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A empresa deve refletir a sociedade

Os discursos devem ser condizentes com as ações das corporações e para que as mesmas tenham o compromisso de reformular os caminhos internos

Diversidade:  discursos devem ser condizentes com as ações das corporações (Marko Geber/Getty Images)
Diversidade: discursos devem ser condizentes com as ações das corporações (Marko Geber/Getty Images)

Há tempos, falamos que as empresas precisam refletir a sociedade, tanto em oportunidades quanto em representação, de maneira que todos se sintam pertencentes à equipe, com deveres e direitos, a fim de que o discurso acerca da diversidade se transforme em prática. As minhas percepções enquanto uma mulher negra que transita no meio empresarial e corporativo, atenta aos dados que refletem a nossa sociedade, perpassa o corporativismo e vai ao encontro do relacionamento entre os indivíduos.

Aprendi que dar nome às coisas evidencia a questão a ser trabalhada, além de possibilitar a construção de novos modos de agir. Quando a governança, por exemplo, reconhece que, em processos e execuções, os números não condizem com a realidade, é hora de avançar o debate, planejando e executando ações rumo à transformação.

ODS

Pensemos sobre três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): paz, justiça e instituições fortes; emprego digno e crescimento econômico; redução das desigualdades. A partir desses eixos, componentes da Agenda 2030, podemos entender o papel importante das empresas em mudanças necessárias.

As desigualdades que correspondem às diferenças na sociedade são muitas e são elas que nos impedem de avançar economicamente. Proponho uma reflexão a respeito do que se entende como o time ideal, pois os dados a seguir revelam a disparidade que há entre profissionais exercendo a mesma função – ou a falta de funcionários diversos em cargos de destaque (compreendendo diversidade racial, de gênero, pessoas com deficiência etc).

De acordo com o estudo do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper, baseado no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trabalhadores pretos receberam, em média, no ano de 2021, R$ 10,90 por hora e os pardos, R$ 11,30 por hora. Já pessoas brancas ganharam R$19,00 por hora. Essa desigualdade também afeta quem tem mais de 60 anos, indígenas, PCDs, a comunidade LGBTQIA+ e demais grupos que precisam lutar ainda mais por um espaço no mercado de trabalho.

Voltemos aos ODS, agora ao 1 e 2: erradicação da pobreza e da fome, respectivamente. Para que cumprirmos essas metas, precisamos refletir (e, de fato, promover) sobre a inserção de indivíduos plurais no mercado, construindo independência financeira e ferramentas para o avanço rumo ao ODS 3 (boa saúde e bem-estar). A soma de vivências distintas e saberes é um item que deve ser relevante ao se montar uma equipe.

Diversidade e inclusão

Diversidade equivale às múltiplas características de uma pessoa, como raça, idade, gênero, origem, entre outras. Quando se trata de inclusão, analisam-se as barreiras que impedem com que um sujeito acesse o seu lugar de direito na sociedade de maneira livre, respeitosa e sem ressalvas.

Ter, entre os colaboradores, profissionais capacitados, com narrativas distintas, é um ganho importante para as empresas. Leis de inclusão foram e continuam sendo necessárias para que organizações olhem para grupos minorizados. Uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que para cada 10% de crescimento étnico racial e de gênero nas empresas, houve em média um aumento de 5% de produtividade.

As reflexões e avanços sobre equidade têm aumentado. Porém, faz-se necessário que entendamos a urgência desse debate. O meu trabalho é para que os discursos sejam condizentes com as ações das corporações e para que as mesmas tenham o compromisso de reformular os caminhos internos e praticar a diversidade real, a diversidade que condiz com o todo.