Ela, que consolidou sua carreira com expertise em planejamento estratégico e financeiro, transformação digital, inovação no backoffice e gestão de riscos, fez considerações importantes:
“As ofertas e posicionamentos das empresas devem ser orientados pelas novas demandas e desafios do mercado. Estamos vivendo uma década de dinamismo, definida por incertezas, mas impulsionada por grandes possibilidades. IA, mudanças climáticas, transição energética e tensões geopolíticas são os novos paradigmas que estão revolucionando o modo como vivemos e criamos negócios”, afirma a CFO.
O uso de tecnologias como inteligência artificial (IA), computação em nuvem (cloud computing, em inglês) e análise de dados já está presente em grandes empresas. E a decisão de olhar adiante é o que eleva a automação e a educação digital dentro das corporações.
Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), 85% das empresas no Brasil já passaram por algum processo de transformação digital. As empresas têm adotado a tecnologia em ritmo acelerado, especialmente nos últimos anos, impulsionadas por mudanças no comportamento do consumidor, pela pandemia e pela necessidade de eficiência operacional.
“Imagine se a empresa que fabrica seu telefone começasse a produzir carros. Ou se seu banco se tornasse seu fornecedor de energia. Ou ainda, se o supermercado ajudasse a monitorar sua saúde. Essas transformações já estão em curso e exigem que as empresas se reinventem para explorar novos caminhos, permitindo oportunidades de criar valor em novas demandas de crescimento. Essas demandas são norteadas e fundamentadas em necessidades humanas: como nos locomovemos, nos alimentamos, cuidamos de nossa saúde, construímos, abastecemos... tudo isso”, ressalta Cinthia.
Dados do Fórum Econômico Mundial de 2023 apontaram que as empresas que investem em requalificação e aprendizado aumentam em até 30% a lucratividade, e que 44% das habilidades que os profissionais desenvolvem hoje serão alteradas até 2027. É importante pensar que o futuro está logo ali, e ficar obsoleto não será uma opção.
“Para 45% dos CEOs, seus atuais modelos de negócio não serão mais viáveis em 10 anos. Quem não transformar a forma de operar perderá competitividade. Por isso, agendas de transformação são urgentes — e a inteligência artificial desempenha um papel central nesse movimento”, informa Peres.
Ter profissionais qualificados para perceber que o mercado tem mudado de maneira acelerada e que promover a empregabilidade por meio da tecnologia será um diferencial social e econômico colocará muitas empresas em lugar de destaque. Contudo, apropriar-se da tecnologia não significa apenas adotar ferramentas. Significa usá-las de forma estratégica, com impacto direto na produtividade, na tomada de decisão e na competitividade.
“Finanças e tecnologia sempre foram meu ponto alto. Tenho mais de 18 anos de experiência na área administrativo-financeira, trabalhei em empresas multinacionais e nacionais, BTC ou BTB, importadora ou produtora, distribuição de produtos ou prestação de serviço. E sei que a IA está remodelando os modelos de negócio, aumentando exponencialmente a capacidade de processar dados, inovar e operar com eficiência. Seu impacto pode ser comparado ao da Revolução Industrial: estudos estimam que a adoção da IA pode aumentar o PIB brasileiro em até 13 pontos percentuais na próxima década”, contribui a CFO.
Garantir resiliência organizacional diante de uma disrupção incerta exige uma abordagem estratégica baseada em flexibilidade, inovação e cultura adaptativa. O conselho consultivo precisa buscar essa cultura. As empresas que combinam tecnologia com uma cultura de aprendizagem escalável vão liderar a transformação. Estima-se que existam mais de 7 trilhões de dólares em valores ainda inexplorados e, como nos sinalizou a Cinthia, é fundamental renunciar a vieses inconscientes, preparar as equipes e criar uma cultura corporativa que abrace a transformação digital.