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As crises sistêmicas do capitalismo e a alternativa de uma economia descentralizada

A quebra do Silicon Valley Bank e a ameaça de contágio por todo o sistema financeiro ocidental não foi a primeira crise sistêmica do capitalismo

 (Marcello Casal jr/Agência Brasil)
(Marcello Casal jr/Agência Brasil)
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Pyr Marcondes

Publicado em 28 de março de 2023 às, 17h31.

A quebra do Silicon Valley Bank e a ameaça de contágio por todo o sistema financeiro ocidental não foi a primeira crise sistêmica enfrentada pelo capitalismo. Possivelmente, não será a última, se mantidas as estruturas do sistema centralizado em que os gatekeepers são os bancos centrais e as regras de operação e negócio estão ainda atreladas a princípios de um tempo que passou. 

Ou que não reconhecem um novo tempo que, faz tempo, já chegou. 

A ação do FED foi rápida e meritória. Idem da macroestrutura financeira europeia. E isso é ótimo. 

Mas se formos buscar as origens de tudo isso, vamos chegar lá em 2008, numa outra crise sistêmica do modelo, essa mais avassaladora, e de lá para cá em um sistema que, durante 14 anos, manteve as taxas de juros, notadamente nos EUA, administradas “para baixo”, tornando a tomada de capital barata e, aparentemente, sem custo alto ou risco maior aparente. É como se fosse mais caro não tomar investimentos, do que o contrário. 

O resultado é uma distorção dos valores e preços dos ativos, descolados de uma realidade de livre mercado e ancorados por regras administradas de gestão financeira centralizada. 

E o efeito é um modelo clássico, que todos conhecemos, de boom e bust. Veja gráfico abaixo. 

(Reprodução/Reprodução)

Inflação é o resultado mais óbvio de todo esse processo e, para contê-la, o FED deve seguir subindo a até pelo menos 5% o custo do dinheiro. Ou seja, para conter uma inflação promovida pelo próprio modelo regulatório de estímulo ao endividamento e a uma acelerada liquidez, em que o preço dos ativos distorce os sinais vitais da economia, são aplicados em iniciativas não necessariamente produtivas ou lucrativas, e aviltam o valor do dinheiro. E, portanto, do próprio capitalismo em si. 

Vivi o boom da internet, antes do bust, no final da década de 1990. Eu era General Manager de um portal que quebrou na bolha de 2000, chamado Starmedia. Havia uma frase corrente na época …” money is not na issue”. 

Como assim? Money is always THE issue. 

Nos últimos anos, a liquidez do mercado foi a norma. As distorções que citei acima idem.  

Agora,  a retração fez com que esses ativos excessivamente ( e indevidamente) expostos a riscos e inconsistências voltassem pra casinha. E viraram dry powder. Recursos, capital, investimentos, trancados nos cofres dos investidores. Que sairão à luz do dia quando a inflação dos EUA der sinais de controle. Isso vai acontecer ainda este ano. No máximo, início do ano que vem. 

E aí, sabe o que? Boooooooooooommmm!!! All over. And over again.  

Esta é apenas uma análise ligeira, mas vamos também, ligeiramente, pensar numa alternativa: uma economia descentralizada e aberta, em que o supply chain financeiro fosse todo tokenizado e gerido sobre blockchain e os ativos fossem todos digital assets. Apenas imagine. 

O Pipeline Capital Investment Group vai lançar, em breve, um white paper sobre tudo isso e um pouco mais, em que define (e defende) um novo olhar para a macroeconomia e para o mercado de investimentos. Aguarde.